segunda-feira, setembro 30, 2019

VIGILÂNCIA MASSIVA E AS PROVAS DE UM CRIME CONVENIENTE…

«Penso muitas vezes no chamado «momento atómico» - uma expressão que em física descreve o momento em que um núcleo atrai os protões e neutrões que giram à sua volta num átomo, mas que é popularmente compreendida como significando o advento da era nuclear, cujos isótopos permitiram progressos na produção de energia, na agricultura, na potabilidade da água e no diagnóstico e tratamento de doenças mortais. E também criou a bomba atómica.
«A tecnologia não tem um juramento de Hipócrates. Inúmeras decisões tomadas por tecnólogos na academia, na indústria, no aparelho militar e no governo desde pelo menos a Revolução Industrial foram-no com base no «podemos», não no «devemos». E a intenção que impulsiona a invenção tecnológica raras vezes, se alguma, limita a sua aplicação e uso.
«Não estou, como é evidente, a comparar as armas nucleares à cibervigilância em termos de custos humanos. Mas há aspectos comuns no que respeita aos conceitos de proliferação e desarmamento.
«Os únicos dois países que, tanto quanto sei, já tinham praticado a vigilância massiva foram esses outros grandes combatentes da Segunda Guerra Mundial – um inimigo da América, outro seu aliado. Tanto na Alemanha nazi como na Rússia soviética, as primeiras indicações públicas dessa vigilância massiva assumiram a forma na aparência inócua de um censo, a contagem oficial e o registo estatístico de uma população. O Primeiro Recenseamento Geral da União Soviética, em 1926, tinha um propósito escondido por detrás de uma mera contagem: perguntava aos cidadãos soviéticos qual era a sua nacionalidade. Os resultados convenceram os russo étnicos, que formavam a elite soviética, de que eram uma minoria quando comparados com as massas agregadas de cidadãos que se reclamavam de uma herança da Ásia Central, como os uzbeques, os cazaques, os tajiques, os turcomanos, os georgianos e os arménios. Esta descoberta reforçou a determinação de Estaline de erradicar essas culturas, «reeducando» as respectivas populações na ideologia desenraizadora do marxismo-leninismo.
«O censo da Alemanha nazi em 1933 tinha um projecto estatístico semelhante, mas dessa vez com a ajuda de tecnologia de computadores. Os nazis queriam contabilizar a população do Reich para poderem controlá-la e purgá-la – sobretudo de judeus e ciganos – antes de dirigirem os seus mortíferos esforços para populações além-fronteiras. Para o conseguir, o Reich fez uma parceria com a Dehomag, uma subsidiária alemã da IBM americana, que detinha a patente do tabulador de cartões perfurados, uma espécie de computador analógico que contava furos feitos em cartões. Cada cidadão era representado por um cartão, e determinados furos nos cartões representavam determinados marcadores de identidade. A coluna 22 tratava da rubrica religião: o furo 1 era protestante, o furo 2 católico e o furo 3 judeu. Em 1933, os nazis ainda viam os judeus não como uma raça. Pouco depois deste censo a informação foi usada para identificar e deportar os judeus da Europa para os campos de extermínio.
«Um único “smartphone” de um modelo vulgar tem mais poder de computação do que a soma de toda a maquinaria usada pelo Reich e pela União Soviética durante a guerra. Ter isto em conta é a maneira mais segura de contextualizar não só a actual predominância tecnológica da CI americana, mas também a ameaça que representa para uma governação democrática. No século, ou quase, que passou desde esses esforços de arrolamento, a tecnologia fez progressos espantosos, mas não se pode dizer o mesmo das leis e dos escrúpulos humanos que poderiam restringi-la.
«Também nos Estados Unidos existe o censo, claro. A Constituição estabeleceu-o e consagrou-o como a contagem oficial da população de cada estado para determinar a respectiva delegação proporcional no Congresso. Era de certo modo um princípio revisionista, na medida em que os governos autoritários, incluindo a monarquia britânica que governava as colónias, sempre tinham usado o recenseamento como um método para calcular os impostos e saber quantos jovens podiam ser recrutados para as fileiras. O génio da Constituição foi redirigir o que sempre tinha sido um mecanismo de opressão para um fim democrático. O censo, que está oficialmente sob a jurisprudência do Senado, devia ser feito de dez em dez anos, que era mais ou menos o tempo que demorava processar os dados de todos os que se seguiram ao primeiro, em 1790. Este intervalo de uma década foi encurtado pelo censo de 1890, que foi o primeiro em todo o mundo a usar computadores (os protótipos dos modelos que a IBM mais tarde venderia à Alemanha nazi). Com a tecnologia de computação, o tempo de processamento foi reduzido a metade.
«A tecnologia digital veio não só facilitar esta contabilidade – tornou-a obsoleta. A vigilância massiva é agora um censo interminável, muito mais perigoso do que qualquer questionário enviado pelo correio. Todos os nossos aparelhos, desde o telefone ao computador, são na essência recenseadores que transportamos nas nossas mochilas e nos nossos bolsos – recenseadores que se lembram de tudo e não perdoam nada.
«O Japão foi o meu momento atómico. Foi lá que compreendi o novo caminho que estas novas tecnologias estavam a tomar, e que se a minha geração não interviesse a escalada só podia continuar. Seria uma tragédia se, quando enfim resolvêssemos resistir, essa resistência já fosse fútil. A próxima geração teria de se habituar a um mundo onde a vigilância não seria qualquer coisa ocasional e directa em circunstâncias legalmente justificadas, mas uma presença constante e indiscriminada: o ouvido que tudo ouve, o olho que tudo vê, uma memória que não dorme nem faz pausas.
«Uma vez que a ubiquidade da recolha fosse combinada com a permanência do armazenamento, tudo o que qualquer governo teria de fazer seria seleccionar uma pessoa ou um grupo de pessoas como bode expiatório e ir procurar – como eu tinha ido procurar nos arquivos da agência – provas de um crime conveniente.»
(In “Vigilância Massiva Registo Permanente”, de Edward Snowden, Grupo Planeta, págs. 223 a 226)
- Victor Rosa de Freitas –

