quarta-feira, julho 10, 2013

A "organização" social...em pirâmide?, ou...em quadrado-rectângulo?


Está generalizada entre as pessoas a concepção de que a sociedade - seja ela global ou regional, um país ou um conjunto deles – está “organizada” em pirâmide tendo na base o povão, a que se seguem camadas cada vez com mais importância e progressivamente mais poder, tudo o que culmina no topo da pirâmide com um olho que tudo vê e tudo controla.
A minha opinião é que “isso” é verdade, mas apenas TENDENCIALMENTE.
Ou seja, os diversos poderes tendem para uma organização piramidal.
Mas, de facto, não é assim.
A sociedade está “organizada” em círculos – uns concêntricos, outros com interferências entre si, tendo cada um destes círculos um “chefe” (normalmente efémero porque há sempre quem queira tomar o seu lugar) -, sendo que estes círculos não se dispõem em pirâmide, mas antes e outrossim, em quadrados-rectângulos.
(O conceito de quadrado-rectângulo é uma inovação minha para designar uma “organização” que oscila entre a figura geométrica do quadrado que, dada a sua duração periclitante e normalmente temporária, se transforma em rectângulo e, de novo, vira quadrado, cada uma destas figuras temporárias com as suas fortes resiliências).
Tomemos um exemplo: segundo a Constituição e a Lei portuguesas, o Ministério Público está organizado hierarquicamente, tendo no seu topo um chefe – o PGR -, quanto aos poderes funcionais de cada magistrado ou um Conselho – o Conselho Superior do Ministério Público - quanto às questões administrativas, de gestão e disciplinares. Pois bem: lembram-se do anterior PGR (Pinto Monteiro) que afirmou que o Ministério Público era constituído por duques, condes, viscondes e marqueses? – o sentido da expressão que usou foi este, embora não me recorde exactamente das palavras e sua ordem, que usou -, ou seja, uma instituição constitucionalmente reconhecida como hierarquizada, na prática não enforma uma pirâmide, mas antes aquela “organização” em forma de quadrado-rectângulo, com os seus círculos internos.
É certo que, legalmente, o poder e a força legítimos estão concentrados no Estado, só podendo este, pois, legalmente, usar da força.
O monopólio de tal poder e força pelo Estado visa concentrar o poder através de uma hierarquia de poderes – legalmente previstos – e que visam a “organização” de todos eles em pirâmide.
Mas a realidade de facto é bem outra…
De facto tal organização é em quadrado-rectângulo com muitos bandos organizados anarquicamente e com as chefias de cada um a oscilarem conforme o quadrado inspira para se tornar rectângulo e este último expira para retornar à forma quadrada.
Tudo o mais não passa de “repressão” pelo Estado em luta para se organizar numa pirâmide perfeita…
Claro está que o Estado invoca a Justiça para fazer a repressão…

Mas como NÃO HÁ JUSTIÇA, a prática é o que se vê: cada um que quer fazer a sua “vidinha” tem que procurar um “círculo” (ou círculos) de poder e chegar a “subir” na chefia dele(s), fazendo “alianças” com outros poderes de outros círculos e, quando entra na “política”, ou seja, nos poderes do Estado, luta para que haja uma “organização" em pirâmide e que ele, ou alguém de que ele seja nepote, possa concentrar todo o poder…mas, entretanto, a sociedade vai “respirando” e, assim, desenhando, de facto, o quadrado-rectângulo (com os seus círculos internos) em que se organiza… 
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