A VERDADE ETERNA E A COMPAIXÃO…
« - O homem só consegue entender a verdade eterna depois de se libertar das suas pretensões. A mente humana, deteriorada pela degradação dos séculos, agita-se com incontáveis desilusões mundanas, numa vida repulsiva. As lutas nos campos de batalha tornam-se insignificantes quando o homem trava os primeiros embates com os inimigos internos! Não são inimigos mortais, susceptíveis de serem derrotados através de uma exibição cruciante de força! Omnipresentes e incansáveis, subtilmente equipados com armas deletérias, perseguem o homem mesmo durante o sono. Esses ignorantes soldados da luxúria tentam matar-nos a todos. Desatinado é o homem que enterra os seus ideais, rendendo-se a um destino trivial. Como não considerá-lo um ser impotente, canhestro, ignóbil?
« - Venerável senhor, não tem compaixão das massas desorientadas?
«O sábio permaneceu em silêncio durante alguns instantes, e depois deu uma resposta evasiva:
« - Amar tanto o Deus invisível, repositório de todas as virtudes, como o homem visível, que aparentemente não possui virtude alguma, é, muitas vezes, frustrante! No entanto, a nossa criatividade está à altura desse intrincado labirinto. A busca interior mostra prontamente a unidade de todas as mentes humanas: a forte afinidade da motivação egoísta que, pelo menos neste sentido, revela a fraternidade do homem. Essa descoberta niveladora, que amadurece sob a forma de compaixão pelos semelhantes, cegos ao potencial curativo da alma que espera por ser explorado, não pode deixar de tornar-nos humildes.
« - Os santos de todas as épocas tiveram, como o senhor, compaixão pelos sofrimentos do mundo.
« - Só o homem superficial não reage às aflições alheias, pois está afundado no seu próprio e mesquinho sofrimento. – A expressão grave do “sadhu” suavizou-se. – Aquele que pratica um exame minucioso de si mesmo experimenta uma expansão da compaixão universal, libertando-se das exigências ensurdecedoras do seu ego. É nesse tipo de solo que o amor de Deus floresce. A criatura finalmente volta-se para o Criador, mesmo que seja apenas para perguntar, angustiada: «Por quê, Senhor, por quê?» Através das terríveis chicotadas da dor, o homem é conduzido, enfim, à Presença Infinita, cuja beleza deveria ser a única a atraí-lo.»
(In “Autobiografia de um IOGUE”, de Paramahansa Yogananda, Dinalivro, págs. 64 e 65)
- Victor Rosa de Freitas –
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home