sábado, setembro 28, 2019

O VERDADEIRO EFEITO PLACEBO…

«Outrora, no Japão, viveu um monge budista chamado Kuya que amava viajar e recitar o nome de Buda Amitabha, para ensinar o budismo às pessoas. Também pavimentou ruas, construiu pontes, restaurou e construiu templos, e, por isso, era muito respeitado.
«Um dia, espalhou-se uma epidemia pelo Japão. Quem contraía a doença tinha febre alta e morria. Muitos daqueles que não haviam contraído a doença também morriam, pois acreditavam ter sido infetados. As pessoas estavam assustadas e confusas.
«Kuya tinha consciência do pânico generalizado. Assim, todos os dias, enchia um barril de sumo de ameixa azeda e ia, pelas ruas, a apregoar: «Sumo de ameixa azeda sumo de ameixa azeda! Consegue curar a sua doença e prevenir que fique doente!» Como todos o respeitavam e confiavam nele, as pessoas saíam para ir buscar algum sumo de ameixa.
«Kuya levou, pessoalmente, a bebida àqueles que acreditavam estar doentes, dizendo: «Vai sentir-se melhor depois de beber isto.» E depois de a pessoa beber, dizia-lhe: «Estás curado.» Nesse momento, as pessoas levantavam-se da cama e movimentavam-se, afirmando, confiantes: «Eu não estou e não vou estar infetado!»
«Àqueles que tinham, realmente, contraído a doença, Kuya dizia: «Relaxe e tenha fé, e vai recuperar.» Recitava-lhes o nome de Buda Amitabha e instruía-os para eles próprios o recitarem. Alguns bebiam o sumo de ameixa azeda durante quatro ou cinco dias e, miraculosamente, recuperavam.
«O sumo de ameixa azeda de Kuya curou muitas pessoas e contribuiu grandemente para o fim da epidemia. Todos acharam que fora verdadeiramente incrível. Perguntaram-lhe:
« - Porque é que o seu sumo de ameixa azeda foi tão eficaz no tratamento da epidemia? O sumo de ameixa azeda pode mesmo curar doenças?
«Kuya respondeu, com um sorriso:
« - É a panaceia para a doença psicológica.
«As pessoas não compreendiam o que ele queria dizer e perguntaram novamente:
« - É assim tão maravilhoso?
« - A bebida não tem qualquer efeito terapêutico real – elucidou Kuya. – O verdadeiro remédio foi a concentração e a fé de cada um.
…xxx…
«Kuya tratou todos de forma gentil e sincera, e todos retribuíam com confiança e respeito. Assim, construiu uma imagem inabalável na mente das pessoas, que acreditavam nas suas palavras e eram induzidas a sentir fé verdadeira.
«Aqueles que creditavam estar doentes recuperaram a confiança e a saúde após beberem o sumo de ameixa azeda. Por outro lado, aqueles que realmente tinham a doença receberam líquidos suficientes para combaterem a febre, ao beberem o sumo, que, além disso, continha componentes que ajudavam a combater o vírus. A estes doentes, era-lhes também dito para terem uma fé firme, e, assim, foram capazes de recuperar rapidamente. Isto é a prova da máxima: «Se te concentrares, consegues ser sincero. Se fores sincero, o teu desejo será concedido».»
(In “CONTOS ORIENTAIS DE UM MESTRE ZEN”, Editora SELF, págs. 93 a 95)
- Victor Rosa de Freitas –

