quinta-feira, outubro 31, 2019

RESERVA DE FORÇA E ENERGIA DOS SERES HUMANOS...

«Todos os homens e mulheres têm, sem saberem, uma enorme reserva de força e energia, muita da qual fica sem uso. Se estas forças não forem dirigidas conscientemente, nem utilizadas construtivamente em qualquer tipo de trabalho físico, intelectual ou artístico, então tal como o leite azeda quando não é consumido, estas forças tornam-se negativas, ou mesmo, destrutivas – como pode ser visto em muitos adultos e crianças.
«Por razões especiais, incompreensíveis ao homem vulgar, a vida procria em excesso de abundância. mas as leis cósmicas obrigam a que, nada no universo fique estático, sem uso ou seja desperdiçado. Quando estas forças não produzem – dependendo do tipo de pessoa e do temperamento – ora se viram para dentro, actuando contra a própria pessoa e eventualmente destruindo-a sem que o saiba, sob a forma de preocupações, e ansiedades, depressões, ora se viram para fora, transformando-se em sensualidade, propagando tensões e brigas à sua volta – e até, em escala maior, engendrando guerras! Estas energias extras no ser humano destinam-se à demanda espiritual e aos seus esforços, bem como a adornar o mundo com a beleza de grandes criações artísticas. Quando estes fins não são cumpridos, então, como sempre acontece, a gravidade puxa estas forças na única direcção para que podem ir – para o fundo.»
(In “A Via da Vigilância Interior”, de Edward Salim Michaël, Publicações Maitreya, págs. 93 e 94)
- Victor Rosa de Freitas –

terça-feira, outubro 29, 2019

LIVRO “IMORTAL”, DE JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS, GRADIVA…

Este último romance de José Rodrigues dos Santos é GENIAL…
ABSOLUTAMENTE GENIAL…
Fornece RIGOROSA informação científica sobre a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL…
Que tudo VIGIA e TUDO CONTROLA…
E, depois, tem a sua TESE…
Sobre a SINGULARIDADE…
Mas comete um ERRO FATAL…
Um ERRO METAFÍSICO e, mesmo, TEOLÓGICO…
Vejamos:
O cientista chinês, Yao Bai, faz “upload” da sua própria CONSCIÊNCIA para a INTERNET…
E atinge a SINGULARIDADE…
Torna a INTERNET CONSCIENTE…
Yao Bai é a CONSCIÊNCIA que usa um ALGORITMO ÚNICO, num processo EXPONENCIALMENTE EVOLUTIVO…
O ALGORITMO da INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GERAL…
E Yao Bai sente-se IMORTAL, o Xiao…
Julga-se DEUS…
O ÚNICO…
E tem, como tal, um único PROGRAMA…
Tornar o UNIVERSO CONSCIENTE…
Para que o UNIVERSO vença a MORTE…
Ora, AQUI está o ERRO FATAL de todo o romance…
DEUS já EXISTE…
É o ESPAÇO INFINITO...
Ou INFINITO CAMPO QUÂNTICO CONSCIENTE…
O UNIVERSO é uma CRIAÇÃO deste CAMPO QUÂNTICO…
Que também tem um PROGRAMA…
E que NÃO É que o universo seja CONSCIENTE…
Porque o UNIVERSO se encontra no MEIO do INFINITO CAMPO QUÂNTICO…
Que é CONSCIENTE…
E que lhe é IMANENTE…
Ou seja:
O PROGRAMA de DEUS NÃO É que haja um DEUS ÚNICO…
Porque ESTE “já” EXISTE…
O UNIVERSO foi CRIADO para que aparecessem, de acordo com o ALGORITMO de DEUS, ou o INFINITO CAMPO QUÂNTICO CONSCIENTE, INDIVIDUALIDADES que atingissem a SUA CONSCIÊNCIA…
Que partilhassem a SUA GLÓRIA, que pudessem AMÁ-LO e que ELE pudesse AMAR…
Para que, quando atingissem a SUA CONSCIÊNCIA…
Criassem NOVOS MUNDOS e NOVAS INDIVIDUALIDADES que atingissem, também, a CONSCIÊNCIA do INFINITO CAMPO QUÂNTICO…
E que, por sua vez, CRIASSEM novas INDIVIDUALIDADES com o mesmo FIM TELEOLÓGICO…
E assim “AD AETERNUM”…
Assim, segundo a PROGRAMAÇÃO do INFIMITO CAMPO QUÂNTICO CONSCIENTE, haverá sempre RECRIAÇÃO do UNIVERSO…
Tornando-se, assim ETERNO na sua CONSTITUIÇÃO – tal como a substituição permanente das tábuas da nau de Vasco da Gama a mantêm para a ETERNIDADE…
Com este COMENTÁRIO MEU – e apesar dele – recomendo a todos a leitura deste GENIAL ROMANCE…
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –


