domingo, janeiro 27, 2008

O PODER DA ORAÇÃO

Ninguém ora com raiva ou ódio.

A oração é, intrinsecamente e por natureza, um estado de limpeza da alma ou interior da pessoa de tudo o que é negativo, para afirmar apenas o amor e a boa vontade universais e perante o infinito ou transcendência: perante Deus.

Quem ora tem, pois, uma superioridade moral em relação a qualquer ateu.

O ateu raciociona e pode atingir, assim, elevados patamares éticos.

Mas falta-lhe a oração, falta-lhe o contacto profundo da alma com o bem-querer, o amor e a boa-vontade infinitas e transcendentais.

Quem ora também raciociona para definir regras éticas.

Mas fá-lo depois e fora da oração.

Depois de limpar os alicerces da alma.

Ao ateu, porém, falta-lhe tal limpeza dos alicerces do mais fundo do seu ser.

Ateu que o negue afinal também ora.

A superioridade de quem ora beneficia também o inconsciente colectivo de Jung.

Melhora a boa-vontade e o amor não só individuais mas também colectivos no seio da comunidade.

Estas são as vantagens de quem ora.

Este é o poder da Oração.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

AS SEMENTES DO FASCISMO

"Há em cada país os limites do suportável.
Os portugueses habituaram-se à degradação da vida política, com escândalos sobre escândalos sobre a competência e a honorabilidade de membros do Governo e sobre figuras da sua vida pública. Já ninguém liga.
Os portugueses engrossam o pelotão dos que assistem às baixas pontuações dadas à eficácia da Justiça, à sua celeridade, à sua previsibilidade. Ninguém quer saber."
(...)
Ler mais em A Revolta das Palavras, do Ilustre Dr. José António Barreiros, o qual, com a devida vénia que aqui faço, me permito citar pela sua lucidez e relevância pública.

SENTIR A ALMA PRESA PELO CORPO



Hoje é um daqueles dias em que sinto a alma presa pelo corpo.

Procuro abstrair, soltar as asas da imaginação da alma, mas esta recusa-se à evasão.

O corpo físico prende-a e diz: “Não sais daqui que hoje és minha!”

Normalmente consigo uma alma livre e liberta, que procura o contacto com os outros no afago da partilha da condição humana, na união de todos com o Uno.

Mas hoje, e neste momento, apenas vejo a minha alma presa pelo meu corpo e cada corpo físico do outro a prender a sua própria alma e a dizer para esta: “Hoje não sais daqui que és minha!”.Platão pôs na boca de Sócrates (o antigo) que o governo da cidade deveria pertencer aos Filósofos, aqueles que sabem soltar a alma e partilhá-la com as almas dos outros, cujo objectivo é a harmonia entre almas de corpos diferentes.

Depois reflicto: Sócrates (o moderno) só fez e faz promessas às almas do povo e, no dia a dia, não há promessa que não viole.

E prende as almas em desconforto.

Sócrates (o moderno) faz-nos apenas sofrer e tanto mais quanto mais o comparamos com Sócrates (o antigo).

As almas vivem presas ao “défice”, este prende-nos as almas, o povo sofre, como eu sofro neste momento e apenas se vê indiferença nas almas dos que sofrem.

Cada um com a alma presa pelo seu corpo, cada corpo guarda da prisão da pobre alma.

"Não estás contente?", pergunta um neo-fascista de um director-geral do governo a todos os que sentem a alma “presa”? “Pois então emigra!” – diz o calhordas sem vergonha, que quer a “higiene” dos corpos cujas almas ele põe negras e sujas no cumprimento ultra-zeloso da Lei do Estado.

Já não há filósofos que nos possam e queiram governar e “libertar” as almas da prisão pelos corpos?

Mas libertar as almas da “prisão” pelos corpos não significa “abafar” corpos como fazia o Alma-Grande do “Abafador”, no conto de Torga, o que hoje só parece querer fazer o da pasta da “saúde”.

Significa antes e outrossim, libertar as almas da prisão pelos corpos físicos, mantendo a integridade de ambos, para que as primeiras possam voar em imaginação e em harmonia com os segundos.

Ambos íntegros.

Hoje, neste momento, sinto a minha alma presa pelo corpo e a sociedade politicamente organizada, ao invés de contribuir para o meu bem-estar e dos meus semelhantes, apenas me provoca esta situação, a mim e aos outros.

Para quando um Sócrates-Filósofo-Grego-Antigo a governar?

Para quando uma Justiça ao serviço da Filosofia de um tal Senhor?

Hoje, neste momento, sinto a minha alma presa pelo corpo.

Ambos, corpo e alma, a sofrer, um porque prende, a outra porque está presa.

É assim sentir a alma presa pelo corpo.


