quinta-feira, fevereiro 18, 2016

HISTÓRIA DEDICADA A UMA CERTA "JUSTIÇA"...


«Chamava-se Vinay. Teve um ataque cardíaco e pereceu, mas todos pensaram que estava morto. Quando o iam amortalhar, recuperou a consciência. Ao ver que o tinham tomado por um cadáver, a impressão foi tal que o seu coração falhou de novo e pereceu mais uma vez.
« - Agora é que está definitivamente morto - disseram os que lá se encontravam.
«Chamaram os médicos legistas e certificaram que estava morto.
«O homem foi posto sobre a padiola e envolto com as mortalhas. O cortejo fúnebre partiu rumo à beira-rio, onde estava preparada a pira para a cremação. Colocaram o corpo sobre a pira e, quando estavam prestes a pegar-lhe fogo, o homem voltou a recuperar a consciência e gritou:
« - Estou vivo! Estou vivo!
«Estava presente um bom número de familiares, amigos e conhecidos.
« - Não pode ser - gritaram as pessoas. - Mas vocês certificaram-se de que estava morto?
« - Estou vivo! - gritou Vinay espavorido. - Estou a dizer-vos que estou vivo!
«Um dos participantes reconheceu um notário entre os assistentes do cortejo. Dirigiu-se a ele e pediu-lhe o seu parecer. O notário virou-se para as pessoas e disse:
« - Vocês são dezenas. Foram testemunhas do que os peritos disseram. Este homem está vivo ou está morto?
«Todos anuíram:
« - Está morto.
« - Então, se vocês são testemunhas de que está morto, é porque está morto. Que acendam a pira.
«Pegou-se fogo à pira e o corpo, em poucas horas, ficou reduzido a cinzas.»
[NOTA: o comentário que segue é do próprio autor do livro]
«"Deus seja suficientemente misericordioso para nos livrar dos juízos condicionados das mentes ofuscadas! Muitas pessoas deixam-se arrastar pelas suas impressões e deixam-se condicionar pelas aparências, os modelos e os padrões, sem olhar um pouco mais além, e discernir."»
(In "OS MELHORES CONTOS ESPIRITUAIS DO ORIENTE", de Ramiro Calle, A Esfera dos Livros, 5ª edição, págs. 244 e 245)
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