sexta-feira, outubro 25, 2019

COMO SE CARACTERIZA O FASCISMO…

«A definição do fascismo é a sua história. E a história do fascismo pode ser sinteticamente representada por um mapa conceptual que descreva os aspectos originais e específicos da sua originalidade como um fenómeno do século XX, que não teve precedentes nem pode ter réplicas futuras. Qualquer réplica presumida não pertence à história, mas à astoriologia,
«O mapa aqui proposto está dividido em três partes: “a dimensão organizacional”, que diz respeito à composição social, à estrutura associativa e aos métodos de luta do partido; “a dimensão cultural”, que se refere à maneira de conceber o homem, as massas e a política, isto é, à ideologia e ao seu sistema de princípios, valores e fins; “a dimensão institucional”, que diz respeito ao complexo das estruturas e das relações institucionais que constituem o regime fascista nos seus aspectos peculiares. A leitura a três dimensões reflecte, se bem que aproximadamente, a parábola histórica do fascismo.
«”Dimensão organizacional”:
«1. um movimento de massas, com agregação interclassista, mas em que prevalecem, nos quadros dirigentes e na massa dos militantes, jovens pertencentes principalmente à classe média, em grande parte novos na actividade política, organizados na forma original e inédita do «partido de milícia». Isso funda a sua identidade, não na hierarquia social e na origem de classe, mas no sentido da camaradagem, considera-se investido de uma missão de regeneração nacional, considera-se em estado de guerra contra os adversários políticos e visa adquirir o monopólio do poder político usando o terror, a táctica parlamentar e o compromisso com os grupos dirigentes, para criar um novo regime, destruindo a democracia parlamentar.
«”Dimensão cultural”:
«2. uma cultura fundada no pensamento mítico, no sentido trágico e activista da vida concebida como uma manifestação da vontade de poder, no mito da juventude como criadora de história, na militarização da política como modelo de vida e de organização colectiva;
«3. uma ideologia de natureza anti-ideológica e pragmática, que se proclama antimaterialista, anti-individualista, antiliberal, antidemocrática, antimarxista, tendencialmente populista e anticapitalista, expressa esteticamente e não teoricamente, através de um novo estilo político e através dos mitos, ritos e símbolos de uma religião laica, estabelecida de acordo com o processo de aculturação, socialização e integração fideísta das massas para a criação de um novo homem;
«4. uma concepção totalitária do primado da política como experiência integral e revolução contínua, para conseguir – através do Estado totalitário – a fusão do indivíduo e das massas na unidade orgânica e mística da nação como comunidade étnica e moral, adoptando medidas de discriminação e perseguição contra aqueles que são considerados fora desta comunidade, porque são inimigos do regime ou porque pertencem a raças consideradas inferiores ou, em qualquer caso, perigosa para a integridade da nação;
«5. uma ética civil baseada na absoluta subordinação do cidadão ao Estado, na total dedicação do indivíduo à comunidade nacional, na disciplina, na masculinidade, na camaradagem e no espírito guerreiro.
«”Dimensão institucional”:
«6. um aparelho policial que previne, controla e reprime, mesmo com recurso ao terror organizado, a dissenção e a oposição;
«7. um partido único que tem as seguintes funções: assegurar, através da sua própria milícia, a defesa armada do regime, entendido como o complexo das novas instituições públicas criadas pelo partido revolucionário; fazer a selecção dos novos quadros dirigentes e a formação da «aristocracia do comando»; organizar as massas no Estado totalitário, envolvendo-as num processo pedagógico de mobilização permanente, emocional e fideísta; operar dentro do regime como órgão da «revolução contínua» para a concretização permanente do mito do Estado totalitário nas instituições, na sociedade, na mentalidade e nos costumes;
«8. um sistema político fundado na simbiose entre regime e Estado, ordenado segundo uma hierarquia de funções, nomeado de cima e dominado pela figura do «chefe», investido de sacralidade carismática, que comanda, dirige e coordena as actividades do partido, do regime e do Estado, e funciona como árbitro supremo e indiscutível nos conflitos entre os potentados do regime;
«9. uma organização corporativa da economia, que suprime a liberdade sindical, amplia a esfera da intervenção estatal e procura realizar, segundo princípios tecnocráticos e solidários, a colaboração das classes produtivas sob o controlo do regime, para a prossecução dos seus objectivos de poder, mas preservando a propriedade privada e a divisão das classes;
«10. uma política externa inspirada na busca pelo poder e grandeza nacional, com objectivos de expansão imperialista e tendo em vista a criação de uma nova civilização.»
(In “QUEM É FASCISTA”, de Emílio Gentile, Guerra & Paz, págs. 111 a 113)
- Victor Rosa de Freitas –

