sexta-feira, maio 24, 2019

É POSSÍVEL O AMOR LIVRE?...

«Até agora, julgávamos que a nossa conduta sexual era um produto cultural, próprio, por exemplo, de uma sociedade repressiva. Logo, transformando os hábitos culturais, poderíamos também mudar a nossa configuração mental no que respeita ao sexo… Poderíamos viver numa espécie de utopia sexual, como no Woodstock ou nas comunidades de “hippies” dos anos sessenta!
«Há cerca de quarenta anos, surgiu nos Estados Unidos um movimento antibelicista e antidogmático que rapidamente conseguiu adeptos em muitos outros países desenvolvidos. Tratava-se do movimento “hippie”. Sob o lema «Faz amor, não a guerra», os “hippies” conceberam o «sexo livre». Libertaram-no do pudor a que a sociedade de então o submetia. O amor livre não durou muito e as restrições sociais devolveram de novo o sexo ao terreno da intimidade. Será concebível um mundo sexualmente desinibido?
«Para Steven Pinker, «a maioria das utopias sexuais não dura muito», e isso deve-se à nossa configuração mental básica. «Creio que alguns conflitos sexuais e tabus provêm da natureza humana, das emoções sexuais, como os ciúmes ou a ligação entre o sexo e o compromisso. Frequentemente, há pessoas que mostram interesse na sexualidade de uns sujeitos concretos… Por exemplo, os pais preocupam-se que os seus filhos tenham relações sexuais, Há também que considerar a existência daqueles a quem chamamos «rivais românticos», que ficam incomodados pelo facto de outras pessoas manterem relações sexuais. E no seio do próprio casal, é possível que o homem e a mulher tenham ideias muito diferentes sobre a natureza da sua relação.
«Os homens, em geral, estão mais interessados na “quantidade” de relações sexuais e tendem a mantê-las com um grande número de mulheres. A estas, porém, interessa-lhes mais a “qualidade”, a natureza da relação com o seu parceiro sexual, por exemplo. Na opinião de Steven Pinker, o resultado destes comportamentos básicos é que jamais poderemos viver num contexto de sexo livre para todos: «Haverá sempre emoções muito complexas em torno do sexo. Isto não representa nenhuma surpresa para um romancista ou para um filósofo, mas é algo que os intelectuais modernos negam.»»
(In “A ALMA ESTÁ NO CÉREBRO”, de Eduardo Punset, D. Quixote, págs. 109 e 110)
- Victor Rosa de Freitas –

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