quarta-feira, junho 01, 2005

A Conspiração Cabalística

A Cabala é, originariamente, uma doutrina esotérica (com linguagem oculta, só conhecida no interior dos seus cultores), de origem judaica, que diz respeito a DEUS e ao UNIVERSO, que nos afirma que chegou a alguns seres humanos como uma revelação para eleger santos de um passado remoto e preservada por alguns privilegiados, bem como uma revelação do Grande Mistério.
Uma grande parte das formas da Cabala ensina que cada letra, cada palavra, cada número contém um sentido oculto e tem os seus métodos de análise e interpretação para verificar cada um desses sentidos ocultos.

Só um pequeno número de cabalistas detinha (detém) a chave para predizer acontecimentos e ocorrências pela
Cabala.

Donde a evolução da palavra Cabala para significar uma associação secreta de uns poucos indivíduos que querem obter posição e poder por meio de práticas ocultas e astuciosas, usando de uma linguagem secreta.

Para perceber a evolução da palavra Cabala no vocabulário português desde a inicial definição de um sistema religioso e espiritual do judaísmo até ao actual sinónimo de conspiração, intriga e trama, é necessário recuar até ao Portugal de quinhentos e à Inquisição.

Com efeito, a Inquisição portuguesa foi decretada oficialmente pelo Papa Clemente VII, em 1531, iniciando um regime de perseguição, terror e obscurantismo, para defender a pureza da religião católica e que viria a subjugar o país até ser, finalmente, abolida, em 22 de Abril de 1821.

Os seus alvos primários seriam os judeus portugueses, a esmagadora maioria dos quais convertidos ao catolicismo pela força, no seguimento do decreto de expulsão assinado pelo rei D. Manuel I, a 5 de Dezembro de 1496.

Nos círculos judaicos tradicionais, a Cabala era algo envolto em mistério, do qual muitos ouviam falar mas apenas muito poucos sabiam exactamente o que significava.

No Portugal de quinhentos, o judaísmo era praticado em segredo e sob o espectro permanente das fogueiras da Inquisição, pelo que o secretismo era ainda mais exacerbado.

Há, nesta época, um anti-semitismo religioso sem paralelo, que tem por base toda uma construção no sentido de que os judeus é que haviam sido os responsáveis pelo assassinato de Cristo e que portanto, ou são assassinos ou filhos de assassinos, tudo isto numa sociedade que adora o Deus que eles, judeus, são acusados de matar.

Palavras como judeu, judiaria ou judiar passam a ser usadas em sentido pejorativo, como insulto ou sinónimo de crueldade – quando, a final, eram os judeus as vítimas das prisões, torturas e fogueiras inquisitoriais.

O mesmo aconteceu com a palavra Cabala.

Associada à mística judaica, misteriosa aos olhos dos não-iniciados, a Cabala passa igualmente a ter uma conotação negativa, associada ao secretismo e à Conspiração, num sentido lato e sinistro.

E hoje em dia, quase duzentos anos sobre o fim da Inquisição, a palavra Cabala tem o sentido de Conspiração, não só aplicada aos judeus, mas a qualquer grupo, mais ou menos extenso, que actua com secretismo e linguagem implícita entre os seus membros, para atingirem fins inconfessáveis ou atingirem um alvo.

No Direito Penal português (e não só), para que a actuação de um grupo e seus elementos tenha relevância criminal, é necessários que todos os seus membros actuem mancomunados, concertados, de comum acordo e em comunhão de esforços que dirigem a um mesmo propósito criminoso.

Se algum elemento não actua com essa concertação de vontades mas actua (isoladamente) com o mesmo fim criminoso, diz-se que teve uma actuação paralela e será, então, responsabilizado, não por actuação em grupo, mas apenas e tão só pela sua actuação individual.

Só que há grupos que actuam parecendo que os seus elementos têm apenas actuações paralelas, quando, de facto, estão mancomunados e concertados em vontades, não por se terem reunido para tal fim, usando uma linguagem comum ou exotérica, mas antes dentro de uma linguagem secreta de solidariedade entre si, enfim, dentro de uma linguagem de solidariedade oculta, implícita, esotérica,
cabalística.

Temos então a Cabala igual a Conspiração e em que os defensores dos seus agentes, agora também cabalisticamente, mas numa linguagem exotérica, defendem que a Cabala e a Conspiração não existem, por falta de acordo de vontades dos seus agentes.

Ora, é precisamente aqui que se define a Conspiração Cabalística.

Os seus agentes têm uma actuação concertada de vontades, não às claras e de modo visível, mas apenas esotericamente e implicitamente efectuada (Conspiração através da Cabala).

Mas, para os leigos (para o povo), e exotericamente falando, não há acordo de vontades, pelo que houve apenas actuações paralelas e simples coincidências na actuação dos agentes.

Assim, e argumentando deste modo, excluem os elementos da Conspiração Cabalística a INTENÇÃO de conspirar.

Ou seja, que não há relevância criminal na sua actuação (conjunta) por falta de vontade (dolo) de delinquir, porque não há Conspirações nem Cabalas negligentes ou involuntárias.

E, juridicamente, é muito difícil provar o contrário.

Leia, aqui, a história real de um Magistrado, vítima de Conspiração Cabalística da PGR, com processos “kafkianos” contra si instaurados e em que a sua defesa passa por denunciar os rabos de palha processuais dos “profissionais” perseguidores (entre os quais a omissão e ocultação de documentos autênticos, para o incriminar criminosamente), já denunciados perante a Justiça e os órgãos de poder.

(Falta saber o âmbito e a amplitude da Cabala Conspirativa…).

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1 Comments:

Blogger Biranta said...

Nós todos sabemos o âmbito e amplitude da cabala conspirativa, porque somos vítimas dela, todos os dias. Até sabemos quem são os implicados. Eles actuam, às claras, usando da mentira e do logro, sem nunca darem contas dos seus crimes (a começar pelas mentiras), porque não há a quem dar contas; estão todos implicados. Desde os deputados, de todos os partidos, até aos altos responsáveis aos diferentes níveis, incluindo o Presidente da República que, por ser maçon, ou não, é o reponsável, final, por tudo isto, tanto pelo que faz e diz, como pelo que não faz (ser o garante do regular, e adequado, funcionamento das instituições). O povo está só e desamparado, nesta luta e é por isso que a vitória ainda não nos sorriu (embora eu pense que será inevitável, a menos que fiquemos todos de braços cruzados, à espera que a solução caia do céu).

1:37 da tarde  

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