ATENÇÃO ÀS DOENÇAS IATROGÉNICAS…
«Dave Hamilton, um químico orgânico que trabalhou anteriormente na indústria farmacêutica, explicou-me como são feitos os medicamentos. Os cientistas das empresas farmacêuticas retiram uma planta da natureza e conseguem extrair cem componentes diferentes dessa planta. Descobrem que um, dois ou três desses componentes ou substâncias funcionam realmente como anti-inflamatório, por exemplo. Depois, o químico orgânico agarra nessa substância e, partindo do princípio de que a geometria se mantém a mesma, testa-a com diferentes variações até encontrar uma variação que seja cem vezes mais potente do que o composto original. É isso que acaba por ser patenteado e transformado em medicamento.
«David explicou que, na natureza os cem componentes diferentes na planta têm uma aplicação. Um ou dois são benéficos e os outros mitigam os danos colaterais com as relações matemáticas perfeitas que se encontram no mundo natural. A natureza concebeu-os dessa forma para evitar efeitos secundários. Mas isso nem sempre aconteceu na versão química ou sintética que passa a ser um comprimido. Os efeitos secundários são comuns e perigosos, especialmente quando combinados com outros comprimidos. Além disso, os efeitos secundários podem provocar mais estragos no corpo do que o problema original que o medicamento devia tratar.
«A desilusão de David com o seu papel na criação de medicamentos levou à sua saída da indústria. «Comecei como jovem cientista porque queria arranjar uma cura para o cancro. A verdade é que a maioria dos meus amigos e colegas na indústria farmacêutica, todos cientistas, também queriam salvar vidas», disse-me ele. «É só quando vamos subindo na hierarquia da empresa que os objetivos começam a mudar.»
«Este livro é sobre consciencialização, não sobre julgamentos. Mas acho que é extremamente importante saber que a indústria farmacêutica é um negócio em busca de lucro, e quanto mais pessoas estiverem bem de saúde, menos lucro ela tem. Também é importante saber que onde existem enormes quantias de dinheiro, pode haver falta de transparência para proteger esses mesmos lucros. Isto reflete-se no facto de estudos desfavoráveis nunca chegarem a ser publicados.
«Dito isto, nem todos os medicamentos são maus! Somos afortunados por ter acesso a alguns medicamentos e tecnologias de diagnóstico incríveis. Em situações graves como infeções, doenças em estado avançado ou ferimentos que põem em causa a vida, a medicação para a dor e determinados medicamentos podem evitar as normais perdas de sangue e salvar vidas. Numa situação de emergência, alguns medicamentos e intervenções cirúrgicas podem deixar-nos estáveis, podendo ajudar o corpo a curar-se naturalmente sozinho.
«Mas a maioria das doenças crónicas, devido aos múltiplos efeitos secundários prejudiciais, os produtos farmacêuticos podem ser mais danosos e requerer a utilização de outros medicamentos para contrariar esses efeitos. E, por fim, pense nisto: segundo um estudo de Johns Hopkins, a doença iatrogénica – definida como uma doença ou ferimento atribuído a um cuidador de saúde ou a um tratamento médico – é a terceira causa de morte nos Estados Unidos, a seguir ao cancro e à doença cardíaca. De forma a termos instrumentalidade, recuperarmos o poder e tomarmos as melhores e mais informadas decisões, devemos estar cientes do cenário completo.»
(In “CURA – O PODER DA MENTE”, de Kelly Noonan Gores, lua de papel, págs. 123 a 125)
- Victor Rosa de Freitas –
Benavente, 21.02.2020
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