sexta-feira, abril 29, 2016

OS ERUDITOS...


«"Quando se dão ares de sábios, então arrepiam-me as suas sentenças e verdades mesquinhas. Há, muitas vezes, na sua sabedoria um cheiro como se ela viesse de um pântano (...)
«Hábeis, são eles, têm dedos inteligentes. Que vale a minha simplicidade, comparada com a sua complexidade? Os seus dedos entendem de tudo quanto seja fiar, atar e tecer; por conseguinte fazem eles a meias do espírito! (...)
«Vigiam-se bem uns aos outros e não têm muita confiança mútua. Inventivos em pequenas astúcias, estão à espera daqueles cujo saber caminha com pés coxos: esperam como as aranhas. (...)
«Sabem igualmente jogar com os dados viciados, e vi-os jogar com tal fervor, que até suavam.
«Somos uns estranhos uns para os outros, e as suas virtudes são ainda mais contrárias ao meu gosto do que as suas falsidades e os seus dados viciados.
«E quando vivi junto deles, vivi por cima deles. Por isso me criaram aversão.
«Não querem admitir que alguém ande por cima das suas cabeças; e, por conseguinte, colocaram madeira, terra e lixo entre mim e as suas cabeças.
«Assim abafaram o ruído dos meus passos: e, até hoje, é pelos mais eruditos que eu tenho sido menos escutado. (...)
«Mas, não obstante, eu caminho com os meus pensamentos acima das suas cabeças; e, mesmo que quisesse andar por cima dos meus próprios erros, ainda estaria acima deles e das suas cabeças.
«Pois os homens não são iguais: assim reza a justiça. E aquilo que eu quero não têm eles o direito de querer!
«Assim falava Zaratustra."»
(In "PAIXÃO PELA VIDA - Reflexões sobre ASSIM FALAVA ZARATUSTRA de Friedrich Nietzsche", de OSHO, 4ESTAÇÕES EDITORA, págs. 108 e 109)
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