A Cidadania e a Ideologia de "Iniciação" ao Poder
Desde o 25 de Abril de 1974, com a queda do anterior regime autoritário (mas com Ordem, embora injusta) que o POVO (entendido como substracto sociológico do País), começou, como se vivêssemos num tal regime, a falar de vivência em liberdade e democracia.
A última tem a ver com a afirmação da legitimidade política do poder assente no Povo e para o Povo e a primeira, grosso modo, com a capacidade de cada um poder fazer o que quer, sem qualquer barreira do Estado, a não ser a determinada pela liberdade dos outros.
Puro engano!
Nem a nossa democracia assenta na vontade do Povo, a não ser quando vota os seus representantes, que depois exercem o poder, nem a liberdade existe de modo pleno, nem só limitada pela liberdade do próximo.
A nossa sociedade assenta fundamentalmente na ideologia da iniciação ao Poder, isto é, em que qualquer pessoa se desenvolve politicamente na medida em que passa por provas e barreiras, sempre subordinadas ao fim de TER poder.
Provas e barreiras essas definidas pela própria cultura dominante ou pelos governantes, ou candidatos a governantes.
Os nossos representantes (governantes), que chegaram a tal posição depois de atravessarem muitas barreiras e provas para atingirem tal estatuto, vão dirigindo a sociedade dentro dos princípios da iniciação ao TER poder.
Toda a gente tem de passar por provas e obstáculos.
E os homens que detêm o poder mais não fazem do que dirigir tais provas ou obstáculos. Esta a raiz da ideologia do poder em que vivemos.
Quando um cidadão se afirma em sociedade tem que atravessar primeiramente os obstáculos da Lei, aquela ética que o poder define como podendo ser imposta coactivamente, isto é, através da força organizada politicamente, desde a Administração Pública (com a hierarquia administrativa do poder) até às Polícias (ordem pública e investigação criminal) e aos Tribunais, estes últimos aplicando as sanções legais (multas, prisão e outras) a quem a desafie e viole.
Em democracia, em princípio, qualquer ética é igual a uma qualquer outra, pois todas são igualmente relativas.
Porém, o poder político, designadamente o poder Legislativo, define e impõe a sua meta-ética (a ética que deve prevalecer) para a impôr a todos os cidadãos.
A cidadania, na ideologia do SER, mais não é do que o reconhecimento de que todos são iguais perante a Lei e que podem concorrer, de boa fé, para a formação da vontade política em igualdade de oportunidades.
Mas para que uma tal cidadania se possa afirmar em sociedade é necessário que todos os seus elementos lutem e possam lutar, de boa fé, para afirmar a sua visão ética e política.
Só que o poder, através da ideologia da iniciação ao poder, tendo atingido posições de definição ética coactiva, através da Lei, esquece os princípios da cidadania e põe a tónica no poder real, na sua ética relativa, sem consensos alargados dos cidadãos, mas apenas e tão só dos que também têm poder dentro da ideologia da iniciação ao poder.
Isto é, só quem passa pelas provas de iniciação ao Poder, consegue subir até à definição e imposição de uma qualquer ética, quer dizer, ter poder.
E para ter poder, a iniciação não é feita ao melhor conhecimento da realidade, para melhor governar, ou seja, para melhor resolver os problemas da sociedade e dos cidadãos.
A ideologia dominante da iniciação dos políticos é feita fundamentalmente para atingir o poder.
Parte-se, em campanha eleitoral, da melhor linguagem para convencer o Povo a votar e só depois se pensa na realidade. Ou então, se a realidade é dura, o candidato ao poder não fala dela, mas efabula uma outra para convencer os votantes.
Só depois de chegar ao poder é que o governante vai ver ou apresentar a realidade que, referida antes das eleições, não lhe dava votos, porque ele não tinha soluções para ela.
Os candidatos ao poder inventam uma realidade, na campanha eleitoral, e dão as soluções académicas e credíveis estudadas em gabinete.
Só depois pensam nos problemas reais e sua resolução.
Porque o seu objectivo real é primeiro atingir o poder e só depois trabalhar com a realidade da sociedade e dos cidadãos.
São as regras dominantes da sua ideologia de iniciação ao Poder.
