sábado, junho 01, 2019

KOSMOLOGIA E NÃO COSMOLOGIA…

«P: Vamos seguir o percurso da evolução à medida que ele ocorre nos vários domínios, da matéria à vida e à mente. Chama a estes três domínios principais matéria ou cosmos, vida ou biosfera e mente ou noosfera. E a todos estes domínios, em conjunto, chama “Kosmos”.
«KW: Sim, os Pitagóricos introduziram o termo “Kosmos”, que geralmente é traduzido como cosmos. Mas o significado original de Kosmos prendia-se com a natureza ou processo padronizados de todos os domínios da existência, da matéria à mente e a Deus, não meramente ao universo “físico”, que é geralmente o que tanto “cosmos” como “universo” significam actualmente.
«Gostaria de reintroduzir este termo, Kosmos. E, como observou, o Kosmos contém o cosmos (ou a fisiosfera), o “bios” (ou biosfera), a psique e o “nous” (a noosfera), e o “theos” (a teosfera ou domínio divino).
«Assim, por exemplo, podemos discutir onde exactamente a matéria se transforma em vida – ou o cosmos se torna bios – mas, como Francisco Varela observa, a autopoeisis (ou auto-replicação) ocorre apenas nos sistemas vivos. Não se encontra no cosmos, mas apenas no bios. É um “emergente” importante e profundo – algo espantosamente novo – e eu consigo identificar vários destes tipos de transformações profundas ou emergentes no curso da evolução do Kosmos.
«P: Portanto, nestas discussões, não estamos apenas interessados no cosmos, mas no Kosmos.
«KW: Sim. Muitas cosmologias possuem um preconceito e uma orientação materialista: o cosmos físico é de alguma forma considerado como sendo a dimensão mais real, sendo tudo o resto explicado com referência absoluta a este plano material. Mas esta é uma abordagem brutal. Esmaga todo o Kosmos contra a parede do reducionismo, e todos os domínios, com excepção do físico, sangram lentamente até à morte mesmo à frente dos nossos olhos. Será esta a maneira de tratar um Kosmos?
«Não, penso que o que queremos fazer é Kosmologia, e não cosmologia.»
(In “UMA BREVE HISTÓRIA DE TUDO”, de Ken Wilber, VIA ÓPTIMA, págs. 16 e 17)
- Victor Rosa de Freitas –

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