MECANICISMO: A PERSPECTIVA BÁRBARA DA HUMANIDADE
“A perspectiva bárbara da realidade é mecanicista. É a perspectiva fácil da ciência clássica e do senso comum. Em epistemologia, o mecanicismo é o realismo ingénuo, a perspectiva de que todo o conhecimento é baseado em factos inquestionáveis, em verdades irrefutavelmente verificáveis. Em física, o mecanicismo é a perspectiva de que o universo é um mecanismo de relógio, fechado e inteiramente previsível de acordo com leis imutáveis. Em biologia, o mecanicismo é a perspectiva de que todos os aspectos da vida, a sua evolução, os nossos sentimentos e valores, são, em última análise, explicáveis em termos de propriedades moleculares. No nosso sistema jurídico, o mecanicismo é a perspectiva de que a adopção de normas técnicas processuais precisas constitui a justiça. No nosso sistema político, o mecanicismo é a perspectiva de que a afirmação dos direitos pessoais formulados de uma forma adequada constitui a democracia ideal. Na nossa administração pública, é a perspectiva de que um serviço responsável se manifesta pelo cumprimento de regulamentações burocráticas adequadamente estanques. Todas estas atitudes são as atitudes de bárbaros.
Os fenómenos quânticos ensinaram-nos que, sem o realismo ingénuo, o conhecimento é possível. Ensinaram-nos que, sem o animismo ingénuo, a aceitação da objectividade como única fonte de conhecimento e de uma vida com valores é possível. Existem princípios que são válidos mesmo quando não podem ser verificados. A descoberta dos fenómenos quânticos estabeleceu um novo pacto – entre a mente humana e o substrato de aparência mental do universo – um pacto que volta a proporcionar um lar aos desabrigados e a conferir significado à vida sem significado. Se a vida humana é ou não separada do cérebro, como Sherrington e Eccles pensavam, não sei. Mas não duvido que é humana apenas em algumas partes, e noutras partilha esse substrato de aparência mental do universo. Agora é possível acreditar que a mente é a concretização da potentia universal, uma manifestação da essência do universo, seja qual for o nome que demos a essa essência. Por conseguinte, uma vida boa, em termos éticos, está em harmonia com a natureza da realidade física.”
(In, “Em Busca da Realidade Divina”, de LOTHAR SCHÃFER, Edições ÉSQUILO, págs. 154 e 155)
Os fenómenos quânticos ensinaram-nos que, sem o realismo ingénuo, o conhecimento é possível. Ensinaram-nos que, sem o animismo ingénuo, a aceitação da objectividade como única fonte de conhecimento e de uma vida com valores é possível. Existem princípios que são válidos mesmo quando não podem ser verificados. A descoberta dos fenómenos quânticos estabeleceu um novo pacto – entre a mente humana e o substrato de aparência mental do universo – um pacto que volta a proporcionar um lar aos desabrigados e a conferir significado à vida sem significado. Se a vida humana é ou não separada do cérebro, como Sherrington e Eccles pensavam, não sei. Mas não duvido que é humana apenas em algumas partes, e noutras partilha esse substrato de aparência mental do universo. Agora é possível acreditar que a mente é a concretização da potentia universal, uma manifestação da essência do universo, seja qual for o nome que demos a essa essência. Por conseguinte, uma vida boa, em termos éticos, está em harmonia com a natureza da realidade física.”
(In, “Em Busca da Realidade Divina”, de LOTHAR SCHÃFER, Edições ÉSQUILO, págs. 154 e 155)
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