sexta-feira, abril 01, 2016

A EFICÁCIA DA PRECE...

«Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis, e vos será concedido.» (Marcos, 11:24.)
«Há pessoas que contestam a eficácia da prece, baseando-se no princípio de que, sendo Deus conhecedor de todas as nossas necessidades, é inútil expô-las a ele. Acrescentam ainda nossas súplicas não podem mudar os desígnios de Deus, porquanto tudo no Universo se encadeia por leis eternas.

«Há leis naturais e imutáveis que, sem dúvida alguma, Deus não pode anular segundo o capricho de cada um, mas daí a crer que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, a distância é muito grande. Se assim fosse, o homem seria apenas um instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe restaria curvar a cabeça sob a ação dos acontecimentos, sem procurar evitá-los, e não deveria procurar esquivar-se dos perigos. Deus não lhe deu a razão e a inteligência para que não se servisse delas, a vontade para não querer, a atividade para ficar inativo. Sendo o homem livre para agir em todos os sentidos, seus atos têm, para si e para os outros, consequências subordinadas ao que ele fez ou deixou de fazer. Por conseguinte, por sua iniciativa, há acontecimentos que, forçosamente, escapam à fatalidade, e que não destroem a harmonia das leis universais, da mesma forma que o avanço ou o atraso dos ponteiros de um relógio não destrói a lei do movimento, sobre a qual está estabelecido o seu mecanismo. Deus pode, portanto, concordar com certos pedidos, sem anular a imutabilidade das leis que regem o conjunto, ficando o atendimento desses pedidos sempre subordinado à sua vontade.
«Seria ilógico concluir que estas palavras: "Seja o que for que peçais pela prece, vos será concedido", que é suficiente pedir para obter, assim como seria injusto acusar a Providência se ela não atende a todo pedido que lhe é feito, porquanto ele sabe melhor do que nós o que é para o nosso bem. É assim que procede um pai sensato, que recusa ao seu filho as coisas que seriam contrárias ao seu interesse. O homem, geralmente, vê apenas o presente; ora, se o sofrimento é útil à sua felicidade futura, Deus deixará que ele sofra, como o cirurgião deixa o doente sofrer com uma operação que lhe vai proporcionar a cura.
«O que Deus lhe concederá, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência e a resignação. E o que ainda lhe concederá são os meios de sair das dificuldades, com a ajuda das ideias que ele fará os bons espíritos lhe sugerirem, de maneira que o mérito da ação ficará para o homem. Deus assiste os que se ajudam a si mesmos, de acordo com estas palavras: "Ajuda-te, e o céu te ajudará", e não aqueles que esperam tudo de um socorro alheio, sem fazer uso das suas próprias faculdades. Na maioria das vezes, porém, o homem prefere ser socorrido por um milagre, sem fazer o menor esforço.»

(In "O Evangelho Segundo O espiritismo", de Allan Kardec, Editora Verdade e Luz, págs. 454 e 455)


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