domingo, setembro 13, 2015

"MOBBING"...


«As vítimas de "mobbing", ou assédio moral no trabalho, revelam que há um perverso e sistemático recurso ao mecanismo do bode expiatório. Convém sempre sacrificar alguém à pressão da maioria, normalmente o mais vulnerável, em prol da manutenção do "stato quo" e do domínio de outros que beneficiam com o desaparecimento da vítima ou com a sua má imagem.
«O assédio moral no trabalho é apenas a ponta do iceberg de uma mudança vertiginosa e negativa nas condições de trabalho que tem como consequência a destruição de milhões de trabalhadores em todo o mundo.
«É também a confirmação dos prognósticos mais agoirentos que apontam para uma crescente perda dos valores humanos na sociedade e, mais concretamente, nas organizações e empresas.
«O respeito pela dignidade do ser humano, a solidariedade, a equidade e a justiça são valores em decadência no mundo do trabalho, que cada vez se parece mais com uma selva, onde a economia se transformou numa espécie de nova religião e a «mão invisível» do mercado laboral se tornou na única «lei do Faroeste».
«Com a crise, acentuou-se o receio de que qualquer trabalhador possa estar a aproximar-se do abismo do desemprego, e que explica um certo conformismo, uma submissão, resignação e trivialização dos maus-tratos psicológicos no trabalho.
«Os trabalhadores, como forma de sobrevivência emocional, estabelecem entre si um «pacto de indiferença mútua» que põe fim à possibilidade de se aliarem na defesa do seu direito à dignidade e à saúde no trabalho.
«Os trabalhadores que testemunham casos de "mobbing" costumam desenvolver uma espécie de síndrome do «não é comigo», viram a cara e justificam o caso dizendo a si mesmos que a vítima deve ter feito alguma coisa para merecer aquilo.
«Muitos diretores e responsáveis aplicam o mecanismo perverso do "mobbing" como uma perversa estratégia de contenção, instaurando um reinado de terror em que ninguém se atreve a agir para não se prejudicar.
«Apontar aleatória e regularmente bodes expiatórios internos como «culpados oficiais por todo o mal que acontece na empresa» tem como vantagem encobrir maus resultados, más práticas, corrupção, favoritismos e, sobretudo, a própria mediocridade e incompetência daqueles que praticam o "mobbing".
«O "mobbing" funciona como um escape para a frustração dos outros trabalhadores, também eles aterrorizados e maltratados, que descarregam toda essa energia contra o trabalhador perseguido. Neste caso, a vítima de "mobbing" costuma ser «linchada» unanimemente por um gangue de que todos fazem parte de forma explícita ou implícita.
«É essencial que as pessoas que sofrem este tipo de situações mantenham a cabeça fria sempre que o agressor as tentar desequilibrar emocionalmente, porque ele irá apresentar esse efeito de instabilidade emocional como sendo revelador de uma pessoa alterada, instável, difícil, conflituosa, louca, etc., uma pessoa que, definitivamente, não merece estar no seu posto.»
(In "KARATÉ MENTAL", de Bernabié Tierno, Marcador Editora, págs. 233 e 234)

COMENTÁRIO MEU:
Sei, por experiência própria, e muito bem, o que é o "mobbing", por ser vítima dele desde há, pelo menos, cerca de 17 (dezassete) anos, por actuação fundamental de um alto magistrado, o magistrado NAZI...
- Victor Rosa de Freitas -
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