domingo, março 24, 2019

O SISTEMA E AS LEIS…

« - Pensava mesmo que queríamos que essas leis fossem cumpridas? – Indagou o Dr. Ferris. – “Queremos” que sejam infringidas. É melhor perceber desde já que não somos escoteiros, não vivemos numa época de gestos nobres. Procuramos poder e vamos direito a ele. Vocês jogam a brincar, mas nós conhecemos os verdadeiros truques, e é melhor aprender. Não há forma de governar pessoas honestas, porque o único poder que qualquer governo tem é o de reprimir os criminosos. Bem, então, se não temos criminosos suficientes, a solução é criá-los. E fazer leis que proíbem tanta coisa que se torna impossível viver sem violar alguma. Quem vai querer um país cheio de cidadãos que respeitam as leis? De que serve isso? Mas basta criar leis que ninguém consegue respeitar, que são impossíveis de cumprir, e pronto! Temos um país cheio de transgressores, e a seguir é só cair em cima deles. O sistema é este, senhor Rearden, são estas as regras do jogo. E, assim que as aprender, vai ser muito mais fácil lidar consigo.
«Rearden viu no seu interlocutor a súbita contração da ansiedade, o olhar que precede o pânico, como se de repente caísse do baralho uma carta sem marca que ele nunca vira antes.
«Pelo seu lado, Ferris via em Rearden essa expressão de serenidade luminosa resultante da súbita solução de um velho problema obscuro, um ar ao mesmo tempo de descontração e entusiasmo. Havia nos olhos de Rearden uma clareza juvenil e um leve trejeito de desdém nos seus lábios. Fosse qual fosse o significado dessa expressão – e o Dr. Ferris era incapaz de decifrá-lo -, uma coisa era certa: não havia naquele rosto o menor sinal de culpa.»
(In “A REVOLTA DE ATLAS”, 2º volume, de Ayn Rand, MARCADOR, pág. 112)
- «AYN RAND (1905-1982), pseudónimo de Alisa Rosenbaum, nasceu em Sampetersburgo, na Rússia, e emigrou com a sua família para os Estados Unidos em 1926, nunca mais regressando à pátria. O seu romance “The Fountainhead”, publicado em 1943, tornou-se de imediato um “bestseller”. Escrevendo também para cinema, Rand mudou-se para Nova Iorque, em 1951, e publicou a “Revolta de Atlas” seis anos mais tarde. Os seus romances consagraram o que se chama hoje Objetivismo, a filosofia que defende o capitalismo e a prevalência do indivíduo.» - Na BADANA direita do livro.
- Victor Rosa de Freitas –

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