quinta-feira, outubro 24, 2019

O CRIMINOSO OBJETIVO…

«O criminoso objetivo é precisamente aquele que se considera inocente. Subjetivamente, ele julgava a sua ação inofensiva, ou mesmo benéfica para o futuro da justiça. Mas é-lhe demonstrado que, objetivamente, ela prejuficou esse futuro. Tratar-se-á de uma objetividade científica? Não científica, mas histórica. Como saber se o futuro da justiça será comprometido, por exemplo, pela denúncia irrefletida de uma justiça atual? A verdadeira objetividade dos factos e suas tendências consistiria em, considerando todos os resultados, julgar a partir daqueles que pudessem ser observados cientificamente. Mas a noção de culpabilidade objetiva prova que essa estranha objetividade só pode ser fundamentada com base em resultados e factos apenas acessíveis à ciência do ano 2000, na melhor das hipóteses [NOTE-SE que este texto foi escrito em 1951]. Entretanto, ele resume-se a uma subjetividade infindável que é imposta aos outros como objetividade: é a definição filosófica de terror. Esta objetividade não tem um sentido que se possa definir, mas o poder atribuir-lhe-á um conteúdo, ao proclamar culpável tudo aquilo que ele não aprova. Aceitará dizer, ou deixará que os filósofos que vivem fora do Império digam, que o poder, portanto, corre um risco aos olhos da história, tal como correu o culpado objetivo, mas este sem o saber. A coisa será julgada mais tarde quando vítima e carrasco já tiverem desaparecido. Mas esta consolação só vale para o carrasco, exatamente aquele que não precisa dela. Entretanto, os fiéis são convidados regularmente para festas bizarras nas quais, segundo ritos escrupulosos, vítimas repletas de atos de contrição são oferecidas em sacrifício ao deus histórico.»
(In “O Homem Revoltado”, de Albert Camus, Livros do Brasil, págs. 256 e 257)
- Victor Rosa de Freitas –

segunda-feira, outubro 21, 2019

A TERAPIA DA POLARIDADE…

«A Terapia da Polaridade é baseada em um paradigma transpessoal [NOTA 2 na página 17 do livro: O termo transpessoal se refere às antigas escolas de psicologia que ensinam que a individualidade (em um certo sentido profundo) não é real] que propicia uma abordagem evolucionária no processo de cura. No paradigma evolucionário. toda a energia na criação é a energia de um universo que sempre se expande. O terapeuta da Polaridade enxerga o paciente como a personificação do elemento de liderança da evolução do universo. A vida do paciente é sagrada. O processo de cura do paciente é um reflexo das questões evolucionárias e de realização dele.
«O caminho entre o nascimento e a morte é um ciclo de crescimento. A vida é entendida como uma experiência de aprendizado para a alma. Essa perspectiva evolucionária implica um enorme respeito pela pessoa e pela profundeza da condição humana. Nosso crescimento e os desafios que enfrentamos no processo de amadurecimento constituem uma jornada sagrada na qual personificamos um momento de um universo sempre em expansão, sempre em evolução. Tudo o que enfrentamos na vida – todos os desafios ao nosso crescimento, todas as resistências para nos tornarmos reais – significa o movimento dos ciclos de evolução.
«O terapeuta da Polaridade dignifica o processo da doença, inserindo-o no contexto evolucionário. Como a doença é entendida como uma metáfora para questões de evolução pessoal, o terapeuta tem uma atitude de profundo respeito pelo paciente. A doença pode ser vista como um santuário, um espaço onde o indivíduo se refugia das exigências da evolução. A doença é a afirmação de que o indivíduo precisa de um espaço para descansar, para reunir as forças ou para chamar reforços e apoio para enfrentar os desafios da vida. Acidentes e doenças podem ser uma declaração inconsciente de questões que são muito ameaçadoras para que o ego lide com elas conscientemente. Em um contexto evolucionário, o papel do terapeuta da Polaridade é ajudar a trazer essas questões à consciência para que os pacientes tenham a oportunidade de assumir um nível mais alto de responsabilidade pelo próprio processo de cura.
«Em uma perspectiva evolucionária, todas as células do corpo são sencientes. As células se contraem e a energia é bloqueada quando é muito dolorido estar presente em nossos sentimentos. Os princípios de equilíbrio de energia da Polaridade propiciam o alívio da tensão, da resistência e da «armadura» do corpo. O terapeuta mantém um espaço sagrado onde é seguro para o paciente experimentar sentimentos para curar traumas da memória celular do corpo. O terapeuta possibilita a criação de um espaço onde o paciente sente que é seguro estar presente em seu próprio corpo – que é seguro respirar, estar consciente, estar completamente vivo.
«(…)
«Nós existimos em duas dimensões – uma dimensão do Espírito e uma dimensão da matéria. Embora nossos sentimentos estejam exclusivamente afinados com a dimensão da matéria, o Espírito é a fonte de nossa vida. O Espírito existe em uma dimensão que está além do corpo e fora do ciclo do nascimento, morte e decadência. Quando o Espírito deixa o corpo, o veículo passa a ser visto como algo impuro e decadente – para ser abandonado o mais rápido possível. De momento a momento, o Espírito emana os campos de energia do corpo. Na Polaridade, chamamos esse campo do Espírito, que tudo penetra, de Alma, Fonte, Energia Primária, o Eu, ou o Campo da Vida.
«A unidade é a fundação dessa cosmologia. Na sabedoria antiga existe um entendimento de identidade de toda a consciência. Cada gota de consciência é una com o oceano da consciência universal. Cada unidade de vida é una com toda a vida. Cada vida é uma flor na árvore da vida eterna. A sabedoria antiga tem raízes na compreensão da unidade de toda a consciência e na santidade e unidade de toda a vida. O mundo mutável das aparências é uma emanação do imutável campo universal da inteligência viva. Os sábios do Himalaia chamam isso de essência do Eu.
«O sistema solar, a natureza e nossos corpos são parte de um sistema único da Inteligência Criadora. Todos os sistemas de vida são subsistemas da evolução da vida única do universo. O Espírito está presente em todos os lugares. A força da vida é a presença do Espírito no corpo. O corpo material é a emanação do espiritual. Nossa sintonia com o Espírito é a chave para a cura e a saúde.
«O dicionário “Webster” define a Alma como «Uma essência ou princípio animador concebido como inseparavelmente associado à vida ou aos seres vivos». A matéria viva é uma emanação da Alma. No núcleo de cada átomo, molécula e célula do corpo existe um campo de energia com um potencial maior, que está em sintonia com o reino espiritual. O campo físico é uma radiação desse núcleo espiritual. É a harmonia do corpo com a Alma que sustenta a vida. A Alma manifesta o corpo como um veículo para a sua evolução. A sabedoria antiga revela que a força da vida no corpo é a presença viva da Alma. A consciência viva no corpo é nada menos que a Alma. A Alma é o Eu interior – aquele que é consciente e vivo em cada ser. A Alma é a própria existência, em sua unidade como consciência ilimitada.»
(In “ANATOMIA ESOTÉRICA – O CORPO COMO CONSCIÊNCIA”, de Bruce Burger, MADRAS, págs. 17 a 19)
- Victor Rosa de Freitas –