É um engano gigantesco.
Por outro lado, como vivemos numa sociedade de grandes diferenças éticas e capacidades económicas, culturais e de afirmação, são muitos os cidadãos chamados, mas poucos os escolhidos.
E muitos não se sentem capazes de lutar e de se subordinar a tais regras, e, ou ignoram o poder ou prestam homenagem e dobram-se perante os que o podem fazer.
Temos assim, e de facto, não uma sociedade de cidadãos, na sua totalidade, mas uma sociedade de muitos desinteressados pelo poder ou súbditos.
E a democracia sem cidadãos não existe como tal e plenamente em toda a sua horizontalidade mas apenas em certos sectores verticais porque havendo cidadãos desinteressados ou que se dobram e prestam homenagem a outros, não são cidadãos mas súbditos.
É evidente que há muitos outros cidadãos, que mesmo sem alcançar posições de poder político, lutam pela sua cidadania, pela verdadeira iniciação ao SABER e não ao Poder.
Mas sofrem sempre a oposição dos que estão no poder ou da sua ideologia.
Eis porque a nossa “democracia” ainda é muito imperfeita.
A última tem a ver com a afirmação da legitimidade política do poder assente no Povo e para o Povo e a primeira, grosso modo, com a capacidade de cada um poder fazer o que quer, sem qualquer barreira do Estado, a não ser a determinada pela liberdade dos outros.
Puro engano!
Nem a nossa democracia assenta na vontade do Povo, a não ser quando vota os seus representantes, que depois exercem o poder, nem a liberdade existe de modo pleno, nem só limitada pela liberdade do próximo.
A nossa sociedade assenta fundamentalmente na ideologia da iniciação ao Poder, isto é, em que qualquer pessoa se desenvolve politicamente na medida em que passa por provas e barreiras, sempre subordinadas ao fim de TER poder.
Provas e barreiras essas definidas pela própria cultura dominante ou pelos governantes, ou candidatos a governantes.
Os nossos representantes (governantes), que chegaram a tal posição depois de atravessarem muitas barreiras e provas para atingirem tal estatuto, vão dirigindo a sociedade dentro dos princípios da iniciação ao TER poder.
Toda a gente tem de passar por provas e obstáculos.
E os homens que detêm o poder mais não fazem do que dirigir tais provas ou obstáculos. Esta a raiz da ideologia do poder em que vivemos.
Quando um cidadão se afirma em sociedade tem que atravessar primeiramente os obstáculos da Lei, aquela ética que o poder define como podendo ser imposta coactivamente, isto é, através da força organizada politicamente, desde a Administração Pública (com a hierarquia administrativa do poder) até às Polícias (ordem pública e investigação criminal) e aos Tribunais, estes últimos aplicando as sanções legais (multas, prisão e outras) a quem a desafie e viole.
Em democracia, em princípio, qualquer ética é igual a uma qualquer outra, pois todas são igualmente relativas.
Porém, o poder político, designadamente o poder Legislativo, define e impõe a sua meta-ética (a ética que deve prevalecer) para a impôr a todos os cidadãos.
A cidadania, na ideologia do SER, mais não é do que o reconhecimento de que todos são iguais perante a Lei e que podem concorrer, de boa fé, para a formação da vontade política em igualdade de oportunidades.
Mas para que uma tal cidadania se possa afirmar em sociedade é necessário que todos os seus elementos lutem e possam lutar, de boa fé, para afirmar a sua visão ética e política.
Só que o poder, através da ideologia da iniciação ao poder, tendo atingido posições de definição ética coactiva, através da Lei, esquece os princípios da cidadania e põe a tónica no poder real, na sua ética relativa, sem consensos alargados dos cidadãos, mas apenas e tão só dos que também têm poder dentro da ideologia da iniciação ao poder.
Isto é, só quem passa pelas provas de iniciação ao Poder, consegue subir até à definição e imposição de uma qualquer ética, quer dizer, ter poder.
E para ter poder, a iniciação não é feita ao melhor conhecimento da realidade, para melhor governar, ou seja, para melhor resolver os problemas da sociedade e dos cidadãos.
