sexta-feira, março 02, 2018

HUMINT – A «inteligência» humana…


«A «inteligência» humana – HUMINT – tem estado entre nós desde o início. Os espiões são o cerne dos serviços de informação desde tempos imemoriais. Ao passo que a recolha de dados através da interceção de sinais de comunicação existe há pouco mais de um século; a obtenção de informação através de imagens aéreas há apenas cem anos; e os serviços de deteção eletrónicos há cerca de sete décadas, a «inteligência» humana – espiões e a espionagem – representa a mais antiga forma de aquisição de informações – assim como a mais numerosa. Da Suméria às primeiras páginas dos jornais do dia de amanhã, da guerra total ao roubo de segredos comerciais, existirão sempre espiões. Espiar representa confiar e trair, esperança e medo, amor e ódio. Espiar para recolher informações acerca do «outro» é algo eterno, desde sempre centrado em pessoas e personalidades. Por esse motivo, temos, entre outras, a espionagem familiar, a espionagem financeira e espionagem entre nações.

«Aquilo que um espião faz consiste, acima de tudo, em identificar “intenções” de um modo que métodos mecânicos dos serviços de informação frequentemente não conseguem fazer, dado que saber quais são os intentos do outro acaba por ser vital. Os serviços de informação foram sempre mais do que uma mera «contagem de feijões»: quantos tanques? Quantos terroristas? Um requisito fundamental, uma vez identificadas as capacidades de um adversário consistirá em saber «o que é que ele pretende fazer». Este requisito básico da «inteligência» nunca está fora de moda, pelo que um espião com capacidade de obtenção de dados, e que tenha sido recrutado por quaisquer meios, terá sempre a sua quota-parte no desempenho do fornecimento da resposta. Operacionais dispersos pelo mundo, até enquanto estas linha são lidas, tentam diariamente persuadir indivíduos com meios de acesso a informação para que se tornem traidores, usando para tal métodos tão velhos quanto o tempo para os encorajar ou coagir a fazê-lo.

«A «inteligência» humana é um campo muito vasto. É muito mais do que apenas espiões e fantasias de James Bond. Para começar, há muitas formas de HUMINT: desde interpelar desertores e refugiados até interrogar prisioneiros de guerra, passando por agentes em ação atrás das linhas inimigas e por requintadas e discretas trocas no tocante à política diplomática em festas e “cocktails”. Como o próprio nome indica, HUMINT significa lidar com a mais traiçoeira, falível e não confiável fonte de informação de todas: os seres humanos.»

(In “A HISTÓRIA DA ESPIONAGEM E O MUNDO DOS SERVIÇOS SECRETOS E DE INFORMAÇÃO”, de John Hughes-Wilson, Marcador, págs. 89 e 90)
on-line
Support independent publishing: buy this book on Lulu.