NÃO NOS SUBESTIMEM…

«Não me lembro muito bem do liceu porque passei uma boa parte dele a dormir, para compensar as minhas noites insones diante do computador. Na Arundel High, a maior parte dos professores não se opunha ao meu habitozinho de fazer uma soneca e deixava-me em paz desde que não ressonasse, mas mesmo assim havia uns quantos, sorumbáticos e cruéis, que julgavam ser seu dever acordar-me – com guinchos de giz ou bater de apagadores e emboscar-me com uma pergunta:
« - Que lhe parece, senhor Snowden?
«Eu levantava a cabeça da mesa, sentava-me direito na cadeira, bocejava e, enquanto os meus colegas tentavam abafar o riso – tinha de responder.
«A verdade é que adorava aqueles momentos, que se contavam entre os maiores desafios que o liceu tinha para me oferecer. Adorava ser posto na berlinda, zonzo de sono, com trinta pares de lhos e ouvidos postos em mim à espera de assistir ao meu falhanço, enquanto eu procurava uma pista no quadro meio vazio. Se conseguisse pensar suficientemente depressa para me sair com uma boa resposta, era uma lenda. Mas se fosse demasiado lento, podia sempre recorrer a uma piada – nunca é demasiado tarde para uma piada. No pior dos casos, tartamudeava qualquer coisa, e os meus colegas pensavam que eu era estúpido. Deixá-los pensar. Devemos sempre deixar que as pessoas subestimem. Porque, quando as pessoas subestimam a nossa inteligência e capacidades, estão só a destacar as suas vulnerabilidades – os enormes buracos na sua capacidade de julgamento que têm de permanecer abertos para que depois possamos passar através deles num cavalo flamejante, repondo a verdade com a espada da justiça.»
(In “Vigilância Massiva Registo Permanente”, de Edward Snowden, Grupo Planeta, págs. 81 e 82)
- Victor Rosa de Freitas –

terça-feira, setembro 24, 2019

A INDIGNAÇÃO DO DR. FREITAS…

Afinal, com que LEGITIMIDADE é que os filhos de puta dos CORRUPTOS, LABREGOS e INCONSCIENTES da “justiça” portuguesa me INSULTARAM (e INSULTAM, enquanto não forem REVOGADOS os INSULTOS)?....
Volto a REPETIR:
No quadro do pretenso CONTRATO SOCIAL que rege a sociedade portuguesa, NUNCA dei o meu CONSENTIMENTO para que os filhos de puta dos CORRUPTOS, LABREGOS e INCONSCIENTES da “justiça” portuguesa fizessem apreciações “oficiais” sobre a minha pessoa, muito menos enquanto MAGISTRADO…
MAS NÃO!...
Os filhos de puta dos CORRUPTOS, LABREGOS e INCONSCIENTES da “justiça” portuguesa quiseram defender a “honra” de um NAZI, quiseram defender a “honra” de um FASCISTA “importante” dentro da “justiça” portuguesa!...
Estou INDIGNADO!...
NÃO ODEIO ninguém…
Mas QUERO JUSTIÇA!...
Estes INSULTOS já duram há cerca de DEZANOVE anos!...
É tempo de serem REVOGADOS…
E de me pedirem DESCULPAS!...
Assim manifesto a minha INDIGNAÇÃO!...
Designadamente perante as PESSOAS DE BEM…
Que SEI que ainda EXISTEM....
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

segunda-feira, setembro 23, 2019

«VIAGEM AO ENCONTRO DE DEUS»…

«Um jovem que estava de partida para uma viagem, cruzou-se com um ancião à saída da sua aldeia. Quando o mestre lhe perguntou para onde partia, respondeu que ia ao encontro de Deus e que a sua viagem era para Jerusalém.
« - Meu rapaz, não gastes o teu tempo e dinheiro a procurar Deus no lugar errado, vai para casa e medita. – Após uma pausa ao ver o desânimo na expressão do jovem, o sábio continuou – Fica tu sabendo que Deus nunca viveu nesse lugar construído pelo homem. Mas fica também sabendo que Deus vive no coração de cada um de nós desde o dia em que fomos criados. Vai para casa e medita. E encontrarás Deus no teu coração.»
…xxx…
«Por vezes acreditamos que precisamos de procurar longe daquilo que na verdade está tão perto de nós. A nossa mente turva-se com aquilo que é acessório, em lugar de valorizar o que de facto é importante. Não é o lugar que importa, mas sim o que temos dentro de nós.»
(In “CONTOS ORIENTAIS DE UM MESTRE ZEN”, de Editora SELF, págs. 38 e 39)
- Victor Rosa de Freitas –

