terça-feira, abril 23, 2019

O ELIXIR DA VIDA…

“Reza a lenda que, no início do século XV, um químico francês chamado Nicolas Flamel descobriu o elixir da vida. Dizia-se que o elixir era uma substância capaz de prolongar a vida humana por centenas de anos. Flamel vivia com a sua mulher, Perenelle, no que é hoje a mais antiga casa de pedra de Paris. Localizada numa rua estreita na margem direita do rio Sena, a casa de pedra cinzenta foi construída pelo próprio Flamel e serviu de seu laboratório principal. Ele trabalhava até de madrugada à luz da vela, fazendo mistelas exóticas num esforço para criar a ilusória poção para suster a vida.
«Flamel seguia um ritual antigo. A busca de um elixir da vida data de há vários milénios. Segundo as escrituras hindus, o elixir seria retirado das mais profundas águas do oceano e denominado amrita. Ao longo dos séculos, os alquimistas buscaram o elixir da vida para afastar a morte. Eles tinham a certeza de que havia uma poção mágica capaz de fazer as pessoas viver por mais tempo ou, mais esperançosamente, para sempre. Na China Antiga, os imperadores estavam convencidos de que a combinação certa de compostos metálicos tinha a capacidade de dar origem à vida eterna. Ordenavam aos seus súbditos que misturassem “cocktails” de substâncias preciosas, como o jade e o cinabre, e lhes associassem o chumbo e o mercúrio, ou mesmo o arsénico. Mas o mais frequente era, quando os imperadores ingeriam essas misturas, não só não prolongarem as suas vidas, como acabarem por morrer, inadvertidamente envenenados.
«Flamel teve uma abordagem mais sensata. Labutou durante anos no elixir que, segundo reza a lenda, foi criado a partir da pedra filosofal. Dizia-se que essa pedra conseguia transformar o chumbo em ouro e, se ingerida, a substância daí resultante expandiria a vida por várias centenas de anos. No êxito de vendas de J. K. Rowlings, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, Flamel surge como o criador da pedra que está na base do enredo. Na obra, o seu elixir resultou claramente, e ele vive até aos 665 anos, enquanto a sua mulher chega aos 658 anos. Na realidade, Flamel terá morrido em 1418 aos oitenta e oito anos, e a sua lápide, onde gravou signos e símbolos alquímicos arcanos, encontra-se hoje em exibição no Museu de Cluny em Paris. É evidente que ele não encontrou o elixir da vida.»
(In “APAGAR A MORTE”, de Dr. Sam Parnia com Josh Young, Pergaminho, págs. 39 e 40)
- Victor Rosa de Freitas –

on-line
Support independent publishing: buy this book on Lulu.