domingo, fevereiro 17, 2019

POR QUE É QUE A “JUSTIÇA” NÃO RECONHECE A CONDENAÇÃO INJUSTA DE UM INOCENTE?...

«A negação raramente suscita simpatia, sobretudo em círculos científicos. Os cientistas encaram a negação, justificadamente, como contrária ao espírito de investigação, em que as velhas teorias têm de dar lugar às novas sempre que os resultados experimentais assim o exijam. Contudo, a investigação continua a ser uma atividade humana e já o próprio Sigmund Freud havia postulado que os seres humanos desenvolveram a negação como um dos seus mecanismos de defesa contra traumas ou realidades externas que ameaçam o ego. Todos sabemos, por exemplo, que a negação é o primeiro dos cinco estádios reconhecidos da dor. O que é porventura menos conhecido é que a experiência de estar errado numa atividade importante constitui um trauma desse tipo. O sistema judicial oferece inúmeros exemplos de que é de facto assim. Num bom número de casos, tanto as vítimas de crimes violentos como os advogados de acusação nesses processos se recusaram em absoluto a acreditar que a pessoa considerada inicialmente culpada era na realidade inocente, mesmo depois das provas de ADN ou novos testemunhos exonerarem essa pessoa de forma conclusiva. A negação proporciona ao espírito atormentado uma forma de evitar reabrir experiências julgadas definitivamente ultrapassadas. É certo que errar em termos de uma teoria científica não tem comparação com a condenação injusta de um inocente, mas a experiência é, ainda assim, traumática (…).»
(In “Erros Geniais”, de Mario Livio, MARCADOR, pág. 227)

COMENTÁRIO MEU:
Por ser assim – porque a “justiça” não reconhece a condenação injusta de um inocente, sob pena de ficar traumatizada – é que defendo que deve haver uma qualquer instituição, EXTERNA a ela, que a controle e às suas decisões.
- Victor Rosa de Freitas –


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