Apelo ao Povo português
Os bancos fazem uso do
multiplicador monetário (LINK) para adquirirem os seus lucros fabulosos.
Ou seja, e sintetizando, os
bancos têm determinada quantia monetária (ou de depósitos) mas podem multiplicá-la,
numa base de 100, para 5000.
Isto é, segundo as regras de
Basileia (LINK), os bancos têm que ter reservas monetárias de cerca de 2% do capital que
emprestam.
Vale isto dizer que os bancos
fazem dinheiro do NADA.
Se têm 100 €, podem emprestar 5.000
€.
Se tiverem 1000 €, podem
emprestar 50.000 €.
E o dinheiro emprestado, volta a
constituir reserva de capital, sobre a qual podem fazer novos empréstimos na mesma
proporção de uma base de 100 multiplicada para 5000.
Um exemplo:
Reserva Empréstimo
100 € 5.000 €
4.900 € (5000-5000x2%) 245.000 €
240.100 € (245000-245000x2%) 12.005.000 €
E assim sucessivamente.
Temos, assim, que para uma
reserva de capital de 245.100 €, o banco fez empréstimos no valor de, pelo menos,
12.255.000 €.
Ou seja, teve um lucro líquido
(em boa cobrança), de 12.009.900 €.
E isto para uma reserva monetária
(dinheiro de depósitos) de apenas 100 €.
Ou seja, todos aqueles valores
que o banco emprestou, não passam de, em vez de dinheiro, de dívidas dos
beneficiários dos empréstimos, não passam de dinheiro virtual, de dígitos em
computar.
Tais beneficiários têm, assim,
que pagar, não só o capital de dinheiro fictício, como ainda juros sobre esse
mesmo “dinheiro” que não existe e ainda um spread (tal é a gula da banca).
Vemos assim, “grosso modo”, que
do dinheiro que circula, apenas cerca de 2% corresponde a dinheiro
da produção económica (notas e moedas) e que cerca de 98% é dinheiro virtual, feito do NADA.
Como o dinheiro virtual é
muitíssimo superior à produção económica é impossível pagar o capital de todos
os empréstimos (ainda acrescidos de juros e spreads) porque os beneficiários de
empréstimos só podem pagar com a sua produção económica, aquela que entra para
o PIB.
Assim sendo, fica sempre alguém
de fora que não consegue pagar os seus empréstimos.
Os bancos financiam tudo o que
lhes pode dar lucro.
E tudo lhes pode dar lucro desde
que eles tenham o mínimo de garantias dadas pelos devedores com outros bens
económicos (correspondentes à produção).
Mas como é impossível, como
vimos, todos pagarem todos os empréstimos, esta “bolha”, própria do sistema
financeiro, acaba por rebentar.
E isso acontece inevitavelmente,
quer os empréstimos sejam para a compra de casa de habitação pela generalidade
dos cidadãos, seja para viagens, seja pela especulação financeira com compra de
derivados ou com a “venda” do que quer que seja que implique o pedido de
empréstimos.
E quando os empréstimos não são pagos, os bancos vão buscar os bens dos devedores dados em garantia, isto é, apropriam-se de valores reais, correspondentes à economia, apropriando-se, assim, da riqueza dos cidadãos a troco de dinheiro feito do NADA.
E quando os empréstimos não são pagos, os bancos vão buscar os bens dos devedores dados em garantia, isto é, apropriam-se de valores reais, correspondentes à economia, apropriando-se, assim, da riqueza dos cidadãos a troco de dinheiro feito do NADA.
O mesmo se passa com a dívida
soberana dos países.
A banca empresta dinheiro naqueles
moldes aos países que vão pagando com certa produção económica e com novos
empréstimos, até que chega a um ponto em que a banca (ou os “credores”, como é
vulgo dizer-se na linguagem política) exige o pagamento dos empréstimos, isto
é, do capital (pelo menos 98% fictício e feito do NADA) e ainda juros.
Claro que os países nunca os
conseguem pagar, porque não há produção económica que chegue para pagar
empréstimos de dinheiro fictício, acrescido de juros, da mesma maneira que os particulares também
não podem, TODOS, pagar os seus empréstimos, como vimos.
E assim, os países como Portugal (que
é o que aqui interessa, mas que se aplica a qualquer país com dívida soberana),
não tendo hipóteses de sobreviver sem novos empréstimos (já que não podem emitir
moeda), ficam nas mãos da chantagem dos “credores”, que impõem que o governo
roube o dinheiro do povo para ir pagando a dívida soberana, garantindo assim,
que os chantagistas lhe façam novos empréstimos.
E isto não tem fim?
