segunda-feira, agosto 05, 2019

O RACISMO É UM ABSURDO - NÃO HÁ “RAÇAS” HUMANAS…

«As tentativas de manipulação são tanto mais eficazes quanto se procure encaminhar os espíritos para um declive ao longo do qual eles estão já predispostos a deixar-se arrastar. Assim, a incitação ao racismo, a promoção da ideia segundo a qual certos grupos (incluindo, evidentemente, aquele de que o sujeito faz parte) são superiores a outros podem facilmente encontrar terreno favorável; representam uma autêntica ameaça e podem provocar uma regressão brutal da evolução cultural, da civilização. São inúmeros os exemplos que vêm na história antiga e recente da humanidade.
«O racismo, atitude difundida na natureza, repousa, quando aplicada ao homem, num certo número de mal-entendidos fáceis de manter. O primeiro refere-se à biologia. A noção se «raça» é confusa; além do mais, não está prevista no sistema de classificação dos seres vivos.
«O reino animal, por exemplo, tem ramos (vertebrados), classes (mamíferos), ordens (primatas), famílias (hominídeos), géneros (homo) e espécies (homo sapiens). Os homens pertencem todos à mesma espécie, possuem todos os 46 cromossomas que lhes são característicos e que, de geração em geração, transmitem o seu património hereditário, são interfecundos, isto é, reproduzem-se, engendram indivíduos que podem também reproduzir-se entre si, ao contrários dos híbridos, resultado do cruzamento entre duas espécies (burro e égua dão macho ou mula), geralmente estéreis.
«A confusão começa quando se deseja fazer subdivisões desta unidade que é a espécie, definido «variedades», «subespécies» ou raças. Em 1765, a Enciclopédia limitava a palavra raça às espécies particulares de alguns animais, sobretudo dos cavalos. Estava já instalada a confusão, porque devia dizer-se «variedades» e não «espécies».
«É claro que são possíveis todas as espécies de subdivisões arbitrárias da espécie: negros, brancos ou amarelos, louros ou morenos, gordos e magros, matemáticos e literatos, mas nenhum deles dá à palavra «raça» o conteúdo científico que os racistas querem atribuir-lhe. Pelo contrário, a ciência, progredindo, destrói algumas noções simplistas concernentes às raças. A raça vermelha, por exemplo, é a amarela, já que as Américas foram povoadas pela Ásia. Um dos primeiros (se não o primeiro) dos grandes ramos humanos apareceu no Quénia que, geograficamente, está muito longe de Walhalla [NOTA; “Walhalla” é, na mitologia escandinava, o local para onde vão os heróis mortos em combate, local onde ficarão a beber hidromel servido pelas walkyrias].
«A justificação do conceito de raça pelo estudo de caracteres genéticos bem identificados também não permite ir muito longe. Nem a repartição dos grupos sanguíneos (A, B, O), nem a do factor rhesus, nem as proteínas do sangue ligadas a determinado gene, nem os sistemas de tecidos chamados H.L.A. (que permitem a um recebedor e a um dador, por transplante de órgãos, ficarem aparentados), nada disto permite a formação duma subdivisão coerente da espécie humana. Dois vizinhos do mesmo andar, parisienses, de origem francesa, podem geneticamente ser mais diferentes um do outro do que, estatisticamente, o é o conjunto dos franceses relativamente aos thaís ou aos hotentotes, por exemplo.
«A maior parte das diferenças físicas aparentes entre diversas populações são indubitavelmente consequência de mutações individualmente insignificantes acrescentadas ao património genético em virtude da selecção natural. A cor da pele é mais escura nas regiões tropicais e as extremidades, que originam desgaste de calorias, são menos proeminentes nas regiões frias. O número dos genes que participaram nestas adaptações é muito pequeno relativamente ao genotipo colectivo.
«Certas comparações que se fazem entre a dimensão do cérebro e as capacidades intelectuais próprias dos indivíduos e das populações não têm o significado que às vezes se pretende dar-lhes. Quanta surpresa não tem havido ao descobrir-se, nas autópsias, que certos homens de génio têm cérebros pequenos… Quanto ao homem de Neandarthal, a sua capacidade craniana era superior à do homem moderno e acontece que os fósseis, infelizmente não se prestam aos testes de medição da inteligência.
«(…)
«A noção de «raça pura» tão cara aos racistas não se tem de pé, e ainda bem, porque uma raça pura seria degenerada pela perda da diversidade dos seus genes.
«Quanto aos mitos favoritos do racismo, a «raça ariana» e a «raça judaica», são a antítese da ciência.»
(In “A MANIPULAÇÃO DOS ESPÍRITOS”, de Alexandre Dorozynski, Jacqueline Renaud, Helmut Benesch e Walter Schmandt, Assírio e Alvim, págs. 101, 102 e 103)
- Victor Rosa de Freitas –

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