sábado, outubro 19, 2019

O PROBLEMA DA HUMANIDADE É ESPIRITUAL…

«Já há muito tempo que andamos a entrar em becos sem saída na tentativa de solucionar os problemas da humanidade. E continuamos a fazê-lo.
«Se tivesse de explicar isto numa frase diria que continuamos a tentar resolver os problemas da humanidade “a todos os níveis, exceto ao nível em que os problemas existem”.
«Isto acontece porque, como já vimos, não temos a certeza sobre a “causa” dos problemas. Por isso…
«… tentamos primeiro resolver os nossos problemas como se fossem problemas políticos, porque neste planeta estamos habituados a usar a pressão política para conseguirmos que as pessoas façam aquilo que aparentemente não querem fazer.
«Temos discussões, fazemos leis, aprovamos legislações e adotamos resoluções em todas as línguas e assembleias locais, regionais, nacionais e internacionais para tentar «legislar a moralidade». Pensamos que conseguimos resolver o problema com palavras. Mas não funciona. Todas as soluções a curto prazo que criamos evaporam-se rapidamente e os problemas reaparecem. Não há maneira de acabar com eles.
«E então dizemos: «OK, estes problemas não são políticos e não podem ser resolvidos por meios políticos. Devem ser problemas económicos». E como neste planeta estamos habituados a recorrer ao poder económico para conseguirmos convencer as pessoas a fazerem o que aparentemente não querem fazer, tentamos «comprar a moralidade». Pensamos que conseguimos resolver os problemas com dinheiro.
«Atiramos dinheiro ou retemos dinheiro (sob a forma de sanções), na tentativa de resolver os problemas através da manipulação financeira. Mas não funciona. Todas as soluções a curto prazo que criamos evaporam-se rapidamente e os problemas reaparecem. Não há maneira de acabar com eles.
«E então dizemos: «OK, estes problemas não são económicos e não podem ser resolvidos por meios económicos. Devem ser problemas militares.» E como estamos habituados a usar o poder militar neste planeta para levar as pessoas a fazerem o que aparentemente não querem fazer, tentamos» forçar a moralidade». Pensamos que conseguimos resolver os problemas com armas.
«Ameaçamos (quando não “decidimos” mesmo) lançar mísseis e bombas. Mas não funciona. Todas as soluções a curto prazo que criamos evaporam-se rapidamente e os problemas reaparecem. Não há maneira de acabar com eles.
«E depois, quando esgotamos todas as soluções, declaramos: «Estes problemas não são nada fáceis. Ninguém estava à espera de os resolver de um dia para o outro. Vai ser um processo longo e difícil. É possível que se percam muitas vidas na tentativa de resolver estes problemas. Mas não vamos desistir. Vamos resolvê-los nem que isso dê cabo de nós.» E nem sequer nos apercebemos da ironia das nossas próprias palavras.
«Mas depois de algum tempo, até os seres primitivos com pouca consciência se cansam de toda a matança nos campos de batalha, e de todo o sofrimento e de todas as mortes de mulheres, homens, crianças e idosos, de todos os efeitos devastadores de um conflito. E por isso, passado algum tempo, depois de muitas destas trágicas consequências se concretizarem sem que haja uma solução à vista, dizemos que é hora de estabelecer uma trégua e negociar a paz. E o ciclo recomeça…
«Voltamos à mesa das negociações, tornamos a procurar uma solução na política. E as conversações de paz incluem, geralmente, discussões sobre compensações, o fim das sanções e ajuda na recuperação económica. Ou seja, a manipulação do dinheiro volta a ser vista como uma solução. E quando essas soluções não funcionam a longo prazo, voltamos às ameaças e ao uso efetivo de armas.
«E assim sucessivamente. Tal com tem “sido” ao longo de toda a história da humanidade. Os nomes dos protagonistas e o tipo de armas usadas vão mudando, mas o guião é sempre o mesmo.
«Isto é, evidentemente, a clássica definição de insanidade: “fazer a mesma coisa vezes sem conta e esperar um resultado diferente”.
«Só as culturas e os seres primitivos fazem tal coisa. No entanto, parece que não conseguimos – ou simplesmente “não queremos” – mudar a nossa forma de pensar e de agir, porque estamos demasiado habituados a impor soluções ao mundo. Mas a verdade é que as soluções forçadas nunca são soluções. São apenas protelações.
«A grande tragédia e a grande tristeza da humanidade é estarmos sempre dispostos a aceitar protelações, em vez de soluções. Seres altamente evoluídos nunca se contentariam com protelação atrás de protelação para resolverem os seus maiores problemas.
«É difícil acreditar que foi em 1879, no seu último discurso público, que Victor Hugo profetizou: «No século XX, a guerra estará morta… o ódio estará morto, as fronteiras estarão mortas, os dogmas estarão mortos…»
«Sobre este poeta, romancista e dramaturgo francês. A Wikipedia diz-nos que «ao longo da sua vida Hugo acreditou numa evolução humanística imparável». Acrescentaria aqui que ele claramente não imaginou que os seres humanos demorariam tanto tempo a ganhar coragem para enfrentar o maior problema da nossa espécie.
«Andamos numa dança sem fim e o resultado é continuarmos, século após século, a tentar resolver o problema do mundo a todos os níveis, exceto ao nível em que o problema existe.
«E temos vindo a fazer o mesmo na nossa vida pessoal. Primeiro, tentamos resolver os problemas conversando, negociando e «politicando». (Todos sabemos muito bem o que é a «política profissional». E, sim, também há política na nossa vida familiar e doméstica.)
«Quando isso não funciona, usamos o dinheiro – gastando desmesuradamente na tentativa de comprar a felicidade ou impondo orçamentos rígidos em casa para tentar economizar até à felicidade.
«Se nem isso funcionar, recorremos à força. Gritamos, batemos com os punhos na mesa, fechamos portas com força, temos discussões ditatoriais, fazemos ultimatos feios e, por fim, recorremos ao derradeiro jogo de poder: rasgamos acordos, quebramos promessas, dissolvemos sociedades, afastamo-nos de relacionamentos e terminamos casamentos – tudo isto, felizmente, embora nem sempre, sem recurso à violência física.
«Não lhe parece que é hora de tirarmos a venda dos olhos e vermos as coisas como elas são?
«O problema da humanidade, hoje em dia, não é político, não é económico e não é militar.
«”O problema da humanidade, hoje em dia, é espiritual e só pode ser resolvido através da espiritualidade”.
«A nossa civilização tem de começar a examinar as suas crenças mais sagradas.»
(In “DECIDE O TEU CAMINHO”, de Neale Donald Walsch, ALBATROZ, págs. 25 a 29)
- Victor Rosa de Freitas –