Tem fim, mesmo com o sistema em
vigor a funcionar.
Os chantagistas e ladrões dos “credores”
(sistema financeiro vigente) procuram equilibrar a diferença entre o capital
financeiro e a riqueza económica do país, sugando-a até não restar nada,
chamando a isso ajustamento.
Quais são então, os limites do
sistema?
Bom…Qualquer especulador precisa
de consumidores…Depois de roubarem o povo, sem dó nem piedade, podem:
- “oferecer” um injecção
monetária (mais dívida, mas ainda não por cobrar completamente) que, conforme
as teorias keynesianas (e defendidas inclusive por Paul Krugman, prémio Nobel
da economia, em “Acabem com Esta Crise, JÁ!”, da Editorial Presença) incentiva
a economia e leva ao crescimento económico, o que significa mais riqueza, que
voltará a ser exigida, mais tarde e quando lhes interessar, pelos chantagistas
(vulgo “credores”);
- ou perdoar grande parte da
dívida porque lhes não custa nada, já que pelo menos 98% dela é fictícia.
Haverá outra alternativa “fora”
do sistema vigente?
Sim, bastando, para tanto e no
quadro dos países da EU, que o Banco Central Europeu centralizasse todas as
funções da banca, criando também o seu dinheiro fictício e emprestando-o aos países
da mesma EU, quer para os financiar, quer para lhes pagar as dívidas a outros
credores, como faz a Reserva Federal nos Estados Unidos da América.
Só que esta alternativa não é do
agrado da Alemanha que alega temer a inflação, dados os pesadelos que esta lhe causou,
como dá a conhecer a sua História.
Mas “isso” esconde outra política
e outros interesses da Alemanha porque, em princípio, o dinheiro feito do nada
não causa crises de inflação, estendendo-se, antes, ao longo de grandes
períodos sem efeitos perversos imediatos, desde que seja controlado o dinheiro
real, o correspondente à economia.
Esta é, numa síntese sem todo o rigor
epistemológico, porque ignora muitas outras variáveis, uma caricatura correcta
do sistema financeiro e de como os países se podem tornar reféns absolutos da
chantagem dos credores da dívida soberana (a que se têm que render, se não
procurarem alternativas patrióticas, como é o caso de Portugal e o seu estulto
governo), como muito simbolicamente se quis dizer com o hastear da bandeira
nacional de pernas para o ar no 5 de Outubro p. p., pelo Presidente da República,
em sinal de rendição ao inimigo.
Os governantes de Portugal, desde
o executivo até ao Presidente da República, devem explicar ao Povo, sem
equívocos e com linguagem clara, se é ou não verdade, em termos genéricos, o
que se acaba de referir aqui e, se sim, se sabem quais as saídas para isso e, se não é
verdade, se sabem qual é a verdadeira situação económica e financeira em que
nos encontramos e se sabem quais são as alternativas para terminar com este
sufoco criminoso desta austeridade maldita - e sem quaisquer consequências benéficas - em que
nos encontramos.
E deixem-se de “tretas” de alarme
social, porque em ALARME já o Povo vive há bastante tempo, enquanto o executivo
faz orelhas moucas às manifestações populares.
Aqui fica, pois, o meu apelo ao
Povo português para que exija saber o que se passa àqueles seus “representantes”.
- Victor Rosa de Freitas -
2 Comments:
Extrai-se, "grosso modo", do meu texto supra, que, se Portugal pedisse emprestado mil milhões de Euros e os aplicasse numa sua banca nacionalizada, obteria 50 mil milhões. Se pedisse 2 mil milhões, com a mesma aplicação, obteria 100 mil milhões.Como o total da dívida soberana portuguesa anda à volta de 200 mil milhões, seria suficiente um empréstimo de 4 mil milhões para saldar toda essa dívida. Vejam a roubalheira a que o país está sujeito por ser a banca privada a maior beneficiária da "ajuda" da troika!...
E os nossos "representantes" escondem tudo isso muito bem escondidinho...para poderem "mamar" faustosamente com este "sistema" em que vivemos...
Dito de outro modo: a dívida real (descontando o "dinheiro" fictício, o "dinheiro" feito do NADA pelos nossos chantagistas-credores)de Portugal é de 4 (quatro)mil milhões de Euros, quantia que o governo se prepara para extorquir aos portugueses (para além do que já extorquiu, com a "necessidade" de austeridade)para entregar à "troika", sendo que a extensão do período de "maturidade" é para garantir que os credores realizem a globalidade da anunciada dívida portuguesa (200 (duzentos)mil milhões), através do sistema bancário e financeiro, com a criação do já referido dinheiro fictício e feito do NADA...
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