sexta-feira, abril 19, 2019

UMA VISÃO HETERODOXA DE ROBIN HOOD…

«Esse é o horror que Robin Hood imortalizou como ideal de justiça. Diz-se que lutava contra governantes saqueadores e restituía às vítimas o que lhes fora saqueado, mas não é esse o significado da lenda que sobreviveu. Ele é lembrado não como um defensor da “propriedade”, e sim como um defensor da “necessidade”; não como um defensor dos “roubados”, e sim como um protetor dos “pobres”. Crê-se que foi o primeiro homem que assumiu um halo de virtude, praticando a caridade com dinheiro que não era seu, distribuindo bens que não produzira, fazendo com que terceiros pagassem pelo luxo da sua piedade. Ele é o símbolo da ideia de que a necessidade, não a realização, é a fonte dos direitos; que não temos de produzir, mas apenas de querer; que o que é merecido não nos pertence, mas sim o imerecido. Ele converteu-se numa justificação para todo o medíocre que, incapaz de ganhar o seu próprio sustento, exige o poder de despojar das suas propriedades os que são superiores a ele, proclamando a sua intenção de dedicar a vida aos que estão abaixo dele roubando os que estão acima. É essa criatura infame, esse duplo parasita que se alimenta das feridas dos pobres e do sangue dos ricos, que os homens passaram a considerar o paradigma da moral. E isso levou-nos a um mundo onde quanto mais um homem produz, mais se aproxima da perda de todos os seus direitos, até que, se for de facto muito capaz, se transforma numa criatura desprovida de direitos, presa de qualquer um, ao passo que, para estar acima de todos os direitos, de todos os princípios, da moralidade, para estar num plano em que tudo lhe é permitido, incluindo o saque e o assassinato, basta a um homem ter necessidade.
«Pergunta-me por que motivo o mundo está a desabar à nossa volta? É contra isso que luto, senhor Rearden. Enquanto os homens não aprenderem que, de todos os símbolos humanos, Robin Hood é o mais imoral e o mais desprezível, não haverá justiça na Terra nem possibilidade de sobrevivência para a humanidade.»
(In “A REVOLTA DE ATLAS”, 2º volume, de Ayn Rand, MARCADOR, págs. 260 e 261)
- Victor Rosa de Freitas –

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