terça-feira, dezembro 04, 2018

O PALESTRANTE E OS OUVINTES…

«Uma palestra é – surpreendentemente – uma conversa. O palestrante fala, mas o público comunica de forma não verbal. Uma quantidade surpreendente de interação humana – grande parte das informações emocionais, por exemplo – ocorre dessa maneira, através da exibição da postura e da emoção facial (…). Um bom palestrante não está apenas a apresentar factos (talvez a parte menos importante de uma palestra), mas também conta histórias sobre esses factos, colocando-os precisamente ao nível da compreensão do público, medindo isso mesmo através do interesse que a audiência demonstra. A história que está a contar transmite aos membros da plateia não apenas os factos mas o motivo pelo qual os factos são relevantes – ou seja, porque é importante que aprendam certas coisas que ainda desconhecem. Demonstrar a importância de um conjunto de factos é dizer à audiência como esse conhecimento pode mudar o seu comportamento ou influenciar a forma como vê o mundo, de modo a que possa evitar alguns obstáculos e progredir mais rapidamente para os objetivos.
«Um bom palestrante fala “com” – e não “para” – os seus ouvintes. Para o conseguir, precisa de estar atento aos movimentos, gestos e sons do público. Um bom professor fala diretamente para pessoas singulares e identificáveis, e observa a resposta dessas pessoas, em vez de falar algo cliché, como «apresentar uma palestra» a um público. Tudo nesta frase está errado. Não apresentamos. Falamos. Não existe uma «conversa monólogo», a menos que seja «enlatada», e não deve ser. Também não há «uma audiência». Há “pessoas” que precisam de ser incluídas na conversa. Um orador público, bem treinado e competente, dirige-se a uma pessoa única e identificável, observa essa pessoa a acenar com a cabeça, a abanar a cabeça, a franzir a testa ou a parecer confuso, e responde de maneira apropriada e direta àqueles gestos e expressões. Então, depois de algumas frases, ajustando alguma ideia, muda para outro membro da plateia e faz a mesma coisa. Desta forma, infere a atitude de todo o grupo (na medida em que tal coisa existe) e reage em conformidade.»
(In “12 REGRAS PARA A VIDA”, de Jordan B. Peterson, Lua de Papel, págs. 320 e 321)

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