segunda-feira, setembro 22, 2008

AINDA SOBRE A CABALA

Portugal é, ele mesmo, um país cabalístico, ou, dito de uma forma mais crua, é, em si mesmo, um país que vive de grandes cabalas.

Permitam-me que explique.

Se definirmos cabala “como uma teoria esotérica religioso-filosófica, que se alimenta do conluio, da intriga secreta entre indivíduos que conspiram para o mesmo fim, por meio da maquinação e da tramóia e que pressupõe a existência de um grupo de conspiradores, com um plano pré-concebido e consciente para suprimir, manipular e distorcer provas ou inventar e ocultar factos”, (definição tirada
DAQUI ), Portugal vive dessa teoria esotérica.

Quem tem o poder – ou pretensões de alcançá-lo – “fala”, para os seus, apenas uma linguagem esotérica e cabalística.

Os “governantes”, deputados, as hierarquias das magistraturas, os partidos políticos e qualquer “político”, em geral, só é bem sucedido se falar a linguagem cabalística.

Toda esta gente tem interesses comuns e vivem de comer da mesma gamela: o erário público ou a coisa pública ou através do poder público.

Assim, usam dessa linguagem cabalística para se entenderem todos uns com os outros e enganarem o povo, a arraia-miúda ou os “inimigos”.

O povo, esse substracto sociológico abstracto do país, houve-os dizer sempre que visam a defesa do interesse público, que visam a defesa da comunidade e do povo e o interesse geral das populações...

Como se comunicam, então, entre eles?

Ora, ora, meus amigos!

Qualquer místico medíocre vos saberá fazer a distinção entre linguagem exotérica – para o povo – e linguagem esotérica - para os membros cabalísticos.

Para se entenderem entre eles, usam nos discursos oficiais determinadas palavras-chave ou temas-chave, para marcarem a agenda dos “problemas” (melhor dizendo, dos seus interesses pessoais).

Mas o grosso da “informação” cabalística que passam uns aos outros é, precisamente…, meus amigos…, através dos meios de comunicação social.

Vou-lhes dar, meus caros leitores, um exemplo corriqueiro.

Determinado ministro está a ser investigado pelo Ministério Público (um magistrado isento e imparcial) sobre determinadas negociatas com terrenos do erário público, com luvas debaixo da mesa.

O processo estará em “segredo de justiça”.

Pois, em determinado jornal ou TV poderá sair a notícia com o seguinte cabeçalho em letras gordas: “Ministro encravado”, seguindo-se a notícia de que em tal lugar (o dos terrenos em causa) um determinado ministro ficou com a saída do seu automóvel bloqueada.

Trata-se de uma não-notícia.

Mas a mensagem passou e o ministro visado já está de sobreaviso quanto à investigação em curso.

Pois uma não-notícia normalmente serve para passar a mensagem do tipo da que se referiu.

Depois há a agenda “política” – os temas sobre que o povo deve “pensar” – desde as longas novelas diárias, passando pelo aquecimento global, as revistas côr-de-rosa e seus protagonistas, etc., etc., etc., que, se servem, em primeira linha, para “alienar” o povo, servem também para passar outras tantas mensagens entre os cabalistas.

Isto para não falar dos “camaradas”, amigos, companheiros e correlegionários de partido, associação ou fundação, dos primos e amigos de amigos a quem se mete uma cunha, ou com quem se trafica influências…

Mas como há o perigo de um “inimigo” escutar as conversas pessoais, não há nada como usar os meios e a “linguagem” cabalística.

Portugal é uma enorme cabala ou conjunto de cabalas (conforme os interesses de grupo económico, partido ou corporação…).

Quem sabe falar a “linguagem” cabalística e está integrado em círculos de “poder”, “safa-se”.

Quem não a sabe falar ou entender, ou simplesmente influenciá-la, “lixa-se”.

A lei – no rigor da Ciência Política - é precisamente aquele reduto de contra-poder à cabala pelo seu rigor endógeno científico, quer na sua formulação, quer na sua aplicação prática, judiciária e judicial.

Porém, a lei, em Portugal, salvo raras excepções, não passa de mais um “linguajar” cabalístico em forma “jurídica” para enganar papalvos ou ser, excepcionalmente, com o seu rigor jurídico, aplicada aos indiferentes.

Para os “amigos” e para os “inimigos” é usada cabalisticamente conforme os interesses em jogo.

Já agora, pense nisso!

PS: com este tipo de mensagens e de escritos tenho levado o “fogo dos Deuses” ao Povo. Percebem, agora, porque é que “alguém”, com perseguição cabalística, quer fazer de mim um Prometeu? A ver vamos como se aguentam a Lei e seus aplicadores…É que eu acredito que Deus é superior a Zeus!

3 Comments:

Blogger Diogo said...

Excelente post!

8:34 da tarde  
Blogger Cleopatra said...

"Ministério Público (um magistrado isento e imparcial)"

1ª erro- O MP não é Magistrado
pelo menos é o que diz a CRP
2º erro o MP não isento nem imparcial. Nunca poderia sê-lo

Qto ao mais não me vou pronunciar porque não quero ou porque quero ...muito!

10:25 da tarde  
Blogger victor rosa de freitas said...

Os erros são seus, cara Cleo:

Quanto ao 1º que aponta, tenha a bondade de ler o artº 219º, nº 4 da CRP "Os agentes do Ministério Público são magistrados responsáveis..."

Quanto ao 2º: percebo bem o que quer dizer sobre o Ministério Público não ser isento e imparcial (também tenho essa percepção de que assim acontece na prática generalizada, porque o Ministério Público se comporta como "parte" - no crime, defendendo a acusação e no cível o interesse do Estado ou de quem representa). Chamo-lhe apenas a atenção de que qualquer funcionário público deve ser isento e imparcial o que se aplica a qualquer "funcionário/magistrado" do Ministério Público.

Sei que a senhora é Juiza. Os Juizes são (devem ser) isentos e imparciais com mais qualquer "coisa", isto é, apenas devem obediência à sua consciência e à lei, o que não pode acontecer no Ministério Público porque tem hierarquia.

Só que, se analizar o "espírito" da Lei vigente, o Ministério Público não só é uma magistratura (de magister), mas também deve obediência apenas à sua consciência, por isso que pode objectar de consciência jurídica.

Isto no "espírito" da lei.

Porque das práticas, é o que sabemos... (mesmo de certos juizes).

11:21 da tarde  

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