sexta-feira, setembro 20, 2019

PARA ALÉM DO BEM E DO MAL, EM ESPINOSA…

«Espinosa inicia uma verdadeira revolução coperniciana da consciência moral: a verdadeira moral não consiste já em procurar seguir as regras exteriores, mas em compreender as leis da natureza universal e da nossa natureza singular, a fim de aumentar a força para agir e a alegria – e é assim fazendo que seremos mais úteis aos outros. Não é curvando a espinha a pretexto de prescrições morais e religiosas, mas aumentando a nossa força pessoal, orientada pela razão, que estaremos mais certos de agir de maneira boa para nós mesmos e que seremos úteis aos outros. «Agir virtuosamente», escreve Espinosa, «não é em nós outra coisa senão agir, viver, conservar o ser sob a orientação da Razão, e isto segundo o princípio da procura da utilidade própria». À moral tradicional, assente em categorias transcendentes de bem e de mal, Espinosa contrapõe uma ética assente na busca racional e pessoal do bom e do mau. O homem virtuoso já não é aquele que obedece à lei moral ou religiosa, mas aquele que discerne o que aumenta a sua força para agir. Ao passo que o homem da moral tradicional se comprazerá em sentimentos que diminuem a sua força vital (tristeza, remorso, receio, culpabilidade, pensamento sobre a morte), o homem ético de Espinosa apenas procura o que fortalece em si mesmo a potência vital. Vira resolutamente as costas à tristeza e a todos os sentimentos mórbidos, para se dedicar a fazer crescer a verdadeira alegria.
«(…)
«Espinosa vai ainda mais longe e decide demonstrar que a ética visa a libertação do ser humano da servidão voluntária, a do seu apego às paixões: «Chamo servidão à incapacidade que o homem tem de governar e refrear as paixões. Com efeito, o homem submetido aos sentimentos não é senhor se si, mas depende da fortuna, sob cujo poder se encontra, de tal modo que é muitas vezes forçado a seguir o pior, apesar de ver nele o que é melhor para si». A ética de Espinosa não traz consigo nenhuma injunção moral - «tu deves», «é preciso» -, antes nos propõe que adquiramos um discernimento pessoal face às causas dos nossos sentimentos, a fim de crescermos em força, liberdade e alegria. Como não se cansa de repetir, «os homens têm, de facto, consciência das suas ações e apetites, mas são ignorantes quanto às causas por que são determinados a desejar uma coisa». É por não terem compreendido que a salvação e a felicidade verdadeiras implicam um questionamento racional da vida interior e da afetividade que os seres humanos inventaram a lei religiosa e a moral laica do dever, que repousam ambas numa ordem exterior inexplicável. «O homem comum é incapaz de perceber as verdades que têm alguma profundidade», escreve Espinosa numa carta a Willem van Blyenbergh. «Estou convencido de que é por isso que as prescrições reveladas por Deus aos profetas como indispensáveis à salvação foram consignadas sob a forma de leis.» Reconforta-nos pensar que agimos de maneira boa porque obedecemos à lei moral, que se nos impõe de maneira transcendente. Isso é confortável, pois impede-nos de refletir e compreender a importância de procurar no interior de nós mesmos o que é conveniente fazer. Não por meio de um imperativo categórico de tipo kantiano, que permanece indemonstrável – a minha consciência dita-me a lei moral universal -, mas por meio de uma observação minuciosa de nós mesmos, o que nos permite discernir aquilo que é bom e aquilo que é mau para nós, e portanto ter um comportamento adequado, o qual, por ser regulado pela razão, não seria passível de prejudicar os outros. A ética imanente e racional do bom e do mau substitui assim a moral transcendente e irracional do bem e do mal. Uma paixão não é doravante apresentada e censurada como um vício, tal como sucede na teologia cristã ou na moral clássica, mas como um veneno e uma escravatura. A ética espinosista consiste em passar da impotência à potência, da tristeza à alegria, da servidão à liberdade.»
(In “O MILAGRE ESPINOSA”, de Frédéric Lenoir, QUETZAL, págs. 156 e 157 e 158 e 159)
BREVE COMENTÁRIO MEU:
A ética de Espinosa reforça o apelo que, recorrentemente, tenho feito de que todos e cada um devem ter acesso ao CONHECIMENTO, à CONSCIÊNCIA e à SABEDORIA.
Para que todos e cada um possam ser LIVRES.
- Victor Rosa de Freitas –

