terça-feira, março 27, 2018

AFINAL, QUEM É O CESTEIRO?…


Nesta peça, José Miguel Júdice, a propósito da Operação Fizz, começa por perguntar se Orlando Figueira – o ex-Procurador arguido naquele processo – é um “cesteiro” e termina a sua intervenção com a mesma pergunta…

A interrogação daquele advogado – muito rico e poderoso no mundo “terreno” – prende-se com o ditado popular português «cesteiro que faz um cesto, faz um cento, e, tendo cipó e tempo, faz duzentos»…
Toda a gente sabe o significado de tal ditado e onde quer chegar, maldosamente, Miguel Júdice…
Logo de seguida este brinda aquele magistrado – em licença sem vencimento – com os epítetos de “arrogante” e que “parece que tem as costas quentes”, a propósito da sua conduta em julgamento…
Ora, Orlando Figueira, comparado com Miguel Júdice, é um “anjo”, uma pessoa de grande religiosidade, que acredita que as provas que a vida terrena lhe traz fazem parte do seu crescimento espiritual, que essa é a Vontade de Deus…
Numa palavra, Orlando Figueira, tem o “desassombro” de se afirmar – sem medos -, porque vê que se encontra nas “mãos de Deus” e porque é apenas Deus que lhe “aquece as costas” – e não qualquer poder terreno, como aquele que Miguel Júdice parece possuir em abundância…
O magistrado invocou Proença de Carvalho como autor do contrato de trabalho – e sua rescisão – que havia celebrado com o banqueiro Carlos Silva e justificativo dos dinheiros que havia recebido…
Como Júdice confessa, ele próprio é amigo de Proença de Carvalho, e a citação do amigo, pelo magistrado, leva Júdice a destilar ódios contra ele, magistrado…
Há aqui uma tensão entre um magistrado com “inocência” – simbolizado por Orlando Figueira – e um “veterano” de sucesso na advocacia – simbolizado por Miguel Júdice…
O primeiro, um magistrado de referência, honesto e preocupado com a Justiça – conforme depoimentos de colegas e juízes…
O segundo, um advogado poderoso e muito rico – materialmente – como é do conhecimento público…
O primeiro, que se deixou deslumbrar pela Matrix do consumismo tão típica dos angolanos, e que, pelo trabalho, procurou melhores rendimentos – e que está a ser responsabilizado por isso, mas de elevada consciência e religiosidade…
O segundo, causídico, que já foi Bastonário dos advogados e o primeiro, como tal, a ser processado disciplinarmente pela sua Ordem, e que, a meu ver, se reduz, espiritualmente, às riquezas mundanas e que não admite que o primeiro também as possa ter…
Dito isto, deixo uma pergunta:
Afinal, quem é o cesteiro?
Disse!
- Victor Rosa de Freitas -
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