A OVELHA NEGRA...
«Por esta altura da vida certamente já terás percebido que a sociedade é, em si, uma elaborada conspiração para fazer de ti uma ovelha. O sistema em que vives pretende desempoderar-te enquanto indivíduo, de maneira que te submetas dócil e voluntariamente à ordem social estabelecida. Ou seja, à forma convencional e padronizada que rege o pensamento, ações e vida da maioria. Visto que a neurose egoica não para de crescer por toda a parte, tu és vítima – sem que o saibas – da tirania do politicamente correto. És tu mesmo quem se autocensura, autolimita e autossabota inconscientemente para evitar dizer ou fazer qualquer coisa que possa ofender os teus pares. Se assim não fosse, arriscavas-te a ser o próximo a ser julgado por todos aqueles que dão forma ao teu ambiente social e familiar. Ou a ser publicamente linchado nas redes sociais.
«Neste contexto de fustigamento, repressão e normalização, ser autêntico tornou-se um ato revolucionário. E é precisamente isso que vais conseguir ser quando superares a tua adição à nicotina social. De súbito, o que as outras pessoas pensam de ti deixará de te importar ou condicionar. Conforme fores cultivando o teu lado mais solitário e introspetivo, irás começar a emancipar-te psicologicamente da sociedade e a libertar-te do sistema dentro do sistema. Conquistar a solitude não só te permite fugir às malhas do rebanho social, como também te permitirá ser, em última instância, aquilo que verdadeiramente és. Quando isso acontecer, o teu círculo de conhecidos não hesitará em rotular-te depreciativamente de «ovelha negra».
«Se é certo que aos olhos da maioria este termo tem uma conotação negativa, na verdade só pode ser visto como um elogio, uma vez que põe em evidência muitos dos teus atributos positivos. Para começar, ser ovelha negra implica superar a carneirice vigente, o que é sinal de muitíssima coragem e valentia. Em vez de caminhares na avenida larga em que circulam as ovelhas brancas, atreves-te a trilhar o teu próprio caminho. Não precisas que nenhum pastor te diga por onde deves ir, porque te tornaste o teu próprio guia e tomas as decisões informadas pela tua intuição. Além disso, assumes com responsabilidade e maturidade as consequências dos teus atos, cultivando um saudável espírito de autocrítica que te permite aprender com os erros.»
(In “A TUA MELHOR COMPANHIA ÉS TU”, de Borja Vilaseca, Pergaminho, págs. 136 e 137)
Benavente, 28.09.2025
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Victor Rosa de Freitas -
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