A ideologia dominante da iniciação dos políticos é feita fundamentalmente para atingir o poder.
Parte-se, em campanha eleitoral, da melhor linguagem para convencer o Povo a votar e só depois se pensa na realidade. Ou então, se a realidade é dura, o candidato ao poder não fala dela, mas efabula uma outra para convencer os votantes.
Só depois de chegar ao poder é que o governante vai ver ou apresentar a realidade que, referida antes das eleições, não lhe dava votos, porque ele não tinha soluções para ela.
Os candidatos ao poder inventam uma realidade, na campanha eleitoral, e dão as soluções académicas e credíveis estudadas em gabinete.
Só depois pensam nos problemas reais e sua resolução.
Porque o seu objectivo real é primeiro atingir o poder e só depois trabalhar com a realidade da sociedade e dos cidadãos.
São as regras dominantes da sua ideologia de iniciação ao Poder.
É um engano gigantesco.
Por outro lado, como vivemos numa sociedade de grandes diferenças éticas e capacidades económicas, culturais e de afirmação, são muitos os cidadãos chamados, mas poucos os escolhidos.
E muitos não se sentem capazes de lutar e de se subordinar a tais regras, e, ou ignoram o poder ou prestam homenagem e dobram-se perante os que o podem fazer.
Temos assim, e de facto, não uma sociedade de cidadãos, na sua totalidade, mas uma sociedade de muitos desinteressados pelo poder ou súbditos.
E a democracia sem cidadãos não existe como tal e plenamente em toda a sua horizontalidade mas apenas em certos sectores verticais porque havendo cidadãos desinteressados ou que se dobram e prestam homenagem a outros, não são cidadãos mas súbditos.
É evidente que há muitos outros cidadãos, que mesmo sem alcançar posições de poder político, lutam pela sua cidadania, pela verdadeira iniciação ao SABER e não ao Poder.
Mas sofrem sempre a oposição dos que estão no poder ou da sua ideologia.
Eis porque a nossa “democracia” ainda é muito imperfeita.
Que fazer?
Lutemos para que todos sejamos cidadãos plenos e para que tenhamos uma democracia, sem a iniciação dominante ao poder pelo poder, mas pelo SABER, embora sem esquecer as desigualdades da natureza.
Lutemos por uma democracia em que todos possamos ser chamados (através da liberdade) a ser cidadãos plenos, embora apenas alguns sejam escolhidos para governantes, por ser essa a lei da natureza e há séculos reconhecida biblicamente.
Mas sem enganos políticos, sem a ideologia do poder pelo poder.
Com o Poder adquirido pelo SABER.
Com o Poder a SERVIR a Sociedade e os Cidadãos.
Leia, aqui, a história bem real de um Magistrado, que por não se deixar subordinar à ideologia do poder pelo poder, é vítima de perseguições “kafkianas” de um poder corporativo (a PGR), sem resposta atempada da Justiça e que luta e aguarda, como CIDADÃO, providências, legais e políticas, da Assembleia da República.
A não perder.
Lutemos para que todos sejamos cidadãos plenos e para que tenhamos uma democracia, sem a iniciação dominante ao poder pelo poder, mas pelo SABER, embora sem esquecer as desigualdades da natureza.
Lutemos por uma democracia em que todos possamos ser chamados (através da liberdade) a ser cidadãos plenos, embora apenas alguns sejam escolhidos para governantes, por ser essa a lei da natureza e há séculos reconhecida biblicamente.
Mas sem enganos políticos, sem a ideologia do poder pelo poder.
Com o Poder adquirido pelo SABER.
Com o Poder a SERVIR a Sociedade e os Cidadãos.
Leia, aqui, a história bem real de um Magistrado, que por não se deixar subordinar à ideologia do poder pelo poder, é vítima de perseguições “kafkianas” de um poder corporativo (a PGR), sem resposta atempada da Justiça e que luta e aguarda, como CIDADÃO, providências, legais e políticas, da Assembleia da República.
A não perder.
(Este "post" foi citado em www.sociocracia.blogspot.com, no seu "post" intitulado "Democracia e Poder!", de 27.05.05).
1 Comments:
Apoiado! Vou citá-lo em Sociocracia
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