quinta-feira, setembro 19, 2019

“O MILAGRE ESPINOSA” - UM LIVRO MARAVILHOSO…

«Numa linguagem clara, atraente, nada académica, este livro mostra-nos o que podemos aprender com Espinosa, o filósofo cuja família teve de fugir de Portugal para escapar às malhas da Inquisição.»
«Espinosa dedicou a sua vida à filosofia. Com que objetivo? Descobrir «o gozo de uma alegria suprema e incessante». Construiu uma obra inovadora: em meados do século XVII, foi o precursor do Iluminismo e das nossas democracias modernas, bem como da aliança entre liberdade e razão. Espinosa não esteve apenas muito à frente do seu tempo – mas também do nosso: foi o pioneiro de uma leitura histórica e crítica da “Bíblia”, o fundador de uma «psicologia das profundezas», o grande mestre da filologia, o criador da sociologia e da etologia – e, acima de tudo, o inventor de uma filosofia baseada no desejo e na alegria, que alterou radicalmente a nossa ideia de Deus, de moralidade e destino. O livro é um relato dos ensinamentos do filósofo, aplicados à nossa vida e à nossa busca da felicidade. É esse o milagre de Espinosa.»
(Na CONTRACAPA)
(“O MILAGRE ESPINOSA”, de Frédéric Lenoir, QUETZAL)
BREVE COMENTÁRIO MEU:
Trata-se, sem dúvida, de um livro MARAVILHOSO.
Toda a conceção de Deus e do Homem de Espinosa são uma verdadeira “revolução” no pensamento da Humanidade, por parte de um homem avançado séculos em relação ao seu tempo.
Como afirmou Albert Einstein, quando lhe perguntaram se acreditava em Deus: «Creio no Deus de Espinosa, que se revela na harmonia de tudo o que existe, mas não num Deus que se preocupe com o destino e com os atos dos seres humanos.»
Um livro que recomendo a todos.
- Victor Rosa de Freitas –

quarta-feira, setembro 18, 2019

MAIS APOFTEGMAS DO DR. FREITAS…

A Bíblia é um conjunto de livros que encerram muita SABEDORIA, mas que defendem uma “teologia” muito fraca, QUE FEZ, E FAZ, muito mal à HUMANIDADE…

Com a AGRAVANTE de tais livros serem considerados, por muitos, como as “SAGRADAS ESCRITURAS” ou “A PALAVRA DE DEUS”…
- Victor Rosa de Freitas –

APOFTEGMAS DO DR. FREITAS…

A MALDADE humana não passa de IGNORÂNCIA e de energias MAL DIRIGIDAS…
- Victor Rosa de Freitas –

terça-feira, setembro 17, 2019

Uma pausa na caminhada noturna, em 16.09.2019...


segunda-feira, setembro 16, 2019

O HOMEM É (AINDA) UMA CRIANCINHA IGNORANTE…

É VERDADE!...
O HOMEM é (ainda) uma criancinha IGNORANTE…
Procura resolver o MISTÉRIO do DESCONHECIDO…
E o que FAZ?...
IMAGINA e INVENTA um DEUS que nada tem que ver com a REALIDADE…
E, diz o HOMEM, esse DEUS é INJUSTO (não deu a IMORTALIDADE ao HOMEM) e pratica o MAL (não é verdade que deixa MORRER criancinhas INOCENTES e que deixa os Homens MATAREM-SE uns aos outros?)…
Que FAZ, então, o HOMEM?...
REVOLTA-SE contra tal “deus” INJUSTO e que pratica o MAL…
É a sua revolta METAFÍSICA…
E MATA esse “deus”…
Com DEUS morto, «tudo é possível» - como afirmou Dostoiévski…
E o HOMEM perde todos e quaisquer VALORES morais…
E, para se “vingar” de DEUS (apesar de já o ter MORTO), o HOMEM abraça e pratica o MAL…
Digam-me lá agora, os meus queridos LEITORES:
É ou NÃO verdade que o HOMEM (ainda) é uma criancinha IGNORANTE?...
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

domingo, setembro 15, 2019

UTOPIA...