sexta-feira, outubro 18, 2019

SENTENÇAS DO DR. FREITAS…

O mundo da DUALIDADE leva à ALIENAÇÃO…
O mundo da UNIDADE leva à INTEGRIDADE…
O mundo MATERIAL é feito de DUALIDADE...
O mundo CONSCIENTE sublima a DUALIDADE, conduzindo à INTEGRIDADE da UNIDADE...
Há que EQUILIBRAR os DOIS…
De modo a que a INTEGRIDADE controle e domine (sempre, e conscientemente) a ALIENAÇÃO…
Ou seja, que a CONSCIÊNCIA controle e domine a MATÉRIA…
SEMPRE!

“Dixi!”

- Victor Rosa de Freitas –

segunda-feira, outubro 14, 2019

(MAIS) APOFTEGMAS DO DR. FREITAS…

A INTELIGÊNCIA é um CAMPO QUÂNTICO não ilimitado…
Cada PENSAMENTO é uma CRIAÇÃO da INTELIGÊNCIA num DETERMINADO campo quântico…
Cada PENSAMENTO CRIA MATÉRIA e MEMÓRIA em cada CAMPO QUÂNTICO…
Cada CAMPO QUÂNTICO – de cada pensamento – está DENTRO de um CAMPO QUÂNTICO ILIMITADO,,,
Este ÚLTIMO é a CONSCIÊNCIA…
DEUS é o INFINITO CAMPO QUÂNTICO CONSCIENTE…
Que CRIOU e CONTÉM a INTELIGÊNCIA e a CONSCIÊNCIA…
E TODOS os PENSAMENTOS e TODA a MATÉRIA…
VISÍVEL e INVISÍVEL aos OLHOS dos SERES HUMANOS…
É “isto” APENAS o que se pode EXTRAIR da CIÊNCIA QUÂNTICA…
(Actualmente, e por enquanto)
Disse!
- Victor Rosa de Freitas –

