terça-feira, dezembro 31, 2019

ANÁLISE DE POEMAS DO IMPERADOR MEIJI DO JAPÃO…

- «Análise do poema 20 – Pensamento ocasional
«”Jovem estudante: não te apresses para chegar primeiro. Não negligencies os teus deveres. A verdadeira aprendizagem requer um estudo longo e constante.”
«No poema, o Imperador Meiji fala a um jovem estudante, orientando-o quanto ao seu modo de proceder para aprender.
«Podemos dividir o corpo do poema em várias passagens: a primeira, «não te apresses para chegar primeiro», apresenta-se com o significado de «tem calma»; a segunda, «Não negligencies os teus deveres», significa «Não descuides as tuas responsabilidades»; a terceira, «A verdadeira aprendizagem», surge com o significado de «o conhecimento que nos transforma e nos faz crescer»; a quarta, «requer um estudo longo e constante», tem o significado de «ocorre ao longo de toda a existência».
«A vida tem sido comparada a uma corrida, mas observamos que os mais rápidos são normalmente aqueles que mais depressa perdem a direção. A «verdadeira aprendizagem» à qual se refere o Imperador só é possível quando cessa o espírito de competição, ou seja, sem pressa, a grande inimiga da perfeição e do aprofundamento. A «verdadeira aprendizagem» decorre dentro do próprio ser, deve ser construída passo a passo, passando por etapas para alcançarmos o saber, somando experiências. Não podemos saltar etapas, precisamos de cada uma delas, mesmo daquelas que consideramos de menor valor neste momento. Quando o crescimento chega, percebemo-nos do valor de cada estágio, compreendemos que tudo teve um propósito.
«A mensagem implícita no poema diz-nos que o aprendiz obedece a um ritmo que deve ser respeitado, não adianta querer apressar-se, tentar antecipar os factos, tudo acontece no seu devido tempo. Devemos procurar o conhecimento constantemente, somos eternos aprendizes. Todos os dias há algo de novo para conhecer, por mais insignificante que seja a aprendizagem.
«Mikao Usui
«O Mestre Mikao Usui queria seguramente orientar-nos para não termos pressa de aprender Reiki, percebendo bem cada etapa dos diferentes níveis (“Shoden”, “Okuden” e “Shinpiden”). Mesmo no Reiki é preciso aprender a aprender e mais importante do que a pressa é estar no caminho certo. Devemos plantar e saber esperar pela colheita, que, com certeza, virá, mas só no momento do fruto maduro, nem antes nem depois. Nas coisas espirituais, só aquilo que demora é que nos pode iniciar. Com a pressa, corremos o risco de ficarmos na superfície e não encontrarmos o verdadeiro conhecimento. Ter uma atitude sem pressa significa pôr mais atenção naquilo que se faz. Assim aprendemos mais e erramos menos. A pressa impede-nos de ver e de viver certas realidades, pormenores da vida e das pessoas. Afinal, muitas vezes é no pormenor insignificante que está uma lição preciosa.
«O Mestre Usui certamente também selecionou este poema a fim de nos alertar para o facto de haver sempre no Reiki lições novas para aprender, não há parte do caminho que não contenha lições. Até quando estudamos o mesmo assunto a nossa perceção é diferente.
«Segue-se uma parábola que nos remete para o poema:
«”Conta uma lenda Zen Budista que certa ocasião, no Japão, um esgrimista resolveu procurar um Mestre samurai para aprimorar a sua habilidade no manejo da espada. Assim que chegou ao treino perguntou logo:
«” – Mestre, quanto tempo levarei para aprender o que tens para me ensinar?
«”O Mestre fitou calmamente o candidato a discípulo olhos nos olhos e perguntou-lhe:
«” – Estás com muita pressa para aprender tudo?
«” – Sim, Mestre! – disse o esgrimista. – Quanto tempo é preciso?
«” – Estás mesmo com muita pressa para aprender? – voltou a perguntar o Mestre.
«” – Claro, Mestre! – Repetiu o candidato, já em tom de impaciência. – Quanto tempo, Mestre?
«” – Estás realmente com muita pressa? – perguntou o Mestre mais uma vez.
«” – Já disse que sim, Mestre. Não vamos perder tempo com isto… Quanto tempo, Mestre?
«” – Oito anos! – respondeu o Mestre.
«” – O quê? OITO ANOS? – Exclamou o esgrimista muito desapontado. – Não acredito, Mestre! Imagine então se eu não estivesse com pressa. Nesse caso é que iria demorar mesmo.,. Quanto tempo não levaria, não é Mestre?
«” – Nesse caso seriam apenas dois anos – concluiu o Mestre.”»
(In “REIKI COMO FILOSOFIA DE VIDA”, de Johnny De’ Carli, Dinalivro, págs. 108 a 110)
- Victor Rosa de Freitas –
Benavente, 31.12.2019

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