ESPÍRITO…
«USA-SE com tanta frequência a expressão “espírito” sem que aquele que sobre isso fale esteja consciente do que realmente seja espírito. Um denomina espírito, sem mais nem menos, a vida interior do ser humano, outro confunde alma e espírito, muitas vezes se fala também em seres humanos dotados de espírito, pensando aí em nada mais do que em simples trabalho cerebral. Fala-se de relâmpagos do espírito e de muita coisa mais. Mas ninguém se põe uma vez a esclarecer direito o que é espírito.
«O mais elevado que até agora se compreende jaz na expressão: «Deus é espírito»! Disso, pois, tudo se deduz. Tentou-se, através dessa afirmação, poder compreender também o próprio Deus, e nisso encontrar um esclarecimento sobre Ele.
«Justamente isso, porém, teve de desviar novamente a realidade, acarretando assim também erros, pois é “errado” dizer simplesmente: Deus é espírito.
«Deus é “divino” e não espiritual. Nisso já consiste a explicação. Não se deve nunca designar espírito o que é divino. Somente o espiritual é espírito. Esse erro, até agora existente em tal concepção, é explicável pelo facto de o ser humano provir do espiritual, não conseguindo por isso raciocinar além do espiritual, sendo consequentemente todo o espiritual o mais elevado para ele.
«É, pois, admissível que ele queira ver o mais límpido e o mais perfeito disso como origem de toda a Criação, portanto, como Deus. Assim, pode-se supor que essa conceituação errada não se originou apenas da necessidade de imaginar seu Deus segundo a própria espécie, conquanto perfeito em todo os sentidos, a fim de se sentir mais intimamente ligado a Ele, mas a razão se encontra principalmente na incapacidade de compreender a verdadeira excelsitude de Deus.
«”Deus é divino, Sua vontade” é espírito. E dessa vontade viva originou-se o ambiente espiritual que lhe está mais próximo, o Paraíso com seus habitantes. Desse Paraíso, porém, adveio a criatura humana como semente espiritual, a fim de prosseguir seu percurso pela Criação ulterior. O ser humano é, portanto, portador do “espírito” no conjunto da Criação material. Por esse motivo, também, se encontra atado, em suas ações, à pura vontade primordial de Deus, tendo de assumir toda a responsabilidade, se deixar que ela, devido a influências externas da matéria, fique coberta de impurezas e, sob certas circunstâncias, soterrada temporariamente de modo total.
«É o tesouro ou o talento que em sua mão devia dar juros e mais juros. Da falsa acepção de que o próprio Deus seja espírito, portanto, de idêntica espécie como a da origem do próprio ser humano, decorre nitidamente que o ser humano jamais pôde fazer uma ideia exata da divindade. Ele deve não apenas imaginar nisso o mais perfeito de si próprio, mas terá de ir muito além, até aquela espécie que sempre lhe permanecerá incompreensível, porque para a compreensão dela jamais estará apto por sua própria espécie espiritual.
«O espírito é, por conseguinte, a “vontade” de Deus, o elixir de vida de toda a Criação, que dele precisa de estar impregnada a fim de se manter. O ser humano é o portador parcial desse espírito, que deve cooperar, ao tornar-se autoconsciente, para o “soerguimento” e o desenvolvimento progressivo de toda a Criação. Para isso é necessário, contudo, que aprenda a se servir direito das energias da natureza e as utilize para o progresso conjunto.
«O que aqui é dito deve constituir apenas uma indicação provisória, à qual mais tarde se seguirão ainda dissertações exatas, onde a diferentes espécies de espíritos serão descritas com nítidas delimitações.»
(In “NA LUZ DA VERDADE – MENSAGEM DO GRAAL”, de Abdruschin, Ordem do Graal na Terra, volume 2, págs. 246 e 247)
Benavente, 11.05.2025
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Victor Rosa de Freitas -
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