terça-feira, março 12, 2019

A ESPERANÇA…

«A mitologia grega conta-nos a história de Pandora, uma princesa tão bela que os deuses, ciumentos da sua beleza, lhe ofereceram de presente uma caixa, recomendando-lhe que nunca a abrisse. Mas certo dia, dominada pela curiosidade e a tentação, Pandora entreabriu a tampa para espreitar lá para dentro, largando à solta no mundo todos os grandes males – a doença, a maldade, a loucura. Mas um deus mais compassivo deixou-a fechar a caixa a tempo de capturar o único antídoto que torna suportáveis as desgraças da vida: a esperança.
«A esperança que, conforme os modernos investigadores estão a descobrir, faz mais do que proporcionar um pouco de consolo no meio das aflições; desempenha um papel surpreendentemente importante na vida, oferecendo uma vantagem em domínios tão diversos como o desempenho escolar e suportar um trabalho difícil. A esperança, num sentido técnico, é mais que a visão risonha de que tudo acabará por resolver-se da melhor maneira. Snyder define-a mais especificamente como «acreditar que temos a vontade e os meios de atingir os nossos objetivos, sejam eles quais forem».
«As pessoas tendem a diferir no grau em que têm esperança, neste sentido. Algumas veem-se tipicamente a si mesmas como capazes de sair de qualquer sarilho ou encontrar maneira de resolver qualquer problema, enquanto outras pura e simplesmente não se imaginam como tendo a energia, a habilidade e os meios para atingir os seus objetivos. As pessoas com um elevado nível de esperança, concluiu Snyder, compartilham certas características, entre elas o serem capazes de se motivarem a si mesmas, sentirem-se com capacidades suficientes para atingir os seus fins, dizendo a si mesmas, quando num aperto, que as coisas hão de melhorar, sendo suficientemente flexíveis para encontrar maneiras diferentes de atingir os seus objetivos ou até para mudar de objetivo se um se revela impossível, e tendo o bom senso de decompor as tarefas excessivamente grandes em partes mais pequenas e mais facilmente tratáveis.
«Da perspetiva da inteligência emocional, ter esperança significa que a pessoa não se deixará dominar pela ansiedade, por uma atitude derrotista ou pela depressão face a um desafio difícil ou a um contratempo. Efetivamente, as pessoas que têm esperança mostram-se menos sujeitas à depressão que outras enquanto manobram através da vida em perseguição dos seus objetivos, são de um modo geral menos ansiosas e têm menos perturbações emocionais.»
(In “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL”, de Daniel Goleman, Temas e Debates-Círculo de Leitores, pág. 100)

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