A Religião (melhor dizendo, a religiosidade) e a Política
A religião – melhor dizendo, a
religiosidade – visa “religar” cada ser humano com a Existência, com o Absoluto,
com Deus…
A religiosidade é a conduta
individual de cada um com o seu próprio interior, para ser livre, isto é,
encontrar a “essência” da Existência, do Absoluto, de Deus.
À medida que cada um se aproxima
de tal “essência”, vai sendo mais solidário – interiormente, e, portanto, em
verdade – com o seu semelhante e procurará que cada um seja individualmente
livre, que se aproxime da mesma “essência”.
A política visa o poder terreno,
que cada um adquira poder sobre os outros indivíduos, de modo a fazer
prevalecer a sua vontade sobre os outros.
Na política, a solidariedade de
cada um não é interior – como na religiosidade – mas apenas exterior, isto é,
apela a outros para que se solidarizem com a sua causa, mas visando apenas ter mais
peões de guerra do seu lado, para ter mais força face ao adversário, isto é,
sobre aqueles sobre quem quer exercer o poder.
A religião, quando perde o sentido
da “religação” individual, para se massificar, para defender toda a Humanidade,
está-se a politizar, a entrar na esfera da política, isto é, quer-se
transformar num poder sobre os outros.
A Humanidade, ao contrário do que
possa parecer à primeira vista, não é uma qualquer “entidade” com existência
real, mas tão só a soma de Todos os Seres Humanos.
Do mesmo modo, uma Comunidade é a
soma de uma parte de todos os indivíduos humanos.
Quando um qualquer líder,
religioso ou político, falar de “salvação” da Humanidade, ou mesmo de uma
Comunidade, será certamente um “charlatão” político, pois a “salvação” apenas
pode ser individual, isto é, cada ser humano deve encontrar o seu interior para
encontrar aquela “essência” da Existência, do Absoluto, de Deus e, assim, ser
absolutamente livre e eterno.
O mesmo se diga de um país:
quando os políticos argumentam que para “salvar” um país é preciso sacrificar
indivíduos, a sua linguagem é apenas a do poder e nada tem de religiosidade,
pois só indivíduos podem ser “salvos” e não faz sentido salvar um conjunto
sacrificando as partes individuais.
E a verdade é que se Todos os
indivíduos se “salvarem”, salva-se também, inexoravelmente Toda a Humanidade.
Num determinado momento histórico
terreno, para quem tem religiosidade, é necessário garantir as condições
mínimas de liberdade e dignidade de cada um para que possa procurar no seu
interior a comunhão com a “essência” da Existência, do Absoluto, de Deus e
poder ser livre e eterno.
Mas “isso” é o que os políticos –
religiosos ou não – não querem!
Pois para “estes” a “salvação” consiste
em cada um mover-se com o seu pequeno (que “eles” julgam grande) ego para dominar
todos os que puder, fazendo e desfazendo alianças com outros indivíduos, sempre
com o escopo de atingir tal poder.
Assim se distingue a religião –
melhor dizendo, a religiosidade – da política.
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