MAIS UMA HISTÓRIA - REAL OU FICTÍCIA, QUEM SABE? - DA "JUSTIÇA" PORTUGUESA...
O magistrado V., nos anos 90 do século passado, dava e deu muito jeito para fazer, em representação de um certo Ministério Público, o julgamento de um perigoso mafioso calabrês, como de facto fez.
É que a hipótese havia sido posta de a intervenção em tal julgamento ser feita por um outro agente do Ministério Público, oficialmente muito “conceituado”, muito “competente”, todo “aparatchik”, o magistrado B.V..
Só que este último virtual interveniente, quando se lhe foi posta a hipótese de tal intervenção, meteu logo baixa psiquiátrica.
Julgar um mafioso?!, e perigoso?!: “ó, mãezinha, acode-me!, o que é que eu faço?”, gritava, descontrolado, o magistrado B.V., em lágrimas desesperadas.
“Mete baixa, meu filhinho, mete baixa!”, respondia a mãezinha, consoladora, com o assentimento ávido da nora.
Foi o melhor que o estulto, mas oficialmente “competente”, o pusilânime, mas oficialmente “importante”, o labrego e desgraçado, mas sempre “aparatchik”, do magistrado B.V., conseguiu fazer.
Logo que o julgamento do mafioso começou com o magistrado V., o cobardolas do magistrado B.V. apresentou-se ao serviço, muito compostinho, muito certinho, com mil e uma explicações à hierarquia sobre a sua baixa, causada por "pequena depressão nervosa". Tudo por "excesso de trabalho e dedicação muito esforçada à função".
Tudo bem explicadinho e aceite porque ele foi humilde com a hierarquia, e sempre era o seu “aparatchik” de confiança.
Assim, nos anos 2000, o magistrado B.V. subiu na hierarquia daquele Ministério Público, sendo hoje mais “importante”, encarregue de gerir uma grande jurisdição com elevado número de magistrados, de dar palpites sobre o mérito de outros ou para apor a sua “douta” assinatura em punições disciplinares, incluindo do magistrado V..
Assim vai o mundo do cobarde e imbecil magistrado B.V. dentro de um certo Ministério Público.
O pusilânime e labrego, e sempre “aparatchik”, magistrado B.V., galga a hierarquia funcional.
O magistrado V., nos mesmos anos 2000, é perseguido pela mafia e pelos seus próprios pares, a que não é alheia a má-vontade do magistrado B.V. contra si.
O magistrado V. exerceu, com coragem e dignidade, as suas funções, acreditou na Justiça e tirou lições práticas de um julgamento daquela envergadura.
O magistrado B.V. “defendeu-se” e seguiu os conselhos maternais e conjugais, que nisto da “justiça” nunca se põe em causa a pele.
Só que o magistrado V. sabia quais as razões da baixa do magistrado B.V., e que este era cobarde e imbecil, e isso não convém que se saiba de um “aparatchik”.
E o magistrado B.V. sabia que o magistrado V. o sabia.
Que podia, porém, o magistrado V. fazer contra o poder do “aparatchik”, o magistrado B.V. e do "sistema" que o apoiava?
Nada!
Ou melhor, apenas resistir e lutar.
Eis como se desenha o futuro dos magistrados V. e B.V. – e de todos os magistrados em situações paralelas - num certo Ministério Público.
Claro que esta pequena história não tem nada a ver (ou terá?) com a realidade.
Se tivesse, era só mera coincidência (será?).
- Victor Rosa de Freitas -
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