O HOMEM REVOLTADO…

«O que é um homem revoltado? Um homem que diz não. Recusa, mas não renuncia: é também um homem que diz sim, desde o seu primeiro movimento. Um escravo, que recebeu ordens durante toda a vida, de repente considera inaceitável mais uma nova obrigação. Qual o significado deste «não»?
«Significa, por exemplo, «as coisas duraram demasiado tempo», «até aqui, sim, mais além, não», «está a ir longe de mais», e ainda «há um limite que não poderá ser ultrapassado». Em resumo, esse «não» afirma a existência de uma fronteira. Encontramos a mesma ideia de limite neste sentimento do revoltado, de que o outro «exagera», que estende o seu direito para além de uma fronteira a partir da qual um outro direito lhe faz frente e o limita. Deste modo, o movimento de revolta apoia-se, simultaneamente, sobre a recusa categórica de uma intromissão julgada intolerável e sobre a certeza confusa de um direito justo – mais exatamente, no caso do revoltado, uma sensação de que há um «direito de…». A revolta não existe sem o sentimento de ter, de algum modo e em algum lugar, razão. É por isso que o escravo revoltado diz, em simultâneo, sim e não. Ao mesmo tempo que defende a fronteira, defende tudo aquilo que pressente e quer preservar aquém da fronteira. Demonstra, com obstinação, que há nele alguma coisa que «vale a pena», que pede que lhe prestemos atenção. De certo modo, opõe à ordem que o oprime uma espécie de direito a não ser oprimido para além do que ele pode admitir.
«Tal como é repentina a repulsa em relação a um intruso, também na revolta existe uma afirmação completa e imediata do homem a uma parte de si próprio. Ele faz intervir, implicitamente, um juízo de valor, nada gratuito, pois é aquilo que o sustenta no meio dos perigos. Até então, o máximo que fazia era ficar calado, abandonado àquele desespero no qual se aceita uma condição, ainda que a julguemos injusta. Calar-se é deixar crer que não julgamos nem desejamos nada e, em certos casos, é de facto um não desejar nada. O desespero, como o absurdo, julga e deseja tudo em geral, e nada em particular. É o silêncio que o traduz bem. Mas a partir do momento em que fala, mesmo dizendo não, deseja e julga. O revoltado, no seu sentido etimológico, faz uma reviravolta. Marchava ao ritmo do chicote do senhor. Ei-lo agora que lhe faz frente. Opõe o que é preferível ao que não o é. Nem todo o valor implica revolta, mas todo o movimento de revolta invoca tacitamente um valor. Será que se trata, pelo menos, de um valor?
«Ainda que possa ser confusa, do movimento de revolta nasce uma tomada de consciência: a perceção, de repente gritante, de que existe no ser humano alguma coisa com a qual ele pode identificar-se, mesmo que temporariamente. Até agora, essa identificação não era verdadeiramente sentida. Todas as violências anteriores ao movimento de insurreição, era o escravo que as sofria. Muitas vezes terá recebido, sem reagir, ordens mais revoltantes do que aquela que agora desencadeou a sua recusa. Enchia-se de paciência, talvez em si as rejeitasse, mas, como se calava, estaria ainda mais preocupado com o seu interesse imediato do que consciente dos seus direitos. Com a perda da paciência, com a impaciência, pelo contrário, tem início um movimento que pode estender-se a tudo aquilo que anteriormente era aceite. Este impulso é quase sempre retroativo. O escravo, no instante em que rejeita a ordem humilhante do seu superior, rejeita ao mesmo tempo o próprio estado de escravidão. O movimento de revolta leva-o mais longe do que a simples recusa em que se encontrava. Chega mesmo a ultrapassar o limite que fixara ao seu adversário, exigindo agora ser tratado como igual. O que, primeiramente, era uma resistência irredutível característica do homem, transforma-se no próprio homem, agora completamente identificado com ela e que a ela se resume. Ele coloca acima de tudo essa parte de si que quer fazer respeitar, e considera-a preferível a tudo, mesmo à própria vida. Torna-se para ele o bem supremo. Anteriormente preso num compromisso, o escravo atira-se, repentinamente («já que é assim…»), para o Tudo ou Nada. A consciência emerge com a revolta.
«Mas percebemos que ela é, ao mesmo tempo, consciência de um «tudo», ainda bastante obscuro, e de um «nada» que anuncia a possibilidade de sacrifício do homem a esse tudo. O revoltado quer ser tudo – identificar-se totalmente com esse bem de que, de repente, tomou consciência, e que deseja ver reconhecido e saudado na sua pessoa – ou ser nada, isto é, ver-se definitivamente expulso pela força que o domina. No limite, aceita a expulsão última, que é a morte, se tiver de ser privado dessa consagração exclusiva, a que chamará, por exemplo, a sua liberdade. Antes morrer de pé do que viver de joelhos.»
(In “O Homem Revoltado”, de Albert Camus, Livros do Brasil, págs. 27 a 29)
- Victor Rosa de Freitas –