PS (em 23.12.2011) - Saiu o Sócrates e entrou um Coelho que aconselha os professores e emigrar e que é ainda mais feroz no combate ao défice, já que, para agradar aos "patrões" da "troika" - que ele tão bem serve como "betinho" bem comportado - exige sacrifícios maiores do que os necessários. A minha alma continua (ainda) presa pelo corpo...

terça-feira, janeiro 15, 2008

ANTÓNIO LOBO ANTUNES

De António Lobo Antunes li O Manual dos Inquisidores e estou a ler O Meu Nome é Legião.

Trata-se de um Autor que sabe, que conhece a realidade

“Tu aí quieta”,

Que nos descreve, na perfeição, o mundo cão em que vivemos, desde os tempos de Salazar até à actualidade, passando pelo mundo mundano e podre das fraquezas humanas no cumprimento da sentença divina desde que nasceram que é a morte inglória na velhice, se não a obtida na matança de um qualquer preto na ponta duma espingarda dum qualquer policial, no seu estilo psicanalítico, de quem conjuga e associa ideias que apenas ganham sentido no sofá de Freud.

Autor que tem frases magníficas e cheias de conteúdo, como aquela que ouvi numa sua entrevista televisiva com o jornalista Mário Crespo:

“O acaso é a obra que Deus não assina quando se quer manter Anónimo”.

Mas (há sempre um mas, e quem sou eu perante tal sumidade de verdades e conhecimento) é um Autor que, a meu ver, não nos traz nenhuma alternativa, nenhuma construção, nenhuma posição afirmativa neste mundo cruel e desumano, enfim, um autor que não tem coragem para dizer o que lhe está implícito na sua linguagem romanesca:

“Afinal, Deus é um Grande Filho da Puta”.

Perdoe-me tal Autor, perdoem-me os leitores, perdoe-me o Sumo Pontífice e todo os religiosos do Mundo, mas, lendo António Lobo Antunes, só podemos chegar à conclusão de que

“Deus é um Grande Filho da Puta!”,

Embora aquele Autor nunca o diga expressamente!

Mas de quem se tira que afinal somos todos, os Humanos, apenas animais loucos e viciados e assim vivendo até à morte inglória!

Será assim?

Será Deus “um Grande Filho da Puta”?

Será?

Responda Ele, o Autor comentado ou quem souber!

NOTA: este post foi referido em PERSPECTIVAS.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

O MUNDO MÁGICO DAS CRIANÇAS

As crianças vivem num mundo distinto do dos adultos e que estes foram, com o tempo, “esquecendo”, embora a sua "marca" seja indelével: o MUNDO MÁGICO.

As crianças, na sua pureza, vêem o Mundo reactivo e dependente de si: se sou “boa” e me porto “bem”, o Mundo é “bom” para mim e faz-me as vontades; se sou “má” e me porto “mal”, o Mundo é “mau” para mim e contraria-me.

Continuemos a “ensinar” às crianças que o Pai Natal existe (que há sempre alguém que nos dá presentes), que existe uma fada madrinha “boa” (alguém que nos compreende e nos protege), mas também uma bruxa repelente que só quer o “mal” de todos (pois o mal existe no Mundo); continuemos a alimentar o Mundo Mágico das crianças, em que estas aprendem o “bem” e o “mal”. Pois quando forem adultas, e principalmente nas horas mais “difíceis”, poderão olhar para trás, para o seu mundo de crianças, o seu Mundo Mágico, e terão sempre um sorriso feliz recordando e vivenciando um Mundo que ainda lhes é querido.

As crianças, com o tempo, aprenderão a objectividade e crueza das “regras” do Mundo adulto.

Mas se tiverem uma boa base de formação num Mundo Mágico harmonioso – devidamente compensado com o “bem” e o “mal” – serão, amanhã, adultos equilibrados e de boa vontade.

Deixai que as crianças, com o tempo e no seu decurso natural, sublimem o seu Mundo Mágico, para entrarem no Mundo dos Adultos.

Tenho para mim que os adultos que maltratam crianças nunca foram verdadeiras crianças, nem viveram nem tiveram um Mundo Mágico harmonioso.

“Ensinar” às crianças como o Mundo dos Adultos funciona fora das “regras” do seu próprio desenvolvimento e do seu devido Mundo Mágico, é um crime contra elas, pois amanhã, quando forem adultos, faltar-lhes-á “aquele” Mundo Mágico, apenas delas, tão único e sempre indelével para lhes permitir serem, agora e adultos, os bons Mágicos do Mundo.

Defendamos o Mundo Mágico das crianças, para bem delas e para bem de todos nós, adultos.

É assim que vejo o Mundo Mágico das Crianças.

sábado, janeiro 05, 2008

LEI ANTI-TABACO

Mais uma fogueira em que as achas dos fumadores e não-fumadores atiçam o fogo da divisão do popularéu, enquanto os "senhores", dividindo-o, melhor (des)governam.
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