domingo, novembro 11, 2018

A TEORIA DA MENTE…

«A teoria da mente é uma funcionalidade executiva do cérebro que é ativada a partir do momento em que adquirimos a capacidade de ver e perceber os outros da mesma forma que nos vemos e percebemos a nós próprios: como indivíduos independentes e autónomos que sentem os mesmos sentimentos básicos, que pensam o mesmo tipo de pensamentos, que partilham a nossa essência. A dita teoria da mente não se limita a obrigar-nos a pensar nos outros nos mesmos termos em que nós pensamos em nós próprios. Incentiva-nos a tomar-nos a nós próprios como o modelo primordial para a forma como concebemos todos os outros.
«Pense no seguinte: se a única consciência de que eu tenho perceção é a minha própria consciência, então não me resta escolha a não ser usar-me como modelo para a compreensão do universo. A minha perceção dos estados interiores dos outros seres humanos é baseada no meu próprio estado interior.
«Contudo, aquilo que é surpreendente na teoria da mente é que também me obriga a percecionar não humanos que apresentam características humanas da mesma forma que perceciono outros seres humanos. Então, por exemplo, se me deparo com um bípede com aquilo que parece ser uma cabeça e uma cara, penso de imediato: «Este ser parece-se comigo.» E quando assim é, a teoria da mente leva-me a deduzir que “é” como eu. Instintivamente, atribuo àquela coisa de aparência humana os meus pensamentos e emoções humanos.
«É por esta razão que as crianças tratam certos bonecos como se estivessem vivos, com personalidade e vontade próprias. Dê-se a uma criança pequena um carro de brincar e ela irá pensar que os faróis são olhos e que o radiador é a boca. Ela irá automaticamente brincar com o carro como se fosse um ser vivo e não como um bocado de plástico moldado. Mesmo que tenha consciência da diferença entre objetos animados e inanimados, entre coisas vivas e sem vida, ainda assim irá considerar o brinquedo como um ser vivo. Imputar-lhe-á a capacidade de agir.»
(In “DEUS – UMA BIOGRAFIA, de Reza Aslan, QUETZAL, págs. 94 e 95)

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