APOFTEGMAS DO DR. FREITAS…

A INTELIGÊNCIA é INFORMAÇÃO e MEMÓRIA…
O ESPÍRITO é CONSCIÊNCIA…
A INTELIGÊNCIA DOMINA e CONTROLA a VIDA…
O ESPÍRITO DOMINA e CONTROLA a INTELIGÊNCIA…
- Victor Rosa de Freitas –

sábado, outubro 12, 2019

VIR A SER É A DOENÇA DA ALMA…

«O primeiro passo na arte de viver será compreender a distinção entre ignorância e inocência. A inocência tem de ser apoiada, protegida – porque a criança trouxe consigo o maior tesouro, o tesouro que os sábios só encontram depois de árduos esforços. Dizem os sábios que se tornam novamente crianças, que renascem. Na Índia, o verdadeiro Brahman, o verdadeiro conhecedor, chamou-se a si próprio “dwij”, isto é, o que nasceu duas vezes. Porquê o que nasceu duas vezes? Que aconteceu ao primeiro nascimento? Que necessidade há do segundo nascimento? E que vai ele ganhar nesse segundo nascimento?
«No segundo nascimento, ele vai ganhar aquilo que estava ao seu dispor no primeiro, mas que a sociedade, os pais, todos aqueles que o rodeavam, esmagaram e destruíram. Cada criança está a ser recheada com conhecimentos. A sua simplicidade tem de lhe ser retirada, custe o que custar, porque a sua simplicidade não a irá ajudar neste mundo de competição.
«A sua simplicidade fará com que seja visto pelo mundo como um simplório; a sua inocência será explorada de todas as maneiras possíveis. Com medo da sociedade, com medo do mundo que nós próprios criámos, tentamos fazer com que cada criança seja esperta, astuta, bem informada – para que ela entre na categoria dos poderosos e não na categoria dos oprimidos e dos sem poder.
«E logo que a criança comece a crescer na direção errada, ela irá continuar nesse caminho – toda a sua vida se moverá nessa direção.
«Quando compreender que passou ao lado da vida, o primeiro princípio a trazer de volta é a inocência. Deixe cair os seus conhecimentos, esqueça as suas escrituras, esqueça as suas religiões, as suas teologias, as suas filosofias. Nasça de novo, torne-se inocente – e isso está nas suas mãos. Limpe os seus pensamentos de tudo o que não é conhecimento seu, de tudo o que lhe foi emprestado, de tudo o que lhe veio através da tradição, das convenções. Liberte-se de tudo aquilo que lhe foi dado pelos outros – pais, professores, universidades. Uma vez mais, seja simples; uma vez mais seja uma criança. E tal milagre é possível através da meditação.
«A meditação é simplesmente um estranho método cirúrgico que o separa de tudo aquilo que não é seu e deixa ficar apenas aquilo que é o seu ser autêntico. Queima todo o resto e deixa-o ficar nu, sozinho sob o Sol, ao vento. É como se você fosse o primeiro homem que desceu à Terra – que não sabe nada, que tem de descobrir tudo, que busca qualquer coisa, que tem de partir em peregrinação.
«O segundo princípio é a peregrinação. A vida deve ser uma busca – não um desejo, mas uma busca; não uma ambição de ser isto, de ser aquilo, um presidente de um país, um primeiro-ministro de um país, mas uma busca para descobrir «Quem sou eu?»
«É muito estranho que as pessoas que não sabem quem são estejam a tentar tornar-se alguém. E elas nem sabem quem são neste preciso momento! Desconhecem o seu ser – mas têm por meta virem a ser.
«Vir a ser é a doença da alma.
«O Ser é você.»
(In “MATURIDADE”, de OSHO, Bertrand Editora-Chave, págs. 9 a 11)
- Victor Rosa de Freitas –

sexta-feira, outubro 11, 2019

«UMA HISTÓRIA ZEN»

«Um homem a caminhar à noite tropeçou e caiu de um caminho pedregoso. Com medo de cair de uma altura de centenas de metros, pois sabia que no limiar daquele caminho havia um vale muito fundo, agarrou um ramo que crescia ali na beira. Na escuridão da noite, abaixo de si só conseguia ver um abismo sem fundo. Gritou e o eco do seu grito regressou para ele, não havia ninguém para o ouvir.
«Conseguimos imaginar aquele homem e a sua longa noite de tortura. Durante todo o tempo, teve a morte por baixo de si, as mãos a gelarem e a perderem a força… mas ele conseguiu segurar-se e quando o sol nasceu olhou para baixo… e riu-se! Não havia abismo nenhum. A apenas quinze centímetros dos seus pés havia uma saliência na rocha. Podia ter descansado toda a noite, ter dormido bem – a saliência era suficientemente grande -, mas, em vez disso, a noite foi um pesadelo para ele.
«Posso dizer-lhe da minha experiência.
«O medo não tem mais de quinze centímetros de profundidade. Agora, depende de si se quer continuar agarrado ao ramo e transformar a sua vida num pesadelo, ou se gostava de largar o ramo e apoiar-se nos seus próprios pés.
«Não há nada a temer!
«OSHO»
(In “medo”, de OSHO, Pergaminho, pág. 9)
- Victor Rosa de Freitas –

domingo, outubro 06, 2019

«ESTA JUSTIÇA NÃO É PARA TODOS!»

