quarta-feira, agosto 03, 2005

Da Existência de DEUS e Qual a SUA Vontade - em seis Capítulos

Capítulo I


Em busca de Deus



I - O Infinitamente Grande

Imagine o leitor, onde quer que esteja a ler este ensaio, na calma e tranquila biblioteca onde se encontra, no aconchego do seu sofá de casa ou porque está com uma insónia, no Café onde costuma estudar, na cadeira da sua secretária de trabalho, num qualquer lugar no intervalo do almoço ou mesmo no banco do autocarro em que se faz transportar, na livraria em que o folheia, num banco de jardim, no seu local de trabalho nocturno, na praia, numa prisão ou num hospital, seja qual for a sua situação económica e social, familiar ou de saúde física mas desde que possa manter a consciência desperta e livre e com um pouco de sossego, que:

- a sua consciência é o CENTRO DO MUNDO e que avança, em imaginação, EM FRENTE, e que nenhum obstáculo se lhe pode opor;

- vá avançando, saindo do lugar de onde se encontra, passando por paredes, muros, montanhas ou o que quer que se apresente à frente da sua imaginação e verá que o exercício é fácil, já que a sua imaginação lhe permite, com verdadeira facilidade, fazê-lo;

- mas continue avançando, em imaginação, e verá que, a breve trecho, avançará mais longe do local em que fisicamente se encontra, da vila, aldeia ou cidade em que lê este livro e, pouco depois, abandonará o próprio país, continente, oceanos, o globo terrestre e entrará no ESPAÇO;

- continue a avançar, com a imaginação da sua consciência e passará por planetas, estrelas, galáxias e entrará no COSMOS;

- persista e avance ainda mais e verá que não há obstáculo possível ao seu avanço, por mais muros e barreiras que a sua imaginação pretenda opor ao avanço da sua consciência;

- e se continuar a persistir no seu avanço, poderá fazê-lo durante o tempo em que tiver resistência para isso, mas chegará a um ponto em que terá que se render, pois entrou no INFINITO, pois não há barreira possível que possa imaginar, que possa travar a sua trajectória, excepto o próprio INFINITO de tal trajectória.


Regresse com a sua consciência ao local de início em que se encontrava fisicamente, à sua biblioteca, casa, local de trabalho, autocarro ou onde quer que se encontrasse.

Descanse um pouco e retome fôlego.

Faça agora o mesmo exercício com a sua consciência a voar com a imaginação, mas não em FRENTE, mas agora para TRÁS:

- verificará que abandonará igualmente o lugar, aldeia ou cidade, país, continente, o globo terrestre e por aí fora até, de novo, ao INFINITO a que se terá que render.

Faça agora o mesmo exercício seguindo a direcção para BAIXO, para CIMA, para o lado ESQUERDO ou DIREITO e confrontar-se-á sempre com a mesma e única objecção ao seu avanço: o INFINITO.

Fazendo este exercício quer primeiro para a ESQUERDA ou DIREITA ou para BAIXO ou para CIMA, para TRÁS ou para a FRENTE, na ordem ou sequência que entender, ou em qualquer dos miríades sentidos existente entre os referidos, verá que a situação é sempre a mesma e única: terá que se render perante o INFINITO.

Mas, dirá o leitor, apesar de isto ser verdade, o que é que isso prova ou tem de útil?

E a resposta é a de que existe o INFINITAMENTE GRANDE, cuja utilidade é um dos objectivos deste ensaio e que em momento próprio será abordado.


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II – O Infinitamente Pequeno

Observe agora o leitor a matéria que o rodeia, entendendo-se por matéria tudo aquilo que pode ser percebido pelos sentidos da visão e do tacto.

Pode ver e sentir pelo tacto objectos e coisas das mais variadas desde este livro até às paredes, veículos automóveis, árvores, rios ou oceanos, pessoas ou animais, pedras e flores ou o quer que seja que à sua volta é perceptível por tais sentidos.

Não nos referimos a certas “coisas” que podem ser vistas mas não sentidas pelo tacto, como as nuvens ou o nevoeiro ou as cores, ou as “coisas” que podem ser sentidas pelo tacto mas não vistas, como o calor e o frio, mas apenas e tão somente às “coisas” que têm forma e três dimensões.

Peguemos numa dessas “coisas”, por exemplo um tijolo, que podemos ver e sentir com o tacto, e partamo-lo aos pedaços, usando um qualquer objecto contundente ou mesmo atirando-o contra um pavimento suficientemente duro.

