quinta-feira, janeiro 02, 2020

O “KRIYA” IOGA…

«A CIÊNCIA DO “Kriya” ioga, tantas vezes mencionada nas páginas deste livro, tornou-se bem conhecida na Índia moderna através de Lahiri Mahasaya, o guru do meu mestre. A raiz sânscrita da palavra “Kriya” é “kri”, que significa fazer, agir e reagir; encontramos a mesma raiz na palavra carma, o princípio da causa e efeito. “Kriya” ioga, portanto, é «a união (ioga) com o Infinito por intermédio de uma determinada acção ou ritual. Um iogue que pratica a sua técnica com fidelidade liberta-se gradualmente do carma, ou princípio universal da causalidade.
«Em razão de antigas restrições próprias do ioga, não posso dar uma explicação completa do “Kriya” ioga nas páginas de um livro destinado ao grande público. A verdadeira técnica deve ser aprendida com um “kriyaban” ou “kriya” iogue. Limitar-me-ei a dar uma descrição em termos gerais.
«”Kriya” ioga é um método simples, psicofísico, pelo qual o dióxido de carbono é retirado do sangue humano e substituído por oxigénio. Os átomos desse oxigénio adicional são transformados em energia vital para rejuvenescer o cérebro e os centros da coluna vertebral. Ao interromper a acumulação de sangue venoso, o iogue é capaz de diminuir ou evitar a deterioração dos tecidos; o iogue avançado transforma as suas células em energia pura. No passado, Elias, Jesus, Kabir e outros profetas foram mestres no uso do “kriya” ioga, ou de alguma técnica similar, pela qual desmaterializavam os seus corpos livremente. O “kriya” é uma ciência antiga. Lahiri Mahasaya aprendeu com o seu guru, Babaji, que redescobriu e elucidou a técnica, perdida durante a Idade das Trevas.
«O “kriya” ioga, que por seu intermédio estou a transmitir ao mundo neste saéculo XIX», disse Babaji a Lahiri Mahasaya, «é um novo despertar da ciência que, há milénios, Krishna ofereceu a Arjuna e que mais tarde chegou ao conhecimento de Patanjali, São João, São Paulo e outros discípulos.
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««O “kriya” ioga é um instrumento pelo qual a evolução humana pode ser acelerada», explicou Sri Yukteswar aos alunos. «Os antigos iogues descobriram que o segredo da consciência cósmica está intimamente ligado ao controlo da respiração. Essa é contribuição incomparável e perene da Índia para o tesouro do conhecimento mundial. A energia vital, que é geralmente consumida para fazer o coração pulsar, deve ficar livre para actividades mais elevadas, com a ajuda de um método para aquietar e fazer cessar as exigências incessantes da respiração.»
«O “kriya” iogue faz circular mentalmente a sua energia vital, em direcção ascendente e descendente, ao redor dos seis centros da coluna vertebral (plexus medular, cervical, dorsal, lombar, sacral e coccígeo), que correspondem aos doze signos astrais do zodíaco e simbolizam o Homem Cósmico. Trinta segundos de circulação dessa energia em redor da sensitiva coluna vertebral humana produz um progresso subtil na sua evolução. Esse meio minuto de “Kriya” corresponde a um ano de desenvolvimento espiritual natural.
(…)
«O “Kriya” ioga não tem nada em comum com os exercícios respiratórios, de carácter pouco científico, ensinados por algumas pessoas fanáticas e equivocadas. As suas tentativas de forçar a retenção de ar nos pulmões são impróprias e muito desagradáveis. O “Kriya”, pelo contrário, é acompanhado, desde o princípio, por uma sensação de paz e relaxamento, com efeitos regenerativos na coluna vertebral.
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«Os efeitos rejuvenescedores do sono devem-se ao facto de que, enquanto dorme, o homem perder temporariamente a consciência do corpo e da respiração. O homem adormecido transforma-se, inconscientemente, num iogue. Todas as noites celebra o ritual iogue de se libertar da identificação com o corpo e funde a energia vital com as correntes curativas produzidas na região central do cérebro e nos seis subdínamos dos centros medulares. Sem se aperceber, o homem adormecido mergulha no reservatório de energia cósmica que sustenta a vida.
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«No “Kriya”, a energia vital não se perde, nem é desperdiçada pelos sentidos, sendo compelida a fundir-se com as energias mais subtis da coluna vertebral. Através dessa revitalização, o corpo do iogue e as células cerebrais são electrificadas pelo elixir espiritual. Com isso, deixa de estar sujeito a uma observância obrigatória das leis naturais, que só podem conduzi-lo por meios indirectos, propiciados por uma alimentação adequada, luz solar e pensamentos harmoniosos, a um Objectivo que ele levaria um milhão de anos a alcançar. São necessários doze anos de vida normal e sadia para que ocorra a mais insignificante alteração na estrutura cerebral, e um milhão de revoluções solares para que o tecido cerebral se refine ao ponto de conseguir manifestar a consciência cósmica.
«(…)»
(In “Autobiografia de um IOGUE”, de Paramahansa Yogananda, Dinalivro, págs. 165, 166, 168, 169 e 170)
- Victor Rosa de Freitas –
Benavente, 02.01.2020

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