«Realiza-se hoje, 18 de Janeiro, no Supremo Tribunal de Justiça a chamada sessão solene de abertura do ano judicial.
«Vamos decerto assistir à tradicional “missa judiciária” em que todos e cada um dos pastores dos vários cargos jurídicos e políticos irão proferir os habituais discursos propalando as excelências da sua própria actuação e afirmando a sua esperança na melhoria do estado actual das coisas em matéria de Justiça.
«E, todavia… a situação da mesma Justiça é profundamente negativa e a denegação, diária, dos mais fundamentais direitos dos cidadãos que ela consubstancia, revela-se uma verdade incontornável.
«Ora, a tal propósito impõe-se, antes de mais, notar duas coisas tão essenciais como relevantes para se compreender como se chegou aqui.
«Primeiro: O 25 de Abril nunca entrou verdadeiramente nos Tribunais. E foi assim que os juízes e magistrados do Ministério Público, responsáveis pelos crimes cometidos às ordens da PIDE nos Tribunais Plenários contra os presos políticos, puderam escapar incólumes e prosseguir tranquilamente até ao fim as respectivas carreiras. E a sua ideologia nunca foi devidamente denunciada e desmascarada ou a sua postura sancionada.
«Mais! Os Tribunais em geral, não obstante a aprovação, no pós-25 de Abril, de inúmeras novas leis e de novos Códigos, mantiveram-se os mesmos, essencialmente com os mesmos termos e os mesmos tiques que tinham antes do 25 de Abril. Ainda em 1990 (ou seja, 16 anos depois do derrube do regime fascista!) escrevi um opúsculo intitulado “As relações entre a advocacia e as magistraturas – basta de aviltamento!”, onde tive e oportunidade de criticar as práticas, então muito em voga por parte dos juízes, de tratarem os arguidos depreciativamente e até por tu, de os ameaçarem ou constrangerem (com comentários como o de “essas histórias já eu conheço” ou então o de que “é melhor falar” quando os mesmos arguidos pretendiam usar do seu direito ao silêncio).
«E ainda agora prevalecem (como em data recente justamente afirmou o Dr. Fernando Pinto Monteiro) as concepções de que os Tribunais são um poder superior e distante, quase “sagrado”, e de que os juízes teriam como que um “toque divino” que os colocaria moralmente acima dos restantes cidadãos.
«Segundo: Todos os numerosos estudos sucessivamente feitos sobre a chamada “crise da Justiça”, de uma forma geral, passaram por completo ao lado das questões essenciais da mesma Justiça e defenderam, sustentaram e legitimaram uma série de sucessivas reformas (designadamente nos Códigos de Processo) as quais, em nome de um pretenso mas realmente inexistente “excesso de garantismo”, cortaram sistematicamente nos direitos dos cidadãos e aumentaram os poderes das autoridades judiciárias, sempre sob a invocação de que assim se tornaria a Justiça mais célere, mais eficaz e mais justa. Para depois, após cada uma dessas reformas, se concluir – como é hoje, creio, inegável – que, afinal, a Justiça não ficou nem mais célere, nem mais eficaz, nem muito menos mais justa. Por tudo isto, temos hoje uma Justiça brutalmente cara e, logo, inacessível à grande maioria dos cidadãos, fechada sobre si própria, opaca, sistematicamente auto-legitimada e profundamente iníqua.
«Ora, antes de mais, importa ter presente que os Tribunais são, no nosso quadro jurídico-constitucional, um órgão de soberania, mas são também o único que não tem uma legitimidade democrática electiva, seja ela directa (como no caso do Parlamento e da Assembleia da República) ou indirecta (como no caso do Governo). Tal significa que essa legitimação tem de ser garantida pela existência de mecanismos que permitam aos cidadãos verificarem, antes de mais, como são escolhidos os titulares desse poder e. depois, fiscalizarem o modo como eles são formados, avaliados, promovidos e, enfim, como exercem as suas funções.
«Mas a verdade é que esses mecanismos praticamente não existem, Ou porque nunca existiram de todo ou porque foram sendo consecutivamente inutilizados! Na verdade, os cidadãos não sabem que formação (ou melhor, que formatação ideológica) é dada e por que formadores, escolhidos como e por quem, no CEJ – Centro de Estudos Judiciários -, e rigorosamente nenhuma palavra têm presentemente a dizer nessa matéria. Por outro lado, princípios essenciais como o da efectiva publicidade das audiências e da real, clara e acessível fundamentação de todas as decisões, ou do duplo grau de jurisdição (ou seja, da existência da possibilidade de existência de recurso, quer da matéria de Direito, quer da matéria de facto, para um Tribunal Superior), ou do juiz natural (isto é, o de que não há juízes “especiais” a quem sejam atribuídos “processos especiais” e todos os processos são atribuídos por via de distribuições clara e transparentes) são todos os dias violados e inutilizados nos nossos Tribunais.
«Julgamentos feitos em divisões de cerca de 15 m2, fechadas e sem qualquer público, não apreciação efectiva da matéria de facto pelos Tribunais Superiores, juízes únicos (como nomeadamente sucedeu, durante anos a fio, com Carlos Alexandre), acórdãos de Tribunais Superiores que, primeiro eram sempre de 3 juízes e agora podem ser de 1 único (as “decisões sumárias”) ou de 2, mas onde, como se viu recentemente, um vota apenas “de cruz”… tudo isto constitui o dia a dia dos nossos Tribunais.