Partamos depois o pedaço que pareça ser mais pequeno e partamo-lo de novo.

E ao mais pequeno resultante desta última operação e partamo-lo de novo.

Esta operação poder-se-ia repetir sucessivamente até ao INFINITO?

Se usarmos apenas da nossa imaginação parecer-nos-á, à primeira vista, que também existe a DIVISÃO INFINITA DA MATÉRIA.

Tales de Mileto, filósofo grego que viveu cerca de 600 a.C., concluiu que o princípio fundamental de todas as substâncias que constituíam o mundo era, em última instância, a água.

Anaximandro, pouco depois, defendeu que tal substância era uma matéria abstracta, “to opeiron” (o indeterminado) e seu discípulo, Anaximenes, defendia que tudo era feito de ar.

No século V a.C. Empédocles defendeu que o mundo era feito de quatro substâncias básicas, os “elementos” terra, fogo, ar e água – no que viria, mais tarde, a ser seguido pelo próprio Aristóteles, posição esta que perduraria na Humanidade até cerca do séc. XVI.
Anaxágoras afirmava que todas as coisas eram feitas de matéria indivisível.

Demócrito, por seu turno, defendia que a matéria, após um certo número de divisões, não era mais divisível, chamando a estas partículas indivisíveis “átomos”.

Porém, se recorrermos ao conhecimento científico actual e à moderna tecnologia, chegaremos à conclusão de que, se dividirmos a matéria até chegar ao átomo – com o seu núcleo constituído de neutrões e protões e com o(s) seu(s) electrão(ões) que gira(m) à sua volta – e se continuarmos a dividir os elementos que constituem o átomo, chegaremos a um ponto em que a mais elementar forma de matéria existe ou não existe, conforme a observamos ou não ou, de outro modo, que a mais elementar forma de matéria (o “quark”) tem causa e é efeito de uma “força” não material, isto é, sem existência física ou material, que não é visível nem tem lugar certo, saltando de uma órbita para outra, sem qualquer percurso entre órbitas, ou seja, aparece num lugar e depois noutro sem qualquer percurso físico de ligação.

Dito de outro modo e numa linguagem um pouco mais científica, a teoria dos “quanta” veio demonstrar que há unidades mínimas de matéria, isto é, que há porções de matéria a partir das quais se não pode obter matéria mais pequena.

Mas a lógica da divisão até ao INFINITAMENTE PEQUENO, que nos diz ou força a afirmar o contrário, impõe-nos, afinal, a conclusão de que, a partir de certas porções de matéria, pequenas e indivisíveis, haverá sempre “ALGO”, não material.

Bom, dirá o leitor, mesmo admitindo que isto seja verdade que prova ou “utilidade” tem tal verdade?

E a resposta, por ora, é que prova ISSO MESMO, ou seja, que o INFINITAMENTE PEQUENO não é material e a “utilidade” desta prova será um dos objectivos deste ensaio.



Primeiro Corolário



Se agora voltarmos atrás e imaginarmos e admitirmos o INFINITAMENTE GRANDE como constituído sempre por matéria, chegaremos à conclusão de que, conforme vimos na nossa incursão pelo INFINITAMENTE PEQUENO, existirá sempre, por detrás dessa matéria, “ALGO” que não é material e em que ela existe ou “está”. Ou seja, a matéria “está” entre “ALGO” não material.

A igual conclusão chegaremos se, na incursão pelo INFINITAMENTE GRANDE imaginarmos ou admitirmos que, chegados a um certo ponto da nossa “viagem”, o nosso MUNDO MATERIAL terminar – a ciência actual afirma que o universo teve origem no “BIG BANG” (eventual primeiro “QUARK”), altura em que se começou a expandir (e cujo processo de expansão ainda se mantém), sendo, portanto, materialmente limitado.

E se o MUNDO MATERIAL terminar, isto é, se o mundo material é FINITO, para além dele e de acordo com a lógica da nossa consciência e com a existência, já constatada, do INFINITAMENTE GRANDE, para além dele, dizíamos, haverá “ALGO” não material.

Ou seja, e de novo, ter-se-á que concluir que a matéria “está” entre “ALGO” não material.

Segundo Corolário


Conjugando agora todas as afirmações anteriores e usando das faculdades mentais e lógicas que possuímos seremos obrigados a concluir que, PARA ALÉM, POR DETRÁS e ANTES de toda a MATÉRIA EXISTENTE há “ALGO” não material, onde a matéria “está”.

A este “ALGO” chamaremos... DEUS.



