quarta-feira, julho 31, 2019

O ENSINO FASCISTA…

«A política fascista procura minar o discurso público através do ataque e da desvalorização do ensino, das competências e da linguagem. O debate inteligente é impossível sem um ensino com acesso a diferentes perspetivas, sem o respeito pelas competências quando o nosso próprio conhecimento falha, e sem uma linguagem suficientemente rica para descrever a realidade com exatidão. Quando o ensino, as competências e as distinções linguísticas são minadas, apenas resta o poder e a identidade tribal.
«Isto não significa que as universidades não tenham um papel na política fascista. Na ideologia fascista, apenas existe um ponto de vista legítimo, o da nação dominante. As escolas apresentam os alunos à cultura dominante e ao seu passado mítico. Consequentemente, ou o ensino é uma ameaça séria ao fascismo ou torna-se num pilar de apoio para a nação mítica. Deste modo, não é de admirar que as manifestações e os choques culturais nas universidades representem um verdadeiro campo de batalha político e sejam alvo de atenção nacional. O que está em jogo é muito importante.
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«No entanto, a política fascista abre espaço ao estudo dos mitos enquanto factos. Na ideologia fascista, a função do sistema de ensino é glorificar o passado mítico, elevando os feitos de membros da nação e obscurecendo as perspetivas e as histórias daqueles que não se integram. Num processo que, por vezes, é tendenciosamente chamado de «descolonização» do programa, as perspetivas negligenciadas são integradas e, desse modo, garante-se que os estudantes têm uma visão plena dos intervenientes da história. Na luta contra o fascismo, ajustar o programa desta maneira não é meramente «politicamente correto». Representar as vozes de todos aqueles cuja existência moldou e formou o mundo em que vivemos proporciona um meio de proteção essencial contra o mito fascista.
«Na ideologia fascista, o objeto do ensino geral nas escolas e nas universidades é inculcar orgulho no passado mítico, o ensino fascista enaltece as disciplinas académicas que reforçam as normas hierárquicas e a tradição nacional. Para o fascista, as escolas e as universidades existem para doutrinar o orgulho nacional ou racial, transmitindo, por exemplo (nos casos em que o nacionalismo é racializado) os feitos gloriosos da raça dominante.»
- JASON STANLEY, no seu livro “COMO FUNCIONA O FASCISMO”, págs. 45 e 55
- Jason Stanley é um filósofo estudioso do neofascismo, particularmente nos Estados Unidos, atualmente professor de Filosofia na Universidade de Yale em New Haven, CT. Ele é mais conhecido por suas contribuições à filosofia da linguagem e da epistemologia, que muitas vezes se baseiam e exercem influência em outros campos, incluindo linguística e ciência cognitiva. Ele também escreveu para um público popular no blog de filosofia do New York Times "The Stone". Em seu trabalho mais recente, ele trouxe ferramentas da filosofia da linguagem e da epistemologia para lidar com questões de filosofia política, especialmente em seu livro de 2015, How Propaganda Works, que surgiu a partir de alguns ensaios em "The Stone". (Wikipédia) –
- Victor Rosa de Freitas –

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