quinta-feira, setembro 25, 2025

DIFICULDADE EM PROVAR…

 «Hoje é a vez de um diretor apresentar o jornal numa rubrica a que chamam «expresso curto». Pergunta ele, num bravo esforço reflexivo a propósito da operação marquês, se a culpa não irá morrer solteira, dada a “dificuldade em provar a corrupção”. Eis, em boa síntese, todo o pensamento daquele conjunto de pessoas – a nenhuma delas ocorre a inocência, mas a “dificuldade em provar”. Visto do seu prisma, a função do tribunal não é decidir se houve culpa, ou crime, ou responsabilidade, isso já foi feito por nós, pelos jornais, e em particular, pelo “Expresso”. A função do juiz é apenas fixar a pena para a culpa que o nosso jornal já declarou existir. O jornalista diz-se diretor de arte.

«Mas deixemos de lado o jornalista, que não tem nenhum interesse. Vejamos o argumento. A justificação da “dificuldade em provar” é um ardil lógico tão básico quanto admirável pelo efeito que é capaz de produzir nos espíritos simples. Ele consiste na ideia de que, nos processos judiciais que envolvem alegações de corrupção, o insucesso em julgamento nunca será consequência de ausência de culpa ou de crime, mas da dificuldade em provar. Se o Ministério Público acusa alguém de corrupção e o visado for ilibado em tribunal nunca a razão será a inocência, mas a dificuldade da prova, a boa sorte do arguido, o pormenor de tecnicalidade legal que infelizmente não foi possível cumprir. Tudo menos a inocência. No fundo, o artifício transporta consigo a perfídia de acabar de vez com a incerteza do julgamento. Qualquer que seja a decisão, o acusado será sempre culpado: culpado se condenado e culpado se inocentado. Neste último caso, a inocência resulta da chamada “dificuldade em provar”. Eis a beleza da coisa – o argumento responde a qualquer cenário.»

(In “TODOS CONTRA UM”, de José Sócrates, Âncora Editora, págs. 21 e 22)

BREVE COMENTÁRIO MEU:

Trata-se de um pequeno texto, mas brilhante, escrito por um Homem brilhante – José Sócrates. Um homem perseguido ilegal e implacavelmente pela “justiça” e pelos OCS há longos anos e que “trabalham” juntos para “convencer” o povo de que José Sócrates é “corrupto”, antes de qualquer julgamento em tribunal.

Que podridão!  «Hoje é a vez de um diretor apresentar o jornal numa rubrica a que chamam «expresso curto». Pergunta ele, num bravo esforço reflexivo a propósito da operação marquês, se a culpa não irá morrer solteira, dada a “dificuldade em provar a corrupção”. Eis, em boa síntese, todo o pensamento daquele conjunto de pessoas – a nenhuma delas ocorre a inocência, mas a “dificuldade em provar”. Visto do seu prisma, a função do tribunal não é decidir se houve culpa, ou crime, ou responsabilidade, isso já foi feito por nós, pelos jornais, e em particular, pelo “Expresso”. A função do juiz é apenas fixar a pena para a culpa que o nosso jornal já declarou existir. O jornalista diz-se diretor de arte.

«Mas deixemos de lado o jornalista, que não tem nenhum interesse. Vejamos o argumento. A justificação da “dificuldade em provar” é um ardil lógico tão básico quanto admirável pelo efeito que é capaz de produzir nos espíritos simples. Ele consiste na ideia de que, nos processos judiciais que envolvem alegações de corrupção, o insucesso em julgamento nunca será consequência de ausência de culpa ou de crime, mas da dificuldade em provar. Se o Ministério Público acusa alguém de corrupção e o visado for ilibado em tribunal nunca a razão será a inocência, mas a dificuldade da prova, a boa sorte do arguido, o pormenor de tecnicalidade legal que infelizmente não foi possível cumprir. Tudo menos a inocência. No fundo, o artifício transporta consigo a perfídia de acabar de vez com a incerteza do julgamento. Qualquer que seja a decisão, o acusado será sempre culpado: culpado se condenado e culpado se inocentado. Neste último caso, a inocência resulta da chamada “dificuldade em provar”. Eis a beleza da coisa – o argumento responde a qualquer cenário.»

(In “TODOS CONTRA UM”, de José Sócrates, Âncora Editora, págs. 21 e 22)

BREVE COMENTÁRIO MEU:

Trata-se de um pequeno texto, mas brilhante, escrito por um Homem brilhante – José Sócrates. Um hom

Disse!

Benavente, 25.09.2025

- Victor Rosa de Freitas -



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