Terceiro Corolário


Se o mundo material tem três dimensões (comprimento, altura e largura) o certo é que, havendo outra “dimensão” para além da matéria e onde esta “está”, o MUNDO em que vivemos tem uma Quarta dimensão, a dimensão com DEUS.



Quarto Corolário


Como conclusão lógica do que afirmámos anteriormente e aceitando que o MUNDO teve origem no “BIG BANG” (eventual primeiro “QUARK”, sendo este uma força não material – isto é, sendo uma força de “ALGO”), teremos de concluir que o mundo MATERIAL é criação de DEUS, onde tal mundo existe ou “está”, pois DEUS está PARA ALÉM, ANTES e POR DETRÁS daquele.

E, se assim é, DEUS encontra-se em toda a parte do mundo material (onde este mundo “está”), sendo, portanto, DEUS, necessariamente, OMNIPRESENTE.

E se DEUS é OMNIPRESENTE e, no nosso mundo, existe consciência, DEUS é, também necessariamente, OMNISCIENTE, pois não há consciência fora DELE.

E, se tudo o que existe materialmente é criação de DEUS e se, em tal mundo, existe força ou potência, “estando” tal mundo em DEUS, teremos de concluir, ainda e necessariamente, que DEUS é, também, OMNIPOTENTE, pois não há força ou potência fora DELE.

E se os SERES HUMANOS têm VONTADE, existindo aqueles no mundo material que “está” em DEUS, significa que há uma VONTADE SUPERIOR, a VONTADE DE DEUS, segundo a qual o mundo foi feito e que ultrapassa as VONTADES dos SERES HUMANOS, já que, se há VONTADES SUPERIORES e INFERIORES, nenhuma existe fora DELE e ELE conterá, necessariamente, também a SUPERIOR.



Quinto Corolário


Se DEUS é OMNIPRESENTE e está em toda a parte e se o mundo “está” NELE, nada pode existir fora DELE.

E se nada pode existir fora DELE e se o mundo “está” NELE e se o mundo existe é porque o Mundo foi feito de SI, de DEUS.
Axiomaticamente, se o Mundo foi feito de SI e Criação SUA e nada pode existir fora DELE, DEUS, é porque toda a Criação de DEUS, desde o UNIVERSO, a NATUREZA, os ANIMAIS e os SERES HUMANOS estão DENTRO DELE.

E se assim é, isto é, se nós todos, SERES HUMANOS, existimos, bem como o UNIVERSO, a NATUREZA e os ANIMAIS, sendo tudo isto Criação de DEUS e se DEUS é OMNIPOTENTE, necessariamente que DEUS também é ETERNO pois não pode haver qualquer tipo de “FORÇA” fora de SI e, portanto, que o pudesse CRIAR ou DESTRUIR.

ELE, DEUS EXISTE DESDE SEMPRE E PARA SEMPRE.



1ª Interrogação


Mas será que a criação de DEUS, o UNIVERSO, também é ETERNO ou será antes, meramente TEMPORAL?

É questão que a ciência actualmente coloca e que procura dar resposta, defendendo, v. g. Stephen Hawking que, se a densidade média do universo for superior a um determinado valor crítico, o universo entrará em colapso e o próprio tempo chegará ao fim no Grande Esmagamento (isto é, depois da expansão inicial originada pelo BIG BANG, o universo regredirá até se esmagar); porém defende o mesmo autor, se a densidade média do universo for inferior a um determinado valor crítico, não volta a entrar em colapso, mas continuará a expandir-se eternamente. Na primeira hipótese, prevê aquele génio da ciência que o colapso não ocorrerá antes de dez biliões de anos.

De qualquer modo a questão da eternidade ou não do UNIVERSO não invalida o que acima foi dito, no sentido de que DEUS criou o MUNDO de SI e que tudo o que existe, incluindo o SER HUMANO, está dentro DELE, no seu “CORPO”, criado de SI e que, assim sendo, a própria “CRIAÇÃO” também é “CORPO” SEU, “CORPO” de DEUS.

Se tal “CORPO” da CRIAÇÃO também é ETERNO ou NÃO, não invalida que DEUS é, inequivocamente, ETERNO.


2ª Interrogação


Bom, perguntará, agora, o leitor, mas afinal “QUEM” é DEUS, que conceito podemos formar DELE e qual o SEU objectivo ao CRIAR o MUNDO de SI?

As respostas a estas interrogações procuraremos dá-las nos capítulos seguintes.


(continua)
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