AS NOSSAS ARMADURAS…
«A alma humana encontra-se aprisionada numa armadura, construída por uma série de máscaras que criamos para sustentar a falsa imagem que temos de nós mesmos. Passamos tantas vidas dentro dessas camadas de proteção que acabamos por nos acostumar, a ponto de acreditarmos que somos essa armadura, essas máscaras. É a auto-imagem idealizada: uma armadura criada ao longo da vida e que passamos a acreditar ser a nossa identidade, ser nós mesmos.
«Mais cedo ou mais tarde, essa armadura acaba por ser desafiada pela realidade. Quando a vida começa a mostrar-lhe que alguma coisa está errada, quando as repetições negativas e destrutivas da sua vida não se encaixam com a imagem que você criou, quando o enredo que montou para si mesmo começa a destoar do rumo que a realidade toma, a armadura começa a fraquejar. Muitas vezes a nossa reação natural é tentar manter as defesas no lugar. Chamamos a essa atitude sofrimento. Feliz ou infelizmente, é assim que muitos entram no caminho do autoconhecimento.
«A falsa imagem só começa a cair quando se consegue atravessar a prova iniciática de ficar consigo mesmo e de se observar ao espelho, o que nem sempre acontece de forma voluntária. Aliás, o contrário é mais comum: você é confrontado consigo próprio contra a sua vontade, pois preferia ficar protegido sob a capa da ilusão. O facto é que, a partir desse ponto, abrem-se fendas na armadura e começam a cair lágrimas.
«Se tiver sorte, se a vida lhe der um desafio suficientemente grande, após algum tempo de resistência irá finalmente começar a render-se e a aceitar que não é quem pensava ser, nem o mundo é como você acredita ser. Então, como efeito colateral, raios de amor começam a iluminar a sua vida. É o início da transformação. Começa a acontecer um milagre. É o milagre da mudança da sua visão, que antes estava focada na escassez (o que causava somente reclamações, revolta e sofrimento) e agora se concentra naquilo que você tem em abundância: os presentes que já recebe da vida e os talentos e dons que trouxe para dar ao mundo. É nesse ponto que se começa a agradecer.»
(In “TRANSFORMAR O SOFRIMENTO EM ALEGRIA”, de Sri Prem Baba, Pergaminho, págs. 75 e 76)
Benavente, 08.04.2025
-
Victor Rosa de Freitas -
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home