sábado, setembro 14, 2019

VADIAGEM CONSCIENTE EM FERNANDO PESSOA - O ORTÓNIMO…

«(…)
«Desejo explicar a V.ª Ex.ª e aos snrs. Jurados os altos princípios sociológicos em que fundamento a minha vadiagem consciente, que não é mais que a minha filosofia de vida.
«É certo que nem todos podem ser vadios e pedintes. As almas raras, porém, serão sempre poucas. Quando se estabeleceu a regra cristã, não creio (a não ser que Deus esteja pouco informado sobre o que é o mundo) que se julgasse que a Humanidade ia toda dedicar-se à pobreza, à humildade, à castidade, e aos outros princípios idênticos, que são a forma humana do Cristianismo. Indicaram-se porém esses princípios como regra de salvação, e quem quisesse salvar-se se salvasse, guiando-se por eles. E o mesmo Evangelho, que os indica, nos ensina que muitos serão chamados e pouco escolhidos; o que quer dizer que poucos seguirão a regra e a lei.
«Não tenho, ao contrário de toda a filosofia moderna, pretensões de ser superior ao Cristianismo. Contento-me com a sua atitude social. Promulgo a lei da vadiagem e a regra do ócio ambulante, mas sei bem que as seduções do mundo evitarão a quase todos de seguir-me. Também se a Humanidade seguisse as regras cristãs acabaria, porque, se o desprezo dos bens e coisas do mundo aniquila a vida social, a castidade aniquila a própria continuação da vida humana.
«(…)
«s/d
«O mendigo e outros contos, pp. 104-105»
(In “FERNANDO PESSOA - TEXTOS ATEÍSTAS ANTIRRELIGIOSOS E ANTICATÓLICOS”, Organização, Prefácio e Anotações de Victor Correia, Edições Colibri, pág. 103)
- Victor Rosa de Freitas –

quinta-feira, setembro 12, 2019

«O BOM FASCISTA TEM MESMO SAUDADES»…

«O bom fascista tem saudades do tempo dourado em que era amigo do senhor Velez, que trabalhava na António Maria Cardoso (onde agora é um condomínio, e parece que tem as condições todas, até sauna & “j’accuse”). E ai de quem chateasse o bom fascista amigo do senhor Velez, bastava murmurar umas palavras ao senhor Velez, por vezes ele até pagava com bilhetes para o clássico e, ala, assunto resolvido. Toma que já levaste. Era uma limpeza.
«E mesmo que não fossem presos apanhavam um susto. Era de morrer a rir.
«O bom fascista tem saudades do tempo em que uma pessoa podia gozar com os maricas à vontade. E se fossem tentar queixar-se à polícia era ainda pior, na esquadra até riam. Não havia cá paneleirices para ninguém.
«E os pretos em África andavam direitinho. Piavam fininho. Só subiam ao centro da cidade para trabalhar, quase nem se viam (naquela altura não havia muitos em África, eram poucochinhos, não é como agora). Se eram apanhados na zona branca da cidade eram investigados – o que diabo estavam a fazer ali, acaso tinham permissão, autorização de trabalho? Se não tivessem documentos ou fosse necessária mão de obra para alguma construção, levavam-se presos uns quantos, a trabalharem em regime forçado e sem paga (pois se estavam presos – tinham três refeições por dia, cama, não pagavam luz, ainda iriam ter salário?) durante uns meses, até a obra acabar. E só lhes fazia bem. Civilizava-os. Ah, quem é amigo, quem é?
(In “MANUAL DO BOM FASCISTA”, de Rui Zink, Ideias de Ler, pág. 70)
- Victor Rosa de Freitas –

domingo, setembro 08, 2019

SENTENÇAS POLÍTICAS DO DR. FREITAS…

A classe política não existe para ESCLARECER o povo…
A classe política existe para CONFUNDIR e BARALHAR o povo…
Para o DIVIDIR e REINAR…
Julgo – seriamente – que a GRANDE MAIORIA do povo não deu o seu CONSENTIMENTO a um tal pretenso CONTRATO SOCIAL que vigora na sociedade portuguesa…
QUE FAZER, ENTÃO?...
DESOBEDIÊNCIA CIVIL – no sentido que lhe foi dada por Henry THOREAU, isto é, de MOVIMENTO POPULAR que se não subjuga a este ESTADO (de coisas)…
Há que não OUVIR o “ladrar” dos políticos…
Há que IGNORÁ-LOS completamente…
Há que – por todos e cada um – procurar o CONHECIMENTO, a CONSCIÊNCIA e a SABEDORIA…
E VIGIAR os ATOS da classe política…
E que todos e cada um se PREPAREM para SABER GOVERNAR…
Só “assim” haverá IGUALDADE entre GOVERNANTES e GOVERNADOS…
E IGUALDADE de CIDADANIA…
ENFIM, IGUALDADE POLÍTICA – no sentido ARISTOTÉLICO…
Só “assim” poderá haver verdadeira DEMOCRACIA!...
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

quinta-feira, setembro 05, 2019

DENÚNCIAS DO DR. FREITAS,,,

Já fui CRIMINOSAMENTE ofendido e maltratado, na minha DIGNIDADE, LIBERDADE, HONRA e HONESTIDADE, pela PROSTITUTA e CORRUPTÍSSIMA “justiça” portuguesa…
No pretenso CONTRATO SOCIAL que vigora na SOCIEDADE portuguesa, nunca dei o meu CONSENTIMENTO para ser “julgado” por CORRUPTOS…
Ou seja, os CORRUPTOS da “justiça” portuguesa não têm LEGITIMIDADE para me “julgarem”…
Mas esta PROSTITUTA CORRUPTA detém o “poder”…
E, dentro das regras deste, não deixo de LUTAR…
E esta LUTA passa por estas DENÚNCIAS…
Porque esta PROSTITUTA CORRUPTA reclama uma “legitimidade” que NÃO TEM…
O que tem, SEMPRE, de ser dito e denunciado…
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

