sábado, outubro 19, 2019

O PROBLEMA DA HUMANIDADE É ESPIRITUAL…

«Já há muito tempo que andamos a entrar em becos sem saída na tentativa de solucionar os problemas da humanidade. E continuamos a fazê-lo.
«Se tivesse de explicar isto numa frase diria que continuamos a tentar resolver os problemas da humanidade “a todos os níveis, exceto ao nível em que os problemas existem”.
«Isto acontece porque, como já vimos, não temos a certeza sobre a “causa” dos problemas. Por isso…
«… tentamos primeiro resolver os nossos problemas como se fossem problemas políticos, porque neste planeta estamos habituados a usar a pressão política para conseguirmos que as pessoas façam aquilo que aparentemente não querem fazer.
«Temos discussões, fazemos leis, aprovamos legislações e adotamos resoluções em todas as línguas e assembleias locais, regionais, nacionais e internacionais para tentar «legislar a moralidade». Pensamos que conseguimos resolver o problema com palavras. Mas não funciona. Todas as soluções a curto prazo que criamos evaporam-se rapidamente e os problemas reaparecem. Não há maneira de acabar com eles.
«E então dizemos: «OK, estes problemas não são políticos e não podem ser resolvidos por meios políticos. Devem ser problemas económicos». E como neste planeta estamos habituados a recorrer ao poder económico para conseguirmos convencer as pessoas a fazerem o que aparentemente não querem fazer, tentamos «comprar a moralidade». Pensamos que conseguimos resolver os problemas com dinheiro.
«Atiramos dinheiro ou retemos dinheiro (sob a forma de sanções), na tentativa de resolver os problemas através da manipulação financeira. Mas não funciona. Todas as soluções a curto prazo que criamos evaporam-se rapidamente e os problemas reaparecem. Não há maneira de acabar com eles.
«E então dizemos: «OK, estes problemas não são económicos e não podem ser resolvidos por meios económicos. Devem ser problemas militares.» E como estamos habituados a usar o poder militar neste planeta para levar as pessoas a fazerem o que aparentemente não querem fazer, tentamos» forçar a moralidade». Pensamos que conseguimos resolver os problemas com armas.
«Ameaçamos (quando não “decidimos” mesmo) lançar mísseis e bombas. Mas não funciona. Todas as soluções a curto prazo que criamos evaporam-se rapidamente e os problemas reaparecem. Não há maneira de acabar com eles.
«E depois, quando esgotamos todas as soluções, declaramos: «Estes problemas não são nada fáceis. Ninguém estava à espera de os resolver de um dia para o outro. Vai ser um processo longo e difícil. É possível que se percam muitas vidas na tentativa de resolver estes problemas. Mas não vamos desistir. Vamos resolvê-los nem que isso dê cabo de nós.» E nem sequer nos apercebemos da ironia das nossas próprias palavras.
«Mas depois de algum tempo, até os seres primitivos com pouca consciência se cansam de toda a matança nos campos de batalha, e de todo o sofrimento e de todas as mortes de mulheres, homens, crianças e idosos, de todos os efeitos devastadores de um conflito. E por isso, passado algum tempo, depois de muitas destas trágicas consequências se concretizarem sem que haja uma solução à vista, dizemos que é hora de estabelecer uma trégua e negociar a paz. E o ciclo recomeça…
«Voltamos à mesa das negociações, tornamos a procurar uma solução na política. E as conversações de paz incluem, geralmente, discussões sobre compensações, o fim das sanções e ajuda na recuperação económica. Ou seja, a manipulação do dinheiro volta a ser vista como uma solução. E quando essas soluções não funcionam a longo prazo, voltamos às ameaças e ao uso efetivo de armas.
«E assim sucessivamente. Tal com tem “sido” ao longo de toda a história da humanidade. Os nomes dos protagonistas e o tipo de armas usadas vão mudando, mas o guião é sempre o mesmo.
«Isto é, evidentemente, a clássica definição de insanidade: “fazer a mesma coisa vezes sem conta e esperar um resultado diferente”.
«Só as culturas e os seres primitivos fazem tal coisa. No entanto, parece que não conseguimos – ou simplesmente “não queremos” – mudar a nossa forma de pensar e de agir, porque estamos demasiado habituados a impor soluções ao mundo. Mas a verdade é que as soluções forçadas nunca são soluções. São apenas protelações.
«A grande tragédia e a grande tristeza da humanidade é estarmos sempre dispostos a aceitar protelações, em vez de soluções. Seres altamente evoluídos nunca se contentariam com protelação atrás de protelação para resolverem os seus maiores problemas.
«É difícil acreditar que foi em 1879, no seu último discurso público, que Victor Hugo profetizou: «No século XX, a guerra estará morta… o ódio estará morto, as fronteiras estarão mortas, os dogmas estarão mortos…»
«Sobre este poeta, romancista e dramaturgo francês. A Wikipedia diz-nos que «ao longo da sua vida Hugo acreditou numa evolução humanística imparável». Acrescentaria aqui que ele claramente não imaginou que os seres humanos demorariam tanto tempo a ganhar coragem para enfrentar o maior problema da nossa espécie.
«Andamos numa dança sem fim e o resultado é continuarmos, século após século, a tentar resolver o problema do mundo a todos os níveis, exceto ao nível em que o problema existe.
«E temos vindo a fazer o mesmo na nossa vida pessoal. Primeiro, tentamos resolver os problemas conversando, negociando e «politicando». (Todos sabemos muito bem o que é a «política profissional». E, sim, também há política na nossa vida familiar e doméstica.)
«Quando isso não funciona, usamos o dinheiro – gastando desmesuradamente na tentativa de comprar a felicidade ou impondo orçamentos rígidos em casa para tentar economizar até à felicidade.
«Se nem isso funcionar, recorremos à força. Gritamos, batemos com os punhos na mesa, fechamos portas com força, temos discussões ditatoriais, fazemos ultimatos feios e, por fim, recorremos ao derradeiro jogo de poder: rasgamos acordos, quebramos promessas, dissolvemos sociedades, afastamo-nos de relacionamentos e terminamos casamentos – tudo isto, felizmente, embora nem sempre, sem recurso à violência física.
«Não lhe parece que é hora de tirarmos a venda dos olhos e vermos as coisas como elas são?
«O problema da humanidade, hoje em dia, não é político, não é económico e não é militar.
«”O problema da humanidade, hoje em dia, é espiritual e só pode ser resolvido através da espiritualidade”.
«A nossa civilização tem de começar a examinar as suas crenças mais sagradas.»
(In “DECIDE O TEU CAMINHO”, de Neale Donald Walsch, ALBATROZ, págs. 25 a 29)
- Victor Rosa de Freitas –

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