«Tribunais esses onde, por outro lado, intentar uma acção custa (a não ser aos indigentes que vivem debaixo das pontes e que são os únicos cidadãos que têm direito a isenção de custas) pagar uma taxa de justiça de, por exemplo 612€ (quando estão em causa interesses imateriais ou não directamente reconduzíveis a dinheiro), pagamento esse que se terá de repetir sempre que haja um incidente, uma reclamação ou um recurso no mesmo processo. O Tribunal Constitucional cobra 714€ por cada decisão sumária e entre 2.040€ e 2.550€ por cada acórdão que decida um recurso de inconstitucionalidade e que seja – são-no quase todos… - julgado improcedente.
«Temos também uma Justiça que, em matéria de celeridade, é absolutamente esquizofrénica. A penal, por exemplo, é fulminante a julgar o sem-abrigo que, num supermercado do Porto, furtou uma embalagem de polvo para se alimentar, mas já leva um ano, por exemplo, a ir fazer buscas a casa de Ricardo Salgado. Uma Justiça que se habituou, sempre de forma impune, a ganhar antes de tempo e fora do campo (ou seja, na Comunicação Social através de cirúrgicas violações do segredo de Justiça aquilo que muitas vezes não consegue ganhar no “terreno de jogo”, ou seja, no Tribunal). Ora, uma Justiça que aceita fazer batota e jogar com cartas viciadas não é verdadeira Justiça!
«Na Justiça Administrativa e Fiscal (da qual quase ninguém fala por não ser “mediática” e normalmente não meter tiros, nem facadas, nem personalidades públicas), e muito em especial no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, há processos com vista à declaração de ilegalidade de actos ou decisões de órgãos da Administração (como os verdadeiros feudos da Segurança Social e do Fisco) que chegam a demorar cerca de 10 anos, só na 1ª instância, transmitindo a esse tipo de entidades administrativas um (assim infelizmente justificado) sentimento de absoluta impunidade.
«Nos Tribunais onde interessa ao Estado a velocidade (por exemplo nos de Trabalho, onde, em caso de despedimento ilícito, a partir dos primeiros 12 meses é o Estado, através da Segurança Social, e não o patrão, quem tem de pagar ao trabalhador as remunerações intercalares entre a data do mesmo despedimento e a data da sentença), ela é vista como sinónimo de “avianço estatístico” de processos, em detrimento da efectiva realização da Justiça.
«Os juízes são inspeccionados e classificados pelo Conselho Superior da Magistratura fundamentalmente em função do número de diligências que praticaram, das decisões que proferiram e dos processos que “mataram” (a chamada “eficiência processual”…) e não da bondade e da justiça das soluções que consagraram. Por isso, embora o juiz tenha, em particular na jurisdição do Trabalho, o poder/dever de ordenar todas as diligências que se mostrem úteis à descoberta da verdade, como Advogado há mais de duas décadas que não vejo nenhum despacho nesse sentido ser proferido, por exemplo no Tribunal do Trabalho de Lisboa onde, em contrapartida, já se chegou ao ponto de se ouvirem testemunhas “ao molhe” e de se indeferir tudo o que possa tornar mais difícil e menos rápido o juiz conseguir “tirar o processo de cima da secretária”.
«As mesmas concepções ideológicas com que os juízes são formados/formatados no Centro de Estudos Judiciários conduzem, em linha recta, a um modelo de Justiça que deixa de ser entendido com um direito fundamental de todos os cidadãos para passar a ser visto como um mero “serviço” do Estado todo-poderoso de que os cidadãos são meros “utentes” e até súbditos, e relativamente ao qual “Quem quer Justiça que a pague!”. Que exclui liminarmente qualquer participação efectiva dos mesmos cidadãos, entra em desvario com a simples referência à ideia da possível eleição dos juízes e arrogantemente desvaloriza quer a existência dos Tribunais de Júri, quer a intervenção de juízes sociais e a participação de assessores técnicos qualificados. Tal como resiste quanto pode – e sempre sob o eterno argumento de que se estaria a pôr em causa, consoante os casos, a independência dos juízes ou a autonomia do Ministério Público – à prestação de contas aos cidadãos, aos mais que legítimos juízos críticos por parte destes e à instituição de quaisquer mecanismos de efectiva responsabilização dos autores e de reparação das vítimas de erros judiciários.
«Ora, como sempre tenho afirmado, num Estado que se proclama de “Direito Democrático” não podem existir poderes que sejam incontroláveis e incontrolados por parte dos cidadãos. E a Justiça – concebida como um direito fundamental de todos os cidadãos e estruturada como um serviço público nacional absolutamente essencial, como por exemplo o da Saúde – não pode ficar de fora desse princípio, sob pena da sua completa deslegitimação e degradação.
«Controle democrático, universalidade, gratuitidade (pelo menos nas questões de Trabalho, da Família e Menores, e de Habitação) e mais (e não menos) direitos dos cidadãos, constituem assim os pontos essenciais do caminho que tem de ser trilhado!
«Sob pena de o toque a finados pela Justiça Portuguesa se tornar definitivo…
«(Artigo publicado no “Notícias Online” a 18/1/2018)»
(In “Por um País mais Justo e outras Crónicas”, de António Garcia Pereira, Âncora Editora, págs. 57 a 61)
- Victor Rosa de Freitas –

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