AINDA HÁ "SALAZARENTOS" NA PGR/CSMP
Pouco antes de começar a ser perseguido ferozmente, com vários processos “disciplinares” e um “criminal”, tive um superior hierárquico que contava a seguinte história, perante aqueles que funcionalmente estavam debaixo das suas “competências processuais” (magistrados do Ministério Público e altos quadros da PSP, num jantar pago por esta):
“ – O meu rapaz [que tinha dezoito anos e era filho de “sua excelência”, aquele narrador] saiu com uns amigos e parou a mota em cima do passeio. Não querem lá ver que um agente da polícia [devidamente uniformizado e no exercício de funções] se virou para ele e, com todo o desplante deste mundo, lhe disse:
“ – Olha lá, ó rapaz, ou tiras a mota de cima do passeio ou vou-me ver obrigado a actuar segundo a Lei!”,
Ao que o meu rapaz, com a presença de espírito que o caracteriza – é muito inteligente, o meu rapaz! -, ripostou ao agente:
“ – Ouça lá, ó senhor agente, primeiro, o senhor não me trata por tu! e, depois, sabe quem “é” o meu Pai?”
“O agente [que era daqueles que não distinguia cidadãos de primeira, segunda e terceira classe, formado no espírito de “Abril”, digo eu], sem saber no que se estava a meter, retrocou:
“ – Ouve lá, ó rapaz! Não quero saber quem é o teu pai e, ou tiras a mota de cima do passeio ou passo-te a multa e, eventualmente, imputo-te um crime de desobediência!”.
“O meu rapaz avisou, então, o agente:
“ – Fique sabendo que o meu Pai é fulano de tal e que isto não fica assim!”
“O agente, com todo o desplante, manteve a sua posição e o meu rapaz, a contragosto, lá tirou a mota e foi-se embora.
“Quando o meu rapaz chegou a casa e me contou o ocorrido, comecei logo a mexer os “cordelinhos” para expulsar este agente abusador da sua corporação policial!, pois era inadmissível que não soubesse que o rapaz em causa era meu filho e, sabendo, ignorasse tal condição!”
Esta era a “interessantíssima” história que o meu superior hierárquico contava, orgulhosamente, fazendo jus à sua importância, aos seus pergaminhos e à sua capacidade de traficar influências.
Enfim, um “salazarento” orgulhoso do seu “poder”.
Não sei o que veio a acontecer ao referido agente policial, mas consta que terá tido “grandes problemas” por causa desta história e, em contraponto, o narrador daquela historieta já deu a conhecer à opinião pública certos seus inoportunos e nulos despachos “ministeriais”.
Quanto a mim, basta ver o que me aconteceu, enquanto magistrado que foi subordinado legalmente a tal “espécime”.
“Sua excelência” deu más informações sobre a minha pessoa, enquanto magistrado - por discordar de certos seus “métodos” de trabalho - quanto à minha idoneidade e competência e vê-se, para quem leia outras postas deste blogue, pelo que estou a passar.
“Sua excelência” tem (ou tinha) muito peso na PGR/CSMP e muitos “amigos” (que ainda tem) dentro dela que, se não são iguais àquele “espécime”, bem se deixam levar pelas suas “falinhas mansas” de “salazarento oculto” e impune.
E é com este tipo de “altos quadros” e “informadores” que também funcionava (e ainda funciona) a PGR/CSMP, com prejuízos irreparáveis para magistrados dignos, honestos e competentes…
Há quem leia e não acredite…
Mas esta é a triste realidade de Portugal, 34 anos após a implantação da democracia “abrilina”!
Ainda há “salazarentos” na PGR/CSMP!
3 Comments:
Caro Victor Rosa
A respeito do seu post, posso dizer com conhecimento de causa que um "director" (mananger, gestor) duma multinacional em Portugal (André) Philip Morris (a Marlboro) comprou a "Tabaqueira" alguém se lembra? (talvez por isso o (nosso 1.º ) pode fumar onde é proibido por sua ordem. O Tal responsável da Philip Morris, disse o seguinte (formalmente): - os gestores do negócio em Portugal não podem ser portugueses, porque têm muitos amigos, e estes amigos não são os mais competentes. Eu acrescento (corrupção e tráfico de influências são comuns e vulgares no nosso país, de brandos costumes).
Não admira amigo Victor que o agente que tentou aplicar a lei para que fosse cumprida tivesse problemas por o prevaricador, (transgressor) ser amigo (filho) de quem era,,, os portugueses têm muito amigos...
Abraço amigo
Carlos Rebola
Os salazarentos não existem só na PGR/CSMP. O socialista Fernando Gomes, ex-Presidente da Câmara do Porto, e quando era deputado ao parlamento europeu, conseguiu que um guarda-fiscal (ainda existia a Guarda Fiscal)fosse recambiado do aeroporto do Porto para os Açores, isto porque o GF teve o "desplante" de pedir a sua excelência para abrir a mala à sua chegada de Bruxelas.
É verdade que os salazarentos não existem só na PGR/CSMP.
Mas o que é paradoxalmente chocante é que existam precisamente no órgão de Estado constitucionalmente consagrado à defesa da Legalidade Democrática.
Enviar um comentário
<< Home