terça-feira, setembro 03, 2019

SENTENÇAS E APELO POLÍTICO DO DR. FREITAS…

O paradigma CULTURAL e POLÍTICO do pretenso CONTRATO SOCIAL da sociedade em que vivemos não tem o meu CONSENTIMENTO…
Não me venham, com a CONVERSA de que, por ser cidadão VOTANTE, consenti, algures, no referido CONTRATO SOCIAL…
Quando nasci, encontrei a sociedade já assim…
E o 25 de ABRIL não pediu a minha opinião nem o meu consentimento…
Nesta data, saiu-se duma DITADURA, para entrar em “democracia”…
O que foi um grande AVANÇO…
Mas definiu-se uma CULTURA POLÍTICA com a qual não concordo…
Falta, a meu ver, COMBATER a FRAUDE que é o SISTEMA BANCÁRIO e FINANCEIRO....
Falta, ainda, a meu ver, uma CULTURA HUMANISTA e ESPIRITUAL de ALIMENTAÇÃO de todos e cada um, a nível FÍSICO e de EVOLUÇÃO ESPIRITUAL – e não apenas de LIBERDADE para o LUCRO…
Falta, também, oferecer, a todos e cada um, um SENTIDO para a VIDA de acordo com a VERDADE…
Não uma “verdade” IMPOSTA, mas aceite, pela EVIDÊNCIA…
EVIDÊNCIA adquirida, por todos e cada um, através do acesso ao CONHECIMENTO, à CONSCIÊNCIA e à SABEDORIA…
Sempre em LIBERDADE!...
Não concordo, pois, genericamente, com as LEIS que o PODER POLÍTICO faz…
Nem lhes devo OBEDIÊNCIA…
Muito menos SUBMISSÃO…
Apenas OBEDEÇO à MINHA CONSCIÊNCIA…
E esta, porque ESCLARECIDA, não comete CRIMES…
O resto NÃO é da CONTA desta SOCIEDADE…
Nem do pretenso CONTRATO SOCIAL que a rege…
APELO, pois, a que se faça DESOBEDIÊNCIA CIVIL ao pretenso CONTRATO SOCIAL que VIGORA…
E que todos e cada um adiram a estas PROPOSTAS POLÍTICAS…
Em que todos e cada um se REVEEM…
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

segunda-feira, setembro 02, 2019

ANEDOTA…

Diz o crente para o padre:
- Sr. padre: mal acordo, de manhã, e ouço uma voz a dar-me ordens… Será que estou possuído?
Responde o padre:
- Não, meu filho. O que tu estás é casado!,,,

AINDA MAIS SENTENÇAS DO DR. FREITAS…

Os LIBERAIS afirmam o valor da LIBERDADE…
E que todos e cada um a devem usar para buscar o LUCRO…
Que trará a maior FELICIDADE a todos e cada um…
Porém, EU DIGO:
Defendamos todos e cada um a LIBERDADE…
E usemo-la, não para obter LUCRO…
Mas antes para ALIMENTAR todos e cada um…
O resto será para usar na busca da LIBERTAÇÃO ESPIRITUAL de todos e cada um…
A LIBERDADE usada para ALIMENTAR o corpo e alimentar o ESPÍRITO…
Eis a RAZÃO da existência de todos e cada um de nós…
Sou, pois, defensor do LIBERALISMO físico e ESPIRITUAL…
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

domingo, setembro 01, 2019

MAIS SENTENÇAS DO DR. FREITAS…

Chega de procurar soluções POLÍTICAS…
Chega de procurar soluções de ORGANIZAÇÃO SOCIAL…
Todos e cada um devem procurar soluções ESPIRITUAIS…
Todos e cada um devem procurar o CAMINHO para todos e cada um realizarem as suas POTENCIALIDADES de serem SÁBIOS…
Para SAIREM da RODA DE SAMSARA e ascenderem aos mais altos PLANOS ASTRAIS…
Em que todos e cada um serão SÁBIOS…
Capazes de criar o seu próprio corpo INCORRUPTO e IMORTAL…
Capazes de criar NOVOS MUNDOS e NOVAS INDIVIDUALIDADES…
Que um dia serão também SÁBIOS…
E criadores de NOVOS MUNDOS e de NOVAS INDIVIDUALIDADES…
E assim obtendo a SALVAÇÃO de todos e cada um…
Num ciclo “AD AETERNUM”…
Pois a vida terrena é apenas uma PASSAGEM…
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

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