A "organização" social...em pirâmide?, ou...em quadrado-rectângulo?
Está generalizada entre as
pessoas a concepção de que a sociedade - seja ela global ou regional, um país
ou um conjunto deles – está “organizada” em pirâmide tendo na base o povão, a
que se seguem camadas cada vez com mais importância e progressivamente mais
poder, tudo o que culmina no topo da pirâmide com um olho que tudo vê e tudo
controla.
A minha opinião é que “isso” é
verdade, mas apenas TENDENCIALMENTE.
Ou seja, os diversos poderes tendem
para uma organização piramidal.
Mas, de facto, não é assim.
A sociedade está “organizada” em
círculos – uns concêntricos, outros com interferências entre si, tendo cada um
destes círculos um “chefe” (normalmente efémero porque há sempre quem queira
tomar o seu lugar) -, sendo que estes círculos não se dispõem em pirâmide, mas
antes e outrossim, em quadrados-rectângulos.
(O conceito de quadrado-rectângulo é uma inovação minha para designar uma “organização” que oscila entre a figura
geométrica do quadrado que, dada a sua duração periclitante e normalmente
temporária, se transforma em rectângulo e, de novo, vira quadrado, cada uma
destas figuras temporárias com as suas fortes resiliências).
Tomemos um exemplo: segundo a
Constituição e a Lei portuguesas, o Ministério Público está organizado hierarquicamente,
tendo no seu topo um chefe – o PGR -, quanto aos poderes funcionais de cada
magistrado ou um Conselho – o Conselho Superior do Ministério Público - quanto às
questões administrativas, de gestão e disciplinares. Pois bem: lembram-se do
anterior PGR (Pinto Monteiro) que afirmou que o Ministério Público era
constituído por duques, condes, viscondes e marqueses? – o sentido da expressão
que usou foi este, embora não me recorde exactamente das palavras e sua ordem,
que usou -, ou seja, uma instituição constitucionalmente reconhecida como
hierarquizada, na prática não enforma uma pirâmide, mas antes aquela “organização”
em forma de quadrado-rectângulo, com os seus círculos internos.
É certo que, legalmente, o poder
e a força legítimos estão concentrados no Estado, só podendo este, pois,
legalmente, usar da força.
O monopólio de tal poder e força pelo
Estado visa concentrar o poder através de uma hierarquia de poderes – legalmente
previstos – e que visam a “organização” de todos eles em pirâmide.
Mas a realidade de facto é bem
outra…
De facto tal organização é em
quadrado-rectângulo com muitos bandos organizados anarquicamente e com as
chefias de cada um a oscilarem conforme o quadrado inspira para se tornar rectângulo
e este último expira para retornar à forma quadrada.
Tudo o mais não passa de “repressão”
pelo Estado em luta para se organizar numa pirâmide perfeita…
Claro está que o Estado invoca a
Justiça para fazer a repressão…
Mas como NÃO HÁ JUSTIÇA, a
prática é o que se vê: cada um que quer fazer a sua “vidinha” tem que procurar
um “círculo” (ou círculos) de poder e chegar a “subir” na chefia dele(s),
fazendo “alianças” com outros poderes de outros círculos e, quando entra na “política”,
ou seja, nos poderes do Estado, luta para que haja uma “organização" em pirâmide
e que ele, ou alguém de que ele seja nepote, possa concentrar todo o poder…mas,
entretanto, a sociedade vai “respirando” e, assim, desenhando, de facto, o quadrado-rectângulo (com os seus círculos
internos) em que se organiza…
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