A ALMA…

«Muitas vezes, perdemos o medo às coisas quando as conhecemos com maior precisão. Por vezes perdem também a sua magia. Podemos ficar desiludidos por a alma se formar nos interstícios cinzentos do nosso cérebro e ser tecnicamente apreensível por testes médicos. Alguns dizem que a alma perdeu a sua divindade, já que nós, psicólogos, lhe podemos chegar perto com testes e escalas científicos, para testar fatores como inteligência, capacidade de aprendizagem e reações. Desde então, a «alma» é uma unidade funcional do sistema nervoso central. Porém, ela não se revelou menos mística, antes pelo contrário. A alma não se tornou mais objetiva à medida que descobrimos mais sobre ela. Ela torna-se até mais estimulante, uma vez que é uma substância material que gera o pensamento e os sentimentos imateriais. Podemos analisar o cérebro, do qual ela depende para tais funções, mas nunca saberemos, contudo, o que a pessoa examinada está nesse momento efetivamente a pensar ou a sentir. Podemos explorar a sua neuroquímica e nunca chegar a saber tudo sobre um sentimento tão poderoso como o amor ou o que sentimos com precisão quando apreciamos a Grande Sinfonia em Dó Maior de Schubert.

«A alma é mais do que a produção de processos cerebrais e é mais do que uma construção científica. Ela está associada ao cérebro e tem vida própria. É possível explorá-la de forma lógica e, contudo, permanece um grande enigma. Ela é orgânica e, simultaneamente, mística. Sabemos hoje tão mais sobre ela e, porém, não conseguimos explicar tudo. Ela tem segredos e está repleta de vida não explorada, vida da alma. Ela está atenta e salva-nos constantemente a vida, ela conforta-nos e defende-nos. Ela está por detrás de praticamente de todas as decisões que tomamos, uma vez que reage muito mais depressa do que possamos imaginar. Ela produz as drogas mais potentes do mundo, organiza o nosso pensamento e gere as nossas memórias. Ela é maravilhosa e mutável. Faz parte de nós, um verdadeiro órgão. Tal como Freud a imaginou…»

(In “A VIDA SECRETA DA ALMA”, de Sabine Wery Von Limont, Pergaminho, págs. 16 e 17)

- Victor Rosa de Freitas –