domingo, julho 29, 2007

A VANTAGEM DE SER "APARATCHIK" NUM CERTO MINISTÉRIO PÚBLICO



O Sr. K., nos anos 90, dava e deu muito jeito para fazer, em representação de um certo Ministério Público, o julgamento de um perigoso mafioso calabrês, como de facto fez.

É que a hipótese havia sido posta de a intervenção em tal julgamento ser feita por um outro agente do Ministério Público, muito “conceituado”, muito “competente”, todo “aparatchik”, o Sr. P..

Só que este último virtual interveniente, quando se lhe foi posta a hipótese de tal intervenção, meteu logo baixa psiquiátrica.

Julgar um mafioso? e perigoso?: “ó, mãezinha, acode-me!, o que é que eu faço?”, gritava o Sr. P., em lágrimas desesperadas.

“Mete baixa, meu filhinho, mete baixa!”, respondia a mãezinha, consoladora, com o assentimento ávido da nora.

Foi o melhor que o imbecil, mas “competente”, o cobarde, mas “importante”, o desonesto e desgraçado, mas sempre “aparatchik”, do Sr. P., conseguiu fazer.

Logo que o julgamento do mafioso começou com o Sr. K., o cobardolas do Sr. P. apresentou-se ao serviço, muito compostinho, muito certinho, com mil e uma explicações à hierarquia sobra a sua baixa, causada por pequena depressão nervosa. Tudo por
excesso de trabalho e dedicação à função.

Tudo bem explicadinho e aceite porque ele foi humilde com a hierarquia, e sempre era o seu “aparatchik” de confiança.

Assim, nos anos 2000, o Sr. P. já subiu na hierarquia daquele Ministério Público, sendo hoje mais “importante”, encarregue de gerir uma grande jurisdição com elevado número de magistrados, de dar palpites sobre o mérito de outros ou para apor a sua “douta” assinatura em punições disciplinares, incluindo o Sr. K..

Assim vai o mundo do cobarde e imbecil Sr. P. dentro de um certo Ministério Público.

O cobarde e imbecil, e sempre “aparatchik”, Sr. P., sobe na hierarquia funcional.

O Sr. K., nos anos 2000, é perseguido pela mafia e pelos seus próprios pares, a que não é alheia a má-vontade do Sr. P. contra si.

O Sr. K. exerceu com coragem e dignidade as suas funções, acreditou na “justiça” e tirou lições práticas de um julgamento desta envergadura.

O Sr. P. “defendeu-se” e seguiu os conselhos maternais e conjugais, que nisto da “justiça” nunca se põe em causa a pele.

Só que o Sr. K. sabia quais as razões da baixa do Sr. P., e que este era cobarde e imbecil, e isso não convém que se saiba de um
“aparatchik”.

E o Sr. P. sabia que o Sr. K. sabia.

Que podia, porém, o Sr. K. fazer contra o poder do “aparatchik”, Sr. P.?

Nada!

Ou melhor, apenas lutar.

Eis como se desenha o futuro dos Srs. K. e P. num certo Ministério Público.

Claro que esta pequena história não tem nada que ver com a realidade.

Se tivesse, era só mera coincidência.


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