OS SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO NA IGREJA CATÓLICA…
«Na Igreja Católica, os serviços
de informação assentavam em quatro pilares fundamentais: o poder confessional;
o monopólio da literacia e do ensino; boas comunicações; a Inquisição. Os
terrores do Inferno e os poderes dos sacerdotes forçavam à obediência, e, mais
importante ainda, através do sacramento da penitência (confissão dos pecados),
encorajavam o fornecimento de informação oportuna acerca das intenções
temporais dos homens que podiam ser usadas em benefício da Santa Madre Igreja.
«O sacramento da confissão e
penitência baseava-se na simples teoria de que pecar – com exceção do pecado
mortal – podia ser perdoado se fosse confessado a um sacerdote ordenado. Isto
acabava por ser uma ferramenta deveras útil, tanto para recolha de informações
como para controlo social. Um confessor ouvia tudo e perdoava muito. Este
maravilhoso instrumento para se obter informação estava infiltrado na Igreja
desde o topo desta até às suas bases. A mantê-lo estava o risco da danação, e
assim, fosse por fé ou por superstição, milhões de pessoas, de camponeses a
príncipes, confiavam os seus mais íntimos segredos aos padres católicos um
pouco por toda a Europa. A confissão tornou-se num simples mas fabuloso sistema
de recolha de informação.
«Os padres deveriam manter em
segredo as revelações feitas no confessionário, mas o sistema tinha uma falha
inerente: os próprios padres tinham de se confessar. Assim , o conhecimento dos
pecados atravessava toda a hierarquia da Igreja até chegar a Roma. Isto não
deveria suceder, mas seria uma ingenuidade pretender que tal não acontecia.
Além disso, não se pode ignorar que, ante a própria natureza humana e a forma
como as organizações hierárquicas funcionam, os confessores bajulavam os
superiores, avisando-os de problemas iminentes ou de ideias heréticas.»
(In A HISTÓRIA DA ESPIONAGEM E O
MUNDO DOS SERVIÇOS SECRETOS E DE INFORMAÇÃO”, de John Hughes-Wilson